CAPÍTULO 16

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Abro os olhos em um sobressalto, chiando com o movimento brusco que acabo fazendo com o braço ao me levantar tão de repente

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Abro os olhos em um sobressalto, chiando com o movimento brusco que acabo fazendo com o braço ao me levantar tão de repente. Me sinto tonto por um instante, com a estranha sensação de ter caído no sono por um minuto e então acordado subitamente, como se despertando de um sonho – o que era totalmente compreensível, tendo em vista que eu me lembrava claramente de ter perguntado a Alison se ela gostava de mim e de ter ficado consciente tempo o bastante para ouvi-la me dar uma resposta. Não que eu botasse muita fé que ela tivesse realmente me respondido; o mais provável é que tenha simplesmente fingido não me ouvir, da mesma forma que havia fingido não ver a corrente prateada que me dera anos atrás pendurada em volta do meu pescoço – lugar do qual nunca havia saído desde a primeira vez em que havia sido colocada.

— Pelo menos no meu delírio a resposta era "sim" — murmurei comigo mesmo, fechando os olhos, antes de um aroma inconfundível de chocolate quente encher minhas narinas. O cheiro era tão forte que eu consegui sentir mesmo com o nariz entupido.

— Bem vinda de volta, Bela Adormecida — Alison disse, sentada ao meu lado, erguendo uma caneca quentinha na frente do meu rosto. Eu a aceitei de bom grado, a palma da minha mão sendo imediatamente aquecida pela superfície morna do recipiente. — Você parece menos pálido. Acho que sua febre cedeu.

— Por quanto tempo eu dormi? Não perdi o início do show, né? — perguntei, preocupado, tomando um gole de chocolate para molhar minha garganta seca. Delicioso, como sempre. — Por tudo o que é mais sagrado, não me diga que já acabou.

Ela encolheu os ombros, com uma expressão culpada.

— Terminou há mais de uma hora atrás.

O quê?! — engasguei, quase derramando minha bebida no lençol. Eu tossi, tentando me recuperar: — Como assim terminou há mais de uma hora e eu nem...

Alison gargalhou, tomando a caneca das minhas mãos e pousando-a na bandeja que havia sido deixada ao seu lado com um sorriso exultante.

— Brincadeirinha. Você acordou a exatos dez minutos antes de começar — disse, me olhando com olhos castanhos tomados de divertimento. O que tem de linda é o mesmo que tem de maldosa. — A cara que você fez foi hilária! Uma mistura de "agora eu vou me jogar da sacada" com "ai que vontade de chorar". Você precisava ver!

— Você... você é sádica — eu falei, contendo o meu próprio sorriso tanto quanto foi possível. O mínimo que eu podia fazer era tentar não incentivar um comportamento que perturbava as emoções alheias daquela maneira. — Essa pegadinha não é o tipo indicado para se fazer com uma pessoa que está tomando alguma coisa, sabia? Eu podia muito bem ter morrido engasgado.

— Morrido engasgado com chocolate quente, Zaden? — ela arqueou uma sobrancelha, toda sarcástica. — Faça-me o favor. Nem mesmo você seria tão idiota a esse ponto.

Estou abrindo a boca para lhe dar uma resposta a altura quando a tela do iPad em cima da minha escrivaninha se acende, e o toque inconfundível de uma chamada sendo recebida ecoa pelo cômodo inteiro. Rapidamente, Alison vai até o aparelho, encarando-o por um segundo antes de balançar a cabeça e entregá-lo para mim com um sorrisinho de lado no belo rosto moreno.

Suspiros de uma garota nem um pouco interessada em vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora