•11

355 27 5
                                    

Ruggero point of the view

Karol: - não, você não sente.

- (sorri) bom, foi melhor você ter descoberto tudo antes do casamento, não é mesmo?

Espero ela demonstrar algum sinal de tristeza ou arrependimento por não ter se casado, mas ela concorda e sua expressão curiosa não altera. Tento puxar assunto novamente antes dela voltar a atenção pro relatório, ela não vai falar dele de boa vontade.

- fiquei surpreso por ele ser tão rico, era por isso que ia pedir demissão da empresa? Porque ia se casar com um homem rico?

Karol: - (fica meio envergonhada) Eu sei, é ridículo eu abandonar minha independência para depender de um homem. Mas não é como se eu tivesse uma grande carreira para largar, e ele fazia tanta questão que eu não trabalhasse.

- não é por isso. Acho que também iria querer dar uma boa vida para minha esposa se eu me casasse um dia, fiquei surpreso por você não tê-lo perdoado.

Karol: - (fica confusa) e porque eu faria isso?

Arrependo-me de ter falado isso no mesmo momento em que ela entende o que eu quero dizer.

Karol: - você está está dizendo que achou que eu perdoaria ele por causa do dinheiro?

Ela parece furiosa e sei que ela está com razão, tento falar alguma coisa, mas as palavras me escapam.

Karol: - porque está me ofendendo?

- desculpe! Eu não deveria ter pensado isso. É que existem mulheres que perdoariam no seu lugar por um bem maior.

Quanto mais eu tento explicar, mais percebo o quanto estou sendo estúpido.

Karol: - um bem maior?! (furiosa) não existem, não! Eu sei o meu valor, e o meu orgulho não pode ser comprado!

Pior do que a raiva que eu posso sentir nela, é a mágoa que está em seus olhos, o que me faz sentir ainda mais idiota.

- Kamilla, me desculpe! Eu não tive a intenção em ofende-la.

Karol: - (junta os papéis e põe na bolsa) acho melhor encerrar essa reunião por aqui, senhor Pasquarelli.

Ótimo, voltamos ao estágio dos sobrenomes. Ela sai pisando duro e eu corro atrás dela

- me deixe ao menos levá-la em casa.

Karol: - não precisa se encomodar.

Ela fala com tanta raiva que nem insisto, logo, ela bate a porta ao sair e eu fico aqui parado, feito um idiota. E então percebo que nem todas as mulheres são como a Candelária.

Karol point of the view

Depois de pegar um ônibus lotado para a minha casa, meu estômago roncando a cada 5 segundos, fazendo todos olharem para mim, finalmente chego ao meu prédio. A raiva de Ruggero Pasquarelli ainda me atinge com força! Quero muito mandar ele para aquele lugar e deixar que se vire em sua viagem importante, mas, uma mulher falida não tem condições de se vingar. Eu preciso mesmo do emprego. Assim que pagar minhas dividas de um casamento que não aconteceu, eu mandarei ir tomar naquele lugar bem específico e jogarei um copo de café quente naquele cabelo desgrenhado dele.

Isso, essa ideia me faz ficar calma, eu sonho com o dia em que verei Ruggero Pasquarelli ser humilhado. Assim que entro no meu prédio, recebo um olhar no mínimo curioso do porteiro, como eu disse, ele nunca foi com a minha cara, diz que eu reclamo demais, mas normalmente ele simplesmente ignora a minha presença. Agora ele está me olhando como se tivesse aprontando alguma coisa, e estivesse com medo que eu descobrisse. Corro para meu apartamento e olho tudo, uma vez que ele tem uma cópia da minha chave. Mas, nada está fora do lugar.

A noite, recebo uma mensagem do estúpido do Pasquarelli dizendo que a viagem foi adiada para segunda-feira a noite por conta da reunião de última hora de manhã, e detalhe, eu terei que estar nessa reunião ao lado dele. Só de pensar em ver denovo todos aqueles que ficaram rindo de mim na última reunião, sinto meu rosto queimar.

Oh! Meu deus, por quanto tempo ainda serei motivo de piada?

SEGUNDA-FEIRA

Chego na empresa de manhã depois de uma péssima noite de sono, desde que eu terminei com o segundo maior imbecil do mundo, não consigo dormir direito. Assim que chego, logo na recepção, já percebo pessoas me olhando, cochichando e alguns risos. Penso que a história do meu telefone deve ter vazado, é claro! E agora eu serei motivo de piada da empresa inteira!

Fico na cantina boa parte da manhã, já que a mesa de secretária do Ruggero é ocupada pela secretária fixa dele. Estudo mais um pouco os relatórios que ele havia me passado e vou para a reunião, entro lá já de cabeça baixa, procurando um buraco para enfiar a minha cabeça, s novamente, aqueles olhares, cochichos e risinhos.

Isto está acontecendo de tal maneira, que uma hora Ruggero puxa a minha cadeira para perto dele e surra em meu ouvido...

O PEGADOR • RUGGAROLOnde histórias criam vida. Descubra agora