A Revoada

18 1 1
                                    

Partindo na alvorada
Ouve-se o som de leves asas
A bater pelo céu frio
Partem pássaros na revoada

Lar é onde se sente amado
Onde se deseja muito estar
Foi uma parceira e tanto ao meu lado
Mas pássaros têm de revoar

Partiu pássaro negro, de penas em furta-cor violeta
Para o coração do deserto
Dessa floresta úmida e sufocante
Afim de sentir o amor mais perto

Quando ainda estávamos no ninho
Achamos que éramos um par de corvos
Mas éramos crias da noite
Com asas cromadas em tantas cores
Que ofuscaram os corvos à volta

Somos pássaros inominados
Que calados estão a gorjear
Descobrimos o céu em momentos próximos
Passarinhos a voar
Os frutos daquele Éden eram doces
Mas não nos pertenciam
Somos crias da noite misteriosa
Entre homens de barro e mulheres de costelas
Ambos, dois pássaros, pereciamos

Hoje, os pássaros inominados,
De canto sedutor e noturno
Voam de cá e de lá
Em busca do seu irrevogável rumo

O revoar é destino,
Quando não se conhece um lar
Pois 'quando não se sabe para onde ir'
Qualquer caminho desemboca lá
Agora és o inominável do deserto
Ave mística e obscura
Sigo daqui, desta floresta
Que vibra em loucura diurna

Um dia te encontro no deserto
Ou vinde à floresta do furor
Quem sabe, em um momento desta jornada
Pois somos pássaros viajantes
E pássaros sempre partem na revoada



Para Ana Keveny, minha amiga que sobrevoa o deserto.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jul 31, 2021 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Rabiscado e Rimado Onde histórias criam vida. Descubra agora