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Felix On

Tinha voltado a chorar, mas no meio deste dia, já não sabia a que motivo o choro pertencia era uma mistura e as palavras faltavam.

-Desculpa. -a única palavra que me parece adequada para aquela situação e a que digo.

-Não tens que te desculpar, seguiste com a tua vida, fizeste o certo.

-Fiz o certo, não o que queria. -esfrego a minha mão na sua que continuava entre as minhas e sinto o seu olhar a pousar sobre mim. -Nunca segui o coração, segui a lógica. Usei a Luísa para preencher o espaço vazio que criei por te ter deixado, namorei com ela, mas não foi capaz de a amar na mesma intensidade que eu te amei...que eu te amo...-corrijo. -Arrastei a minha vida durante 4 anos, criei problemas, tornei-me dependente dela e preenchi a minha vida com ela, atrapalhando-me, fazendo automaticamente o mesmo com a dela. Se ao menos soubesse que tu ias voltar a vir ter comigo, eu tinha aguentado, tinha simplificado as nossas vidas, não tinha virado um empate para ninguém e estaríamos juntos agora. Perdoa-me, Hyunjin.

-Não podes dizer isso se as coisas não tivessem acontecido assim não terias dois mini Felix os Luísa a caminho, tudo tem uma parte positiva, só a temos que procurar.

-Tens razão. -sussurro e momentos de silêncio fazem-se.

Sinto a sua mão tocar na minha cara e a virá-la na sua direção, só agora sentia os lagos que tinhas nas minhas bochechas, mas logo ignorei quando vi o Hyun a aproximar-se.

Senti os seu lábios abaixo do meu olho direito, beijando as minhas sardas e os lagos, eram macios e quentes, já tinha saudades dos seus lábios contra a minha pele, era a melhor sensação de todo o sempre.

-Ja agora, eu também te amo. -ele sussurra e dá-me um beijo na testa, afastando-se de seguida.

Senti-me aliviado, por ter metido cá para foras as verdades que me envergonham e que tentei ignorar o tempo todo.

Expressei-me para o Hyunjin e apresentei a minha parte da história. O que está para vir? Não sei, mas a verdade é que ninguém sabe o seu futuro, eu só peço que o Hyunjin esteja incluído.

●●●

A semana passou a correr, é sexta-feira de tarde, o Hyunjin tirou a tarde depois de muita insistência da minha e da Luísa, a minha mãe e o pai da Luísa também estão presentes, vieram a correr para cá quando lhes contámos as péssimas notícias.

Estamos todos sentados na sala de espera, não paro de tremer a perna, um tique de nervosismo, mas sou interrompido pelo Hyunjin  que coloca mão na minha perna, travando-a.

A nossa relação, perguntam vocês, está bem, depois daquela conversa quebrámos a distância que tínhamos ganhado com o tempo, mas nada mais aconteceu e acho que é melhor ficar assim, por agora, é o melhor para ambos, ou pelo menos para mim.

-Sr. Felix! -chama um médico e eu levanto-me instantaneamente. -A cirurgia correu muito bem e é com prazer que lhe digo que é pai de uma rapariga e um rapaz saudáveis.

Fui inundado por alegria, foi a segunda e a melhor notícia que recebi nestes últimos tempos.

-E a minha...mulher. -escolho a palavra cautelosamente.

-Está em repouso, mas se quiser pode ir ter com ela, os seus filhos estão lá. -o médico movesse mostrando-me o caminho e eu sigo-o.

O quarto era um dos primeiros do corredor, logo a demora não foi muita, abrir a porta e ver os meus filhos nos braços de Luísa e a própria foi das melhores sensações do mundo.

Apresso-me e quando chego perto dela dou-lhe um beijo na testa focando-me logo a seguir na minha descendência.

-É uma cópia tua. -ela arrasta as palavras, estava exausta. -Só falta as sardas, que ficaram na menina.

-Os nomes! Temos de lhe dar nomes! -eu digo entusiasmado agarrando na pequenina mão do rapaz.

-Nikki, escolhe o da menina. -ela diz e olha para baixo.

-Hope. -digo ao fim de alguns segundos. -Sempre foram a nossa esperança e continuaram a ser.

Ouço a porta a ser aberta e viro-me para trás, encontrando o médico a sair e o Hyun a entrar, quando o médico lhe faz um sinal de que pode fazer tal.

-Como estás? -ele pergunta para a Luísa.

-Cansada, mas feliz acima de tudo. Podes agarrá-los se quiseres. -ela diz a última parte na minha direção.

-Eu tenho medo e se deixo cair ao chão ou algo do género?

Ela revira os olhos e eu bufo, estava a falar a sério, são algo tão pequeno e frágil que o medo de agarrar e despedaçar é grande.

-Eu ajudo.

Hyun agarra no Nikki ao colo com o maior cuidado de sempre e vira-se de frente para mim.

-Uma das mãos metes na cabeça e a outra no rabinho, encostas-o ao peito...-enquanto ele explica meto em prática as posições.

Sinto o peso do bebé e a minha respiração acelera, sentia-me oficialmente um pai com medo, mas sentia-me um pai.

-Cuidado! -ele avisa. -Prontos, vês, desde que tenhas atenção e o faças com amor nada de mal vai acontecer.

Olho para ele e recebo um sorriso, Nikki esperneia e eu volto logo a olhar para ele que estava com uma cara fechada e começou o choro.

-Ah! Hyunjin! -eu chamo desesperado, de facto isto de ser pai vai ser uma longa jornada.

-Tem calma é só um choro é normal. -ele aproxima-se e passa o seu dedo pelo rosto do meu filho agarrando depois a sua mão que é garrada sem força de volta.

Tinha-os aqui, nesta mesma sala, os 4 motivos da minha alegria em que 2 serão para todo o sempre permanentes.

Lost In The Soulds-HyunlixOnde histórias criam vida. Descubra agora