FAATH: Uma história elemental

CAPÍTULO 29 - SEMIFINAIS - PARTE II

Agarrando-se firmemente nas costas de Amon, Dylan usou sua magia para forjar um punhal de água.  — Sabatra rano, entoou.  — E levantando uma das mãos ele fincou o punhal no ombro direito de Amon e saltou de suas costas, caindo e rolando pelo chão, ele afastou-se e se levantou. Amon soltou um grito e levou a mão esquerda até seu ferimento.

Os alunos que assistiam a luta ficaram espantados, achando que Dylan deveria ser desqualificado pelo uso do punhal e começaram a chamar pela anfitriã.  — Ei, professora! Não está vendo isso?

Inclinando a cabeça, Mayim afirmou.  — Não houve infração as regras. — Parem de gritar!  — Ela levantou a mão e colocou o dedo em frente a boca.  — Prestem atenção à luta.  — Ela sorriu.

Dylan abriu um sorriso largo e satisfeito enquanto Amon cambaleou um pouco e parou ficando imóvel, seu corpo tremia e olhando para o sangue em sua mão, ele sentia o líquido quente que escorria por seu ombro, inclinou a cabeça para o lado e esboçou um sorriso torto, estava visivelmente abalado, eles mantiveram a distância um do outro, a arena encontrava-se em silêncio, que foi interrompido por um barulho. — VUUUUU. — Um uivo distante que se aproximava lentamente, de repente um forte vento atingiu toda a arena, levantando poeira e pedras pequenas que atingiam o rosto de Dylan que ergueu as mãos em frente ao rosto para se proteger.

Amon ria alto, exibindo olhos arregalados e fixos em sua mão, o vento ficava mais forte. — Você conseguiu me irritar. Eu deveria ter usado poder total naquela hora. — Ele ergueu as mãos. — Utilizando-se de pequenas pedras, ele forma uma criatura de ar. — Aire automata, entoou. — A criatura era alta, não tinha olhos ou boca, parecia um vórtice com pedras e cascalhos com pernas e braços.

Dylan deu alguns passos para trás, o vento parou. O autômato seguia as ordens de Amon e em poucos segundos aproximou-se do oponente e com força aplicou-lhe um golpe em seu estômago que o jogou fora da arena, ele caiu na arquibancada assustando os alunos que se afastaram rapidamente, ele tossia, abria a boca puxando o ar e sangue começou a escorrer pela lateral de sua boca, ele sentia uma dor que irradiava de sua barriga para as costas e devido a ela, perdeu os sentidos. Nesta hora, Mayim encerrou a luta.

— O mago Amon, venceu o duelo! — Teremos um pequeno intervalo, antes da próxima luta. Voltaremos em instantes. — Avisou, piscando o olho.

Os estudantes que estavam na arquibancada não se mexeram, eles sentiam o coração acelerado, as mãos suavam, nunca tinham presenciado um duelo assim antes, os amigos de Amon ficaram preocupados, mas não podiam deixar a sala em que estavam.

Dimitri desceu e aproximou-se de Amon que desmaiou por usar muita energia enquanto sangrava, ele o pegou nos braços e levou o jovem mago para ser cuidado pela equipe médica, enquanto Alev levava Dylan.

O diretor chamou Mayim e pediu que anunciasse a próxima luta, Aria já tinha reparado as arquibancadas e limpado a arena.

— Estão prontos para mais um duelo? — Ela falava batendo as mãos uma na outra e dando pequenos saltos na nuvem em que estava, sua empolgação contagiava os alunos.

Os jovens magos se animaram batendo palmas, assoviando e gritando. As aspirantes Nina e Misty entraram na arena acenando para os alunos que as assistiam.

Antes mesmo da anfitriã iniciar a luta das aspirantes, o chão da arena tremeu e rachou de um lado a outro, uma fenda surgiu. As magas que duelariam correram para as arquibancadas, um broto negro se ergueu pela fenda, nenhuma magia foi ouvida, ele foi crescendo e suas raízes foram se expandindo fazendo com que os alunos saíssem das arquibancadas, uma árvore gigante com tronco negro e folhas douradas apareceu diante de todos, os professores que estavam inertes, reagiram tirando os alunos de lá.

Mayim que flutuava sobre a nuvem foi arremessada por um galho e caiu na fenda, ela segurou-se na raiz e começou a escalar com dificuldade, não parecia, mas não era possível ver o seu fim, ao subir, ela sentiu um puxão em sua perna direita, então começou a sacudi-la, Ela  virou seu rosto para baixo tentando ver quem a segurava, mas nada podia ver, estava muito escuro e quanto mais ela se debatia mais escorregava e era puxada para baixo, ela inspirava rapidamente, galhos e pedras a arranhavam em seu esforço para subir.

A professora Itzala aproximou-se da fenda, ela sentia-se desconfortável diante da presença daquela árvore, mas antes de se preocupar, ela ajudou Mayim a sair do buraco.

— Voaloboka, entoou.

Um cipó materializou-se e foi se enroscando pelas raízes até chegar ao alvo enrolando-a pela cintura e a retirou de lá. Quando Mayim saiu, agarrado ao se pé, tinha um garoto com cabelos brancos bem cortados, mas desgrenhados e sujos, vestido com roupas velhas e rasgadas, ela sacudiu a perna violentamente e afastou-se do garoto que ergueu a cabeça olhando para as professoras estranhando o lugar, seus olhos castanho-escuros demonstravam dor, o menino estava pálido e tremia.

O diretor Enki que estava sentado apenas dando as ordens aos professores, ao ver o garoto, levantou-se e foi até a arena, ao chegar ele observa o menino que nada falava, ele trocou olhares com Itzala e ela aproximou-se do menino, enquanto ele ajudava Mayim a levantar.

— Como é que ele chegou aqui? Sussurrava, dando olhadas furtivas.

— Eu é que sei? Ele estava agarrado nas minhas pernas, quase vou me encontrar com o criador, a professora relembrou do momento, o frio que percorria o seu corpo fazendo os cabelos de sua cabeça se arrepiarem.  — É melhor avisar a eles, se é que já não sabem.   — Ela olhava para o menino, com as sobrancelhas franzidas.

Enki pediu que Itzala levasse o garoto para a enfermaria, depois ele via o que fazer com ele, agora, precisava fazer uma ligação para o conselho de Aether.

NOTA

Autômato: Ser com aparência humana ou de outros seres que reproduz seus movimentos por comando de seu criador.

MAGIA

Sabatra rano: punhal de água, com magia, o usuário cria um armamento inteiramente de água.

Aire automata: magia do ar, o usuário forma um ser autômato.

Voaloboka: magia que permite ao usuário, materializar um cipó.