Hyunjin On

-Tu vens comigo Luísa eu já te disse que não te vou deixar em casa sozinha. -diz Felix alto.

Continuo a descer as escadas e preparo uma cara neutra para usar no caso da discussão continuar.

-Eu consigo muito bem ficar sozinha e para mais não fica bem eu ir contigo para uma entrevista de emprego. -reposta Luísa.

Vou até ao armário e tiro uma taça para o leite e os cerais, logo a seguir vou buscar a comida, sem encarar nenhum deles.

-Luísa eu não fico tranquilo se te deixar aqui e sinceramente não me interessa o que eles pensam, gostam, gostam, senão vou procurar lugar em outro sítio. -ele diz parando de fazer as coisas para encarar a rapariga.

-Tens noção que com isto tu só me fazes sentir um fardo e tu sabes que eu não me quero tornar nisso.

-Por favor não venhas meter a conversa de te sentires um fardo no meio disto, nós já discutimos isto. -ele diz mais alto.

-Desculpa se eu tenho a mania de discutir isto é que pelo que parece sempre que falamos tu não o absorves. -ela diz mais alto.

Sinto pena da Luísa, conhecendo bem o Felix sei que ele é extremamente protetor e deve de ser o dobro com ela, por ela estar doente, deve chegar até a ser sufocante.

-Luísa podemos discutir isto milhares de vezes que a minha atitude não vai mudar. -ele diz e aproxima-se da rapariga.

Pego no meu pequeno-almoço e levo para a mesa onde me sento e tento manter-me calado enquanto a conversa prossegue.

Chega ao ponto da Luísa tossir de cansaço por estar sempre a subir a voz para o Felix o ouvir e é aí que ei decido intrometer-me.

-Eu fico com ela. -digo e o olhar dos dois pousa em mim espantados.

-Hyunjin obrigado, mas...

-Eu fico com ela, tem é que ser só de manhã porque tenho de ir trabalhar à tarde. -digo interrompendo-o, algo me dizia que a Luísa precisava mesmo que eu ficasse com ela, para haver liberdade.

-Obrigado Hyunjin. -ela diz com uns olhos reluzentes e volta a virar-se para o Felix. -Podes ir descansado que eu fico com o Hyunjin.

Ele olha para nós os dois, chocado pela nossa cumplicidade, que era de mera passagem.

-Podes ir, quanto mais cedo apareceres melhor, passas uma boa impressão. -ela diz e bate-lhe no ombro.

-Bem...-ele fala ao fim de alguns segundos.-...se precisarem de algo liguem-me ou mandem mensagem e a... portem-se. -ele diz e dá um beijo na cabeça da Luísa, para meu espanto já que são namorados e vai-se embora.

Quando é ouvido o som da porta a fechar a Luísa agradece-me outra vez.

-Obrigado, tu não tens noção do que é à mínima coisa que faço tê-lo colado a mim, ou melhor ele não me deixa fazer nada.

Continuamos o almoço em silêncio em que eu aproveitei e mergulhei nos meus pensamentos, pelo menos tentei, mas o facto de estar sozinho com a Luísa era algo estranho e constrangedor de certo modo, por isso procuro um motivo para começar a conversa.

Falar sobre o passado era um bom ponto, mas não sei até que ponto isso não é invasivo.

Falar sobre o futuro também deve ser muito invasivo já que não somos íntimos.

Podia esclarecer as perguntas que estão na minha cabeça sobre ela, mas eram todas íntimas por isso decido começa uma conversa banal e ver onde vai dar.

-Então...-começo e ela olha para mim. -...estás de quantos meses? -pergunto e olho para a sua barriga.

-7 meses. -ela diz sorrindo.

-E já sabem se é menino ou menina? -pergunto para continuar a conversa.

-Não, nós decidimos esperar até ao parto para saber.

Sem saber o que dizer permaneço em silêncio a pesar se devo continuar a conversa ou continuar no silêncio, mas a Luísa decidiu primeiro.

-E tu...tens namorada? -ela pergunta meio insegura.

-Não. -respondo curto, não havia mais nada a acrescentar.

-Estranho um homem bonito como tu ainda não ter dona. -ela diz e eu riu-me de leve, fazendo com que um sorriso fraquinho tome conta dos seus lábios.

-Já tentaram, mas eu não estava com cabeça para ter relacionamentos.

-E agora já estás? -ela pergunta e eu sinto-me incomodado. -Desculpa, eu não queria abusar. -ela diz por ver o meu desconforto.

-Não faz mal. Mas sim, talvez eu esteja. -digo apesar de ter noção que só estarei com cabeça quando não viver mais com o Felix.

-Achas que podíamos sair? Já não passo um bom tempo fora de casa já há algum tempo, óbvio sem ter a companhia do Felix. -ela pergunta e eu digo que sim com a cabeça, pelo que vi o Felix não é muito libertador.

-Obrigada. Podes ir ao meu quarto buscar-me a carteira? -ela pergunta docemente e eu simplesmente agarro e vou ao quarto.

Sou surpreendido ao ver que não havia nada no quarto que pertencesse ao Felix, estranho, afinal são namorados e não partilham o quarto.

Pego a mala e volto para baixo, encontro a Luísa em pé agarrada à mesa e apresso-me para a ajudar.

-Obrigada.

-De nada. -digo e ajudo-a a caminhar até ao carro.

Depois de a ter deixado no carro volto para trás para ir buscar as minhas coisas e apagar as luzes e volto outra vez para o carro.

-Então onde é que vamos? -ela pergunta e eu encolho os ombros.

-Eu estou aqui à alguns anos, mas só conheço as coisas banais e o necessário para a sobrevivência por isso não tenho a mínima.

-Está ótimo para mim. Podes levar-me a qualquer lado, tanto me faz. -ela diz e eu arranco com o carro, ainda bem que ela não era exigente.

Lost In The Soulds-HyunlixOnde histórias criam vida. Descubra agora