O início do fim

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Hyunjin On

Já ia fazer praticamente um ano desde que eu e o Felix não nos víamos.

Não posso negar que a nossa relação estava péssima, as mensagens que lhe mandei neste meses ele não respondeu, ou melhor nem sequer as viu, sei que ele arranjou amigos em Portugal e não o julgo, só lhe faz bem, mas era escusado ele deixar de me responder, mas isso está prestes a mudar, espero eu.

-Fizeste uma boa viagem querido? -pergunta a mãe do Felix abraçando-me.

Eu decidi fazer uma surpresa ao Felix, na Coreia do Sul temos férias agora pelos fins de dezembro até aos inícios de fevereiro, por isso vim passar o Natal em surpresa com ele e depois volto para passar o ano novo com a minha família.

-Sim, não estou é habituado a tantas horas de voo. -digo e abro o porta-malas para colocar a minha bagagem.

Entramos no carro e sou envolvido por um cheiro a baunilha, o Felix tinha um cheiro muito parecido do que me lembro.

-Querido tens aqui a chave de casa, ele saiu com uns amigos por isso é capaz de chegar tarde, em principio até eu já estou em casa nessa altura. Sente-te em casa mesmo não estando ninguém lá, podes comer o que apetecer, ver TV estás por tua conta. -ela diz e entrega-me uma chaves que para mim era a chaves do paraíso.

Ela liga o carro e dirige para o meu tão esperado destino.

-Como é que anda a universidade? -a mãe do Felix pergunta para fazer conversa.

-Ótima, estou a ver se arranjo um emprego, quero ajudar a minha família e quem sabe arranjar um cantinho para mim.

-Idade da independência! -ela exclama deixando um suspiro sair. -Espero que falte um bocado até o Felix se lembrar em abandonar a velhota.

Riu-me com seu comentário e ela acompanha-me, mas lembro-me que quando deixei o Felix a relação de mãe e filho não era da melhor.

-E a senhora já resolveu as coisas com o Felix? -pergunto rezando para não estar a abusar.

-Pois... -ela começa e entendo que era um não. -...já tentei falar com ele, mas ele recusa-se em ouvir-me por isso a nossa relação está detorada é como se nos tivéssemos tornado parceiros de moradia.

-Sinto muito. É péssimo ouvir isso.

-A verdade é que ele tem as suas razões, se eu tivesse tomado conta do dinheiro em condições neste preciso momento não era necessário andar a pedinchar e estaríamos em Austrália juntos e bem. Não o posso criticar.

-Dê-lhe tempo. -digo tentando ajudar.

-Mais? Creio que não tenho assim tanto tempo.

-Acredite em mim, o Felix é do tipo que precisa de tempo para perdoar e aceitar, para mais é a mãe dele por isso tem essa regalia do seu lado. -digo arrancando um riso da mulher que só desejava o filho de volta.

●●●

-Estás entregue. Sente-te em casa e boa sorte para no caso de ele voltar mais cedo a casa.

-Obrigada. -digo e sorriu.

Espero o carro ir embora e só depois entro na mansão da família Lee.

Ouvir o trinco da porta era algo maravilhoso, o hall era branco e tinha uma mesinha na entrada com chinelos para os convidados calçarem.

Descalço-me e coloco as chaves na mesa, encosto a mala no cantinho entre a mesa e a porta e mergulho na aventura.

À direita era a sala que estava interligada com a cozinha, estava cheio de fome por isso decidi ir comer um lanchinho que não foi nada mais nada menos do que umas bolachas e uma boa dose de café, tinha as horas de sono todas alteradas graças aos voos.

Decido explorar de barriga cheia  por isso subo as escadas e vou parar ao primeiro andar, não era a minha intenção andar a cuscar os quartos, mas quando encontrei uma porta com o nome do Felix algo dentro de mim disse para eu só dar uma espreitadela e bem foi o que eu fiz.

Mal abri a porta o cheiro a Felix inundou-me, levando-me para as férias de verão em que o seu cheiro era algo constante na minha vida.

O quarto estava arrumado, típico do Felix, reparo nos mínimo detalhes, os livros em cima da mesa alinhados, a roupa toda bem dobrada e arrumada, mas sou despertado por uma camisola que ele tinha na cadeira que eu agarro e encaminho ao nariz.

Parecia que tinha o Felix nas minhas mãos, o seu cheiro quero tanto o voltar a ter nos meus braços, é algo que eu necessito urgentemente para voltar à minha vida, preciso do Felix.

Dou uma volta ao quarto depois de deixar a camisola na cadeira, tal e qual como estava.

Em cima da mesa de cabeceira ele tinha o meu batom de cieiro, agarro e abro, reparo que estava vazio, mas mesmo assim ele continuou a guardar a embalagem, o meu coração aquece com este gesto que ele faz em guardar plástico.

Deixo a embalagem e volto a descer para o rés de chão, vou ao jardim que tem piscina, ele não estava nada mal em morar aqui, molho a mão e volto para dentro, os nervos só me mandavam voltar para casa para ser o primeiro a receber o Lix.

Apago as luzes já que tudo isto é para ser uma surpresa e seria de desconfiar quando ele voltasse para casa as luzes tivessem acesas, apesar de ele poder supor que é a mãe.

Sento-me no sofá a mexer no telemóvel e aguardo... aguardo a tristeza.

Lost In The Soulds-HyunlixOnde histórias criam vida. Descubra agora