Não é um convite

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― O senhor está a caminho.

Foi uma longa espera até que um alfa entrou na sala. Contudo, não era um alfa qualquer, mas, sim, um lúpus, com tudo que sua classe determinava: uma postura altiva, olhar dominante e, obviamente, a opressão que sua presença causava.

― Park Jimin, que bom finalmente te conhecer.

― Senhor Kim — proferiu, temeroso.

― Me chame de Namjoon. — Sorriu, assustando ainda mais o ômega.

Jimin estava encolhido no sofá, tentando proteger a filha com o próprio corpo, embora soubesse que sua ação protetiva era inútil. Se o lúpus quisesse matá-lo, ele poderia facilmente fazê-lo.

― Eu sou o irmão mais velho do Jungkook. — Ele sentou-se no sofá em frente ao menor, e encarou-o, sério. — Sei que a garotinha é filha dele.

― Irmão do Jungkook — repetiu, tentando processar o que acabara de ouvir. — O que quer conosco?

― Somos uma família. E a família deve sempre ficar unida.

O ômega engoliu em seco. Havia procurado o Jeon para que ajudasse com o tratamento, não para que o alfa participasse da sua pequena família.

― Jungkook não quis saber da minha filha. — Juntou sua coragem e ergueu o olhar, encontrando as orbes escuras do lúpus. — Dessa forma, decidi que ele não precisa se envolver. Não precisa se preocupar, não vou fazer escândalo nem nada.

Namjoon aguardou que o menor continuasse, pacientemente. Um privilégio que poucos tinham.

― Eu não quero ser um problema para sua família, por isso estou indo embora da cidade — falou, colocando-se de pé. — Foi um erro procurar por ele, prometo que nunca vai se repetir e que não vão mais nos ver.

O Kim parecia satisfeito com sua explicação, Jimin pensou, aliviado. Afinal, uma família rica não queria um bastardo em sua árvore genealógica e, muito menos, na linhagem sucessória.

Jimin caminhou em direção à porta.

― Pode ficar tranquilo, senhor Kim. Sairemos das suas vistas, eu te garanto. — Fez uma reverência e virou-se para a porta.

― Jimin. — O timbre contundente na qual foi falado, fez o menor parar. Não por ser uma voz de comando, era algo diferente. Seu corpo todo pareceu vibrar, obrigando-se a ficar imóvel — Posso te chamar assim?

― Pode, senhor Kim. — Por um triz não gaguejou.

― Esclarecendo qualquer mal-entendido, Jimin, não o trouxe aqui para ameaçá-lo ou forçá-lo a sumir com sua filha — falou, calmo, e levantou-se, aproximando-se tranquilamente deles. Podia sentir o cheiro de medo vindo do ômega. — Como eu disse: a família deve ficar unida. A pequena Lis é parte da família e você é o seu omma.

As pequenas mãos do Park apertaram sua filha.

― Não se preocupe, ninguém aqui vai fazer mal a vocês. — O alfa analisou o semblante duvidoso do loiro. — Tem minha palavra Jimin, vocês são da família agora.

― O que quer dizer?

― Quero dizer que vão morar aqui, conosco.

― Eu não posso. — Pensou em algo para refutar, mas nada lhe veio à mente.

― Já mandei preparar seu quarto — Namjoon continuou a caminhar, abrindo a porta para o ômega passar —, se precisar de qualquer coisa, os empregados têm ordens para lhe servir. Agora, se me permitir, tenho uma reunião. Espero vê-lo no jantar.

― Espera, eu não disse que vou ficar.

― Eu não perguntei. — Ele sorriu, um sorriso frio que se limitava aos lábios enquanto os olhos permaneciam misteriosos.

Jimin ficou quieto, assistindo o mais velho se afastar e uma jovem beta se aproximar.

― Senhor Park, vou lhe mostrar seu quarto.

― Eu vou embora, como faço para sair daqui? — Não ficaria naquela casa com pessoas que nem sequer conhecia e, pior de tudo, que pareciam loucos. Sem falar que havia um lúpus, Jimin não ficaria sobre o mesmo teto que um lúpus.

― A porta principal é por aqui. — Ela mostrou o caminho e o ômega acompanhou.

Passaram por uma sala ampla, depois pelo hall e, finalmente, chegaram à porta dupla pela qual o loiro tinha entrado. Quando a garota abriu a porta, Jimin olhou para fora, ansioso. Era um lugar enorme e longe de qualquer coisa que conhecia.

― Onde posso pegar um ônibus ou táxi? Qualquer coisa.

― O motorista pode te levar. — Ela sorriu, nervosa. — Ele tem ordens de levar o senhor para onde quiser. Acompanhado dos seguranças, é claro.

O Park piscou, confuso, tentando entender aquela situação. No momento em que olhou ao redor, avistou o carro com um beta ao lado e dois outros brutamontes, que deveriam ser os seguranças.

― Quer conhecer seu quarto?

― Não, eu vou sair. — Desceu as escadas, com a moça na sua cola.

― O motorista te leva — ela disse, ansiosa. Porque sabia que se o ômega fosse embora, o senhor Kim não teria piedade dela.

O beta abriu a porta e aguardou o ômega, os dois grandões olhavam com interesse.

― Ok, vou com ele. — Não tinha escolha, afinal, não parecia que o deixariam sair andando e sozinho.

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