Lost In The Soulds-Hyunlix

3

Hyunjin On

Meses depois- Férias de verão

Se a casa é enorme e é impossível andar dentro dela, nem quero saber a carrada de pessoas que está aqui dentro.

Desço as escadas aos encontrões, havendo pessoas que reclamaram, mas eu ignoro, já perdi a prática de festas.

-FELIX! -berro quando chego ao fim das escadas.

Caminho até à sala, dou graças a este caminho estava um pouquinho mais vazio.

Encontro o Lix na mesa de bilhar rodeada de fumo, copos e pessoas.

-Precisamos falar. -digo e agarro o seu braço que ele tira da minha mão puxando-o.

-Não vês que estou a meio de um jogo. -ele fala grosso.

-Não me interessa, precisamos falar. -digo bruto e volto a agarrar o seu braço.

-Vai lá com o teu amigo senão ele não descola, eu jogo por ti. -diz um rapaz autoritariamente, que eu tenho a pequena impressão que se chama Changbin.

Ele passa o taco ao rapaz que falou e passa por mim sem me olhar nos olhos, algo que nestes meses virara algo normal, dizendo-me o caminho.

Ele abre a porta da despensa e abre espaço para entrar.

-Que é que queres? -ele pergunta sem interesse e secamente, fechando a porta.

-Tu disseste que não ias voltar a fazer festas! -reclamo.

-Ups, acho que me esqueci! -ele goza e coloca a mão à frente da boca como que a mostrar espanto.

Ele ficara tão irritante depois de ter terminado com a Jina.

-Pára Felix! Pára com estas atitudes de bosta, tu não és assim. -digo passando as mãos pelo cabelo comprido.

-Sou como? Um falhado que foi trocado por um jogador de râguebi? -ele diz e ri-se no fim com desprezo.

-Não. És o Lix, o meu melhor amigo, que ralhava comigo por frequentar tantas festas e andar sempre enrolado com alguém. -digo desesperado.

-O melhor amigo de uma pessoa que foi comprado pela minha mãe, para vir para a Austrália ser a minha babysitter.

-Tu e a tua teoria da treta. -digo, durante semanas que ele já me está a atirar isto à cara.

-Pode ser teoria da treta, mas foi o que aconteceu, dito por ela que te pediu para vir para cá.

-Sim e até ai está tudo certo, até chegares à parte que me paga. -digo esticando as mãos e arregalando os olhos.

-Então vieste para aqui de quê? À borla? Até ela me deixou por estar insuportável, ao seu ver. Poupa-me Hyunjin. -ele revira os olhos enquanto fala.

-Sim, eu vim para aqui à borla, porque para mim, vir ter contigo e tentar tirar-te desta bosta de vida não é necessário que me paguem.
Eu fiz uma promessa e pretendo concretizá-la, mas também começa a ser demais eu estar a falar contigo e a cada mínima palavra tu começas a usá-las para transformá-las numa conversa perturbante. É irritante! Eu deixei a minha família na Coreia de Sul e vim a correr para cá quando a tua mãe me ligou e disse o que se passava. Eu abdiquei da minha família por ti, a verdade foi que eu te escolhi a ti e ninguém me forçou, mas eu escolhi-te a ti, por isso pára de me atirar à cara que eu estou a ser pago pela tua mãe! -descarrego tudo cá para fora.

Abro a porta com força e passo ao seu lado, não lhe dando tempo para ele reapostar.

Volto a infiltrar-me pelas pessoas, já estava mesmo a ficar irritante e vou para o meu quarto, trancando a porta.

-Eu tenho que ficar pela promessa. -digo para mim mesmo.

Felix On

Dia seguinte

Acordo sobressalto pelo barulho de copos a cair no chão.

Abro os olhos a custo e como estava deitado em cima da mesa graças à pedrada viro só a cabeça à procura da origem do barulho.

Olho para a frente e vejo o Hyunjin.

-Bom dia! -ele diz tirando a torrada do prato para a comer.

-Foste tu que fizeste o barulho? -pergunto para poder voltar a dormir.

-Yup. Precisava de sítio na mesa para colocar as coisas. -ele diz depois de mastigar o pedaço da tosta.

Coloco a mão na beira da mesa e faço força para o meu corpo se arrastar até à ponta que tinha a mão.

-E atiras-te as coisas para o chão! Sério? -pergunto, olha a lata.

-Hup. A tua mãe não me paga para andar a limpar a casa, sabes? -ele aproveita a situação para meter a nossa conversa na mesa, literalmente.

-Afinal as minhas palavras afetaram-te. -digo sorrindo.

-Não vou negar que não afetaram, mas também te digo uma coisa, tu hás de engolir essas palavras. -ele diz e carrega na pontinha do meu nariz.

Sento-me na mesa, tentando ao mesmo tempo colar as peças do meu corpo que se desmontaram todas, graças à bebedeira de ontem.

Viro a cabeça para ele e examino-o, estava vestido para sair o que é estranho já que ele fica sempre em casa e de pijama.

-Vais aonde? -pergunto meio lento, tenho a garganta seca.

-Não és meu pai, nem minha mãe, nem meu namorado e mesmo se o fosses eu podia não contar por isso e resumindo, não é da tua conta. -ele diz e levanta-se.

-Uoh! Onde é que tu vais assim vestido?

O Hyunjin tinha vestido umas calças de ganga pretas com uma corrente que vem da presilha da frente até ao bolso, mas para meu espanto ele usava um crop preto.

O seu abdominal ficava à mostra, senti o meu estômago a revirar, mas provavelmente é pelos copos e copos de bebidas que eu encharquei ontem.

-Não é da tua conta. -ele volta a dizer rude.

Eu levanto-me e ando, pelo menos era essa a intenção, pois acabo só por tropeçar nos próprios pés e sinto o meu corpo a cair para a frente, na direção da bancada.