CAPÍTULO 1 - PRENÚNCIOS

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Helena levanta as sobrancelhas, coloca as mãos na cintura e bate de leve o pé direito. — Lize, apresse-se! — Ela chama impaciente — O que você está fazendo? Vamos nos atrasar, — Ela franziu a testa, era um sinal de que estava controlando sua ansiedade. — Esqueceu que hoje você vai para a academia?

Em um tom suave, Lize responde. — Mãe, já estou indo, estava arrumando minhas coisas. —Ela sorri.

Os olhos de Helena exibem um brilho diferente — Você sabe que seu pai está fora a serviço do conselho, por isso, não devemos nos atrasar, vamos buscá-lo no caminho. Apresse-se, tenho que me repetir?

— Eu sei mãe, desculpe, vamos logo então — Ela tenta esconder um sorriso pelo olhar bobo de sua mãe, ao falar de seu pai.

***

Nesse mesmo instante, ruídos de uma marcha podiam ser ouvida fora da cidade, os soldados designados a proteção dos portões, que se encontravam fora da cidade, foram brutalmente assassinados, por elementais fortes e deformados pelo excesso de magia, deixando a cidade sem aviso do perigo iminente.

Os soldados que deveriam estar atentos nas torres de vigia, estavam em pé conversando pelo espelho mágico e nem perceberam quando foram atingidos por flechas envenenadas, com sangue escorrendo pelos olhos e bocas, deixaram o espelho cair de suas mãos, e cambaleando tentaram se manter firmes e tocar o sino de alerta, mas não conseguiram e caíram um após o outro junto ao espelho.

Com os portões abertos, os elementais e magos invasores, entraram na cidade, um dos invasores ergueu uma barreira mágica para impedir que alguém percebesse o que estava acontecendo na cidade e logo foram percebidas pequenas explosões em toda a parte, um barulho alto que fez com que alguns cidadãos saíssem de suas casas correndo e fossem ao  centro da cidade.

Lize correu — Mãe, você está escutando? Que barulho foi esse?

Helena pegou o seu grimório, — Um livro de feitiços e magias, vermelho com entalhes dourados e uma chama amarela na capa — E se posicionou em frente a Lize — Pelo som... estamos sendo atacados, filha preste atenção no que vou lhe dizer, você deve ficar aqui, não saia, entendeu? Eu vou ver o que está acontecendo.

Lize sentou-se no sofá, dobrou as pernas e agarrou os joelhos, abaixou a cabeça e resmungou — Não quero ficar aqui sozinha!

— Se você sair dessa casa, eu mesma matarei você! Helena a ameaçou, fechou a porta e saiu correndo.

Lize ficou em casa mesmo querendo espionar o que estava acontecendo. A cidade de Djinn estava cercada por criaturas mágicas, que não deveriam estar nessa região. Liderados por metamorfos enegrecidos, começaram a invadir e a destruir a cidade, os magos que ali estavam, não eram tão fortes, pois os mais fortes estavam fora da cidade a serviço do conselho.

Helena, é uma maga poderosa, mas não forte o suficiente, ela começou a lutar com os animais mágicos e elementais que apareceram:

Um elemental da água, que estava com uma marca suspeita na cabeça, olhou para Helena e se aproximou — Até que você é forte para uma maga inferior.

— Cale-se elemental! — Ela lançou um feitiço de aprisionamento nele. — Hanagadra.

O elemental caiu no chão, ele não conseguia se mexer, mas isso não o impediu de falar, Helena se aproximou e o arrastou para uma rua sem invasores a vista, e o fez falar mesmo sem querer.

Indukzioa, sussurrou Helena. Apontando para o elemental da água.

— Não adianta tentar se esconder maga inferior, nós vamos destruir seu guardião! Falou o elemental.

— Então... é isso que querem atacando a cidade? Mas pra quê? Os guardiões não ficam nas cidades.

— Eles não precisam estar aqui, aos poucos vamos minar suas forças, continuou o elemental, droga! O que você fez? Não deveria falar tanto, — Ele arregalou os olhos, assustado.

Piscando o olho, Helena sussurrou — É um segredo da maga inferior. — Quem está no comando? Perguntou.

Antes que ele falasse, a marca na cabeça do elemental brilhou e explodiu sua cabeça, deixando para traz apenas o corpo.

Helena virou-se assustada, com respingos do sangue do elemental em seu rosto, procurou pela área, mas não viu ninguém, ela então levantou-se e seguiu correndo para o centro da cidade.

Não muito distante, a maioria dos magos presentes na cidade, estavam lutando o máximo que podiam para proteger as pessoas que corriam desesperadas pelas ruas de Djinn, muitos caiam, outros gritavam, ao se aproximar, Helena apressou-se para auxilia-los.

Durante a luta, Helena viu uma menina que parecia estar perdida em meio a bagunça que estava o centro da cidade, sem pensar duas vezes, ela correu e foi até a menina e perguntou:

— Onde está a sua família, garotinha? Ela não obteve resposta, tocou em seu ombro, virando-a devagar para perguntar novamente.

— Você está sozinha? — Finalmente a menina fez algum movimento, levantou a cabeça, seus cabelos estavam soltos e cobriam metade do seu rosto.

Com a voz chorosa, ela posicionou as mãos nos olhos. — Estou perdida.

Helena, lembrou-se de sua filha, que estava em casa e quis ajudar a criança que demonstrava ter 5 anos. — Qual é o seu nome? — Ela passou a mão na cabeça da menina. — Diminuindo o tom de voz para não assustar a criança ela fala seu nome — O meu é Helena.

Abaixando a cabeça, a menina responde — Lana, — E pergunta a Helena: — A senhora podia me levar para  casa? — A menina esfregava as mãos em seu pequeno vestido.

Helena pensou se poderia deixar esse lugar, neste momento, sua saída poderia custar vidas, visto que a cidade estava sendo invadida e tinham poucos magos combatentes, mas ela fez uma decisão, chamou um mago que estava próximo e perguntou:

— Ei, você! Diga-me seu nome e seu nível de combate.

O mago olhou para Helena e para a criança que estava ao seu lado. — Me chamo Erick, senhora e estou no nível 3.

Erick, já estava cansado e aparentemente ferido, Ele arfava enquanto falava, Helena designou-o para enviar os não combatentes para um lugar seguro.

— Leve os cidadãos que não conseguem lutar para longe daqui, apresse-se!

— Sim, senhora! — Ele saiu correndo para realizar sua missão o mais rápido possível.

Helena, ficou sozinha com Lana novamente e perguntou o endereço de sua casa.

— Onde fica sua casa, Lana?

— Naquela rua ali, — A menina apontou para a rua da prefeitura de Djinn.

Pegando na mão de Lana, Helena sorriu — Certo, eu vou te levar para casa.

Lana, assentiu com a cabeça, abaixando-a novamente, fazendo com que Helena perdesse a visão de seus lábios que formavam um sorriso macabro e silencioso.


NOTAS

Grimório: o livro que os magos usam para estudarem sobre magia.

Metamorfo: mago que pode transformar uma parte de seu corpo em qualquer animal de sua escolha.

MAGIAS

Hanagadra: magia de aprisionamento, o alvo dessa magia, não consegue se mexer.

Indukzioa: magia de indução, o alvo dessa magia é forçado a falar o que estiver escondendo. 

FAATH: Uma história elementalOnde histórias criam vida. Descubra agora