Nos momentos de dor faz-se arte,
Arte faz-se sobre a dorA voz já não tem tanto volume
Como uma TV no mudo
Este apenas gesticula,
No entanto
Nada dizTalvez eu não tenha nada a dizer
Quando te acusar de algo
Mas na realidade o espinho me feriu
Enquanto eu escalava pra chegar nas pétalasMais uma vez a rosa se fez pura,
Puramente venenosa
E algo que me monta as costas pesa
Deve ser o fantasma da solidão
Que me chicoteia com furorAntes eu falava de insanidade,
Mas quem deu ouvido a criança tola
Que sequer sabia o que era o ambar?Eu mordo a boca até chegar ao carmesim que escorre garganta a dentro
Eu olho em volta
e são tantos mundos
e tantos desastres pra se preocupar
Que me guardo em uma caixinha
e escondo dentro da roupa,
como uma mercadoria ilegal,
pois não tenho direito de reclamar sua sentença
sendo que nada tenho com que te acusarEu queria que me reparassem,
Minimizar os problemas não é fácil
Mas se torna um vício com o passar das estações
Anestesia corre livre no sangue
Enquanto eu me drogo com os problemas alheios
E quando tenho uma overdose ninguém vem me socorrerTodos superamos o medo de sermos abandonados na escola,
Quando ainda crianças
No primeiro dia do pré escolar
Mas eu ainda o sinto sob a pele
O que ninguém sabe...Ah que vontade de gritar e vomitar tudo pra fora
Isso é um anzol que me perfura o estomago
E a linha fica para fora da boca esperando o momento de ser puxada
E o momento em que eu irei me rasgar por dentro
E cuspir meu sangue
Cuspir e vomitar vermelho
Até que me canse
E morra afogado em mim mesmo
Único e sempre eu
Intrelaçado entre os dias
Eternamente sepultado em dor onde meu pai me deixou,
Onde minha mãe me abraçou,
Onde eu mesmo me matei por dentroMatei aos poucos
... Todos sabem que eu tenho medo de escuro,
Mas mesmo assim desligam a luz quando vão embora...
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Rabiscado e Rimado
PoesíaPoemas de autoria de Edgar F. Netto. Uma simples sinopse não comportaria As palavras que quero depositar, E tentando tornar noite em dia poucas palavras tentarei rimar...