Felix On

Agora as coisas tinham-se tornado reais e oficiais para mim, pisar o solo estrangeiro sabendo que o Hyunjin não estava por ai servia como uma injeção de dor  de verdade que eu tentara negar ou melhor rejeitara.

-O patrocinador vem nos buscar, foi ele que arranjou-nos casa e insistiu para ser ele a receber-nos. -diz a mãe que mexia fixamente no telemóvel.

Eu sabia que tinha de ligar ao Hyunjin, mas sinceramente não queria nadar ouvir a sua voz porque eu sabia que de algum modo a voz iria despertar em mim o choro que eu controlara ao fim de algum tempo, sem retirar que quanto mais ouvisse a sua voz, mais iria pensar que agi mal em o deixar.

-Anda, ele já está aqui fora. -diz a minha mãe agarrando nas malas para ir embora.

Eu sigo-a, mas ligo o telemóvel para escrever ao Hyunjin.

Eu

Já cheguei, desculpa não te ligar, acho que não aguento ouvir a tua voz sem te conseguir ver ou chorar.

Mando a mensagem e retiro os olhos do telemóvel, vendo um homem alto de pele clara, vestido de fato preto à nossa frente, suspeito que é o patrocinador.

-Pedro! -diz a minha mãe esclarecendo as minhas dúvidas.

-Bonita como sempre. -diz o patrão. -É o teu filho? -ele pergunta olhando para mim.

-Sim. Felix este é o patrocinador, o Pedro. -a minha mãe diz e o homem estende a mão que por boa educação eu aperto.

-Esta a minha filha. -diz o homem e só ai me dou conta que o homem estava acompanhado.

A rapariga era morena de olhos meio esverdeados e acastanhados e vestia uma sweat amarela clara e umas calças de ganga pretas, já me tinha esquecido que em Portugal estamos em pleno inverno ao contrário de na Austrália onde estaríamos em pleno verão.

-Luísa. -ela diz e dá um sorriso.

-Felix. -repito.

-Vamos! -diz o homem animado que se põem a andar para a direção do carro suponho eu.

-Felix tu vens comigo à parte. -diz Luísa.

Fico meio reticente do porquê de eu e a minha mãe irmos em carros diferentes, mas não tendo escolha sigo a rapariga.

Ela abre o carro e eu sento-me no lugar do copiloto recebendo nesse exato momento uma mensagem que só podia ser do Hyunjin.

Tiro o telemóvel do bolso e abro as mensagens.

-Eles comem-se. -diz Luísa e depois deste comentário antes de escrever de volta olho para ela perdido. -Os nossos pais, não viste a forma como o meu pai trata a tua mãe e ter-me mandado levantar-te a casa para ficarem os dois sozinhos.

-Não é da minha conta. -digo e volto a focar-me no telemóvel.

-Problemas com a mãe dá-me a mão que eu também os tenho. -ela diz e sai do estacionamento.

Hyun💙

Não te julgo apesar de querer muito ouvir a tua voz. Amo-te.

Sorriu ao ler a última frase, o meu dia melhorara tanto só com esta frase.

-Namorada ou namorado? -ela pergunta, é uma rapariga muito solta.

-Nenhum. -digo infelizmente

-Mas querias, ninguém sorri dessa maneira para o telemóvel sem ser por causa de alguém que se goste.

Respondo de volta.

Eu

Amo-te❤.

Estou bastante preocupado do facto de continuarmos a alimentar esta história de nos amar-mos, nunca será mais do que um amor, a distância não permite mais, mas ouvir e ler um "amo-te" do Hyunjin é algo tão bom que eu simplesmente ignoro os factos.

-Estava à espera que me contasses o motivo do sorriso, mas prontos, eu entendo sou uma maluca desconhecida que talvez esteja a abusar da história, por isso respeito. -ela diz fazendo-me olhar para ela.

Penso em contar-lhe afinal não tenho amigos aqui e era bom pelo menos ter um e para mais acho que ela só quer meter conversa e tornar tudo mais fácil por isso sedo.

-É o Hyunjin, o meu melhor amigo que bem eu desejava que fosse meu namorado, mas tive que vir para Portugal ou melhor, escolhi vir para Portugal com a minha mãe, logo nunca terei a oportunidade de ter algo mais com ele.

-Já estou a ver. A típica história de amor impossível. -ela diz e olha para mim uns segundos. -Sabes relacionamentos à distância não são dos melhores na minha opinião por isso não te posso julgar sobre não teres começado nada, mas se fosse a ti continuava a ser amigo dele, uma amizade não merece ser destruída por este tipo de coisas. -ela aconselha e eu fico chocado.

Sinto-me desconfortável por isso mexo-me no assento e ela repara.

-Desculpa, é algo típico meu, eu tenho a mania de dar conselhos sem me pedirem.

-Está tudo bem. -eu digo para acalmar o clima.

Momentos de silêncios vergonhosos fazem-se e refazem-se até que Luísa os acaba.

-Então em que universidade é que vais estudar?

-Ah pois... a minha mãe disse que é uma universidade perto de casa, estou a tirar design gráfico.

-Ah! Então estamos na mesma universidade, se é perto da tua casa, eu estudo engenharia. Pelo menos com amigos já não tens de te preocupar. -ela diz e eu sorriu por saber que ela já me considerava como amiga.

-Estás em que ano?

-Estou no segundo ano. E tu?

-Estaria a entrar no segundo ano agora.

-Ah pois é, as férias aqui e na Austrália são diferentes.

-Hup, vou ficar à espera para começar no próximo ano.

-Pois, então tens quantos anos?

-Vinte.

-Eu também. -ela diz e sorri. -Bem então se não tens que fazer nestes dias que tal eu levar-te a conhecer bocadinho de Portugal, há quem diga que é um país muito pequeno e sem interesse, mas acredita este país tem muito a oferecer.

-Claro. -digo e sorriu.

-Prepara-te para a melhor visita guiada da tua vida. -ela diz e eu riu-me.



Lost In The Soulds-HyunlixOnde histórias criam vida. Descubra agora