CAPÍTULO 12 - CEMITÉRIO: PARTE FINAL

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Depois de divididos, os alunos do primeiro grupo começaram os encantamentos para a reanimação dos cadáveres. — Zulatu, entoaram em uníssono e a terra começou a abrir e ossos de vários tamanhos surgiram.

— Vejam, pessoal! Tem ossos humanos também, vamos fazer os contratos. — Os aspirantes gritavam felizes, esquecendo o medo que sentiam.

Cada um escolheu o seu cadáver e realizaram os contratos de acordo com o tempo que conseguiam mantê-lo. Itzala olhava atenta para os alunos, observando os espécimes escolhidos por eles.

— Esse é enorme! Deve ter sido forte como nenhum outro, disse o aluno a uma aspirante que escolheu um cadáver de um cervo verde adulto para controlar.

Max passava por perto e não deixou de opinar sem que lhe pedissem. — Se fosse tão forte não estaria morto. — Ele olhava-os com desdém.

— Enxerido, sussurrou os amigos sem olhar para Max.

Max deu de ombros sem se importar com o pequeno insulto e foi para o outro lado da clareira cemitério.

Enquanto os jovens magos se familiarizavam com seus ossos reanimados, um dos aspirantes se esgueirou para perto das árvores, pois notara uma marca familiar, de pronto se aproximou da árvore, encostou-se nela e cruzou os braços como se estivesse apenas observando os outros em suas atividades de treino.

— Tenho um trabalho para você, sussurrou alguém escondido atrás da árvore.

— Por que deveria ouvi-lo? Indagou.

— Porque você nos procurou e mostrou interesse em nossa organização, e para provar sua lealdade a Aloky, deve assumir uma missão, e a sua é atrapalhar essa aula de campo, causando o máximo de estrago possível, entendeu? — O mensageiro da Aloky entregou a missão e sumiu da mesma forma que apareceu, sem ser notado.

No meio da clareira, Monica encontra uma criança que ainda tinha carne em seus ossos, ela não estava totalmente decomposta, ela então decide reanimá-la, esse fato deixou a professora Itzala em alerta, pois, este cemitério deveria ter apenas cadáveres de animais e magos mortos, não crianças em decomposição.

— Vamos Cintia! — chamou Monica que estava sorridente segurando as "mãos" de uma criança cadáver que ela reanimou, como se fosse uma criança viva.

Cintia estava de cabeça baixa observando a grama seca. — Infelizmente estou no outro grupo. — Ela levanta a cabeça para olhar para a amiga. — De onde veio essa criança? — Ela arregala os olhos assustada, analisando as condições da criança que Monica segurava.

— Bem... Quando estava escavando para procurar um espécime para reanimar, vi um pouco dessa pequenina soterrada e decidi escolhê-la para a aula. — Até mais então. — Ela acena e volta para seu lado da clareira.

A professora permitiu que ela ficasse com a criança em decomposição e chamou todos para iniciar a aula de treinamento e controle das sombras.

O treinamento consistia apenas em ataque, pois os cadáveres serviam apenas para receber a magia das lâminas das sombras.

— Quero todos os aspirantes apostos e preparados, comecem! Ordenou Itzala aos seus pupilos.

Os grupos ficaram um de frente para o outro com uma linha imaginária os separando, o grupo dos reanimadores colocaram os esqueletos na frente e se puseram atrás.

Itzal-pala, entoavam os alunos e vários cadáveres reanimados iam caindo um após o outro.

— É muito fácil para vocês, não estamos nos defendendo! Diziam alguns aspirantes do lado dos reanimados, inconformados em vê-los desabando sem poder fazer alguma coisa para impedir os outros magos.

De repente, os alunos sentiram a terra da clareira tremer e todos pararam o que estavam fazendo.

Itzala que não percebeu nada, foi conferir a sua barreira. — Alunos, desfaçam as magias de vocês e fiquem juntos.

Nefele tinha receio da resposta que receberia, ainda sim, perguntou. — Que barulho é esse, professora?

— Ainda não sei, mas vou descobrir. Detekzioa, entoou e descobriu que uma manada de Adax vinham em direção a clareira, cerca de 100 animais.

Quanto mais perto chegavam, mais barulho eles faziam, como não eram animais perigosos, lidar com 100 deles não seria problema para Itzala, é o que ela pensava.

Ela suspirou fundo e contou aos alunos o que estava acontecendo. — Queridos aspirantes, temos uma pequena invasão de animais em nossa aula, vamos resolver esse problema com o que já aprendemos e poderemos voltar para a academia.

Os Adax começaram a aparecer na clareira, os alunos ficaram alarmados porquê eles estavam muito maiores do que o normal e possuíam uma marca negra em suas cabeças, que os fizeram lembrar do puncta gigante assassino.

Com um olhar ansioso, Cintia se aproximou de Lize. — Essa marca de novo.

Apertando os lábios, Itzala pensa.  — Logo na minha aula, já não bastou acontecer com a Aria?  — Ela suspira alto demonstrando sua insatisfação. Ela odiava o fato de que as coisas não saiam da forma que ela planejou. 

Os Adax começaram a investir contra os alunos, que corriam pela clareira tirando seus grimórios e se preparando para atacar, estavam esperando o comando da professora.

Ela os chamou para perto. — Ao meu comando lancem a magia de ataque das sombras que aprendemos, concentrem-se e... agora!

Itzal-pala, entoaram em uníssono.

Muitos dos Adax caíram ao serem atingidos pela magia dos aspirantes, mas eles eram muitos e os alunos já estavam ficando sem energia para lançar a magia novamente, pois já usaram bastante no treinamento, o que deixou a professora preocupada, porque os animais não paravam de avançar.

Os jovens magos começaram a se separar, pois estavam assustados, uns caiam e os outros passavam por cima sem se dar conta, pisoteando mãos e pernas, causando mais ferimentos do que os próprios animais que apenas corriam na direção dos alunos.

Max estava mais distante, ele gritou, chamando a atenção. — O que faremos agora, professora? — Ele viu a cena e voltou para ajudar os caídos, sem esperar uma resposta.

— Deixem comigo, aspirantes. Falou a professora com confiança. — Mifankatia, entoou Itzala, conjurando uma esfera de poder com todos os elementos da natureza. A esfera de poder elevou-se ao topo da barreira mágica e dela saíram flechas que perfuraram todos os Adax de uma vez.

— Ual, que poder! — Comentou Yegor que estava ajudando Max a resgatar os magos que foram pisoteados.

Os animais caíram ao serem atingidos, a professora aproveitou e fez uma ligação com o espelho mágico entrando em contato com a academia, relatou o ocorrido e pediu suporte para levar os alunos feridos de volta.


MAGIAS

Itzal-pala: magia das sombras que cria lâminas sombrias que podem ser lançadas no alvo sem precisar estar próximo ao oponente.

Detekzioa: magia de detecção, revela ao usuário se há seres (incluindo magos, animais e elementais) ao seu redor e a quantidade que se apresentam.

Mifankatia: magia elemental, usada apenas por druidas e elfos. A magia consiste na união de todos os elementos da natureza, moldados em uma esfera de poder que desfere flechas com a magia da esfera em seu alvo. 

FAATH: Uma história elementalOnde histórias criam vida. Descubra agora