CAPÍTULO 03

16 1 0
                                    

"Aquele cara ocupava sua cabeça outra vez sem que ela percebesse. Estava ficando louca."

[...]

Anna deixou o estabelecimento da senhora Cora pouco antes do anoitecer juntamente com Hard.

Tivera um terrível e cansativo dia, e chegara extremamente cansada em sua casa própria.

Para falar a verdade, cansara-se de tanto presenciar as lágrimas daquela pobre senhora, lamentando-se por ter deixado os dois homens escaparem. E, o pior de tudo era que, bem naquele dia, a câmera eletrônica tivera uma falha em seu sistema, quebrando no mesmo segundo em que invadiram seu estabelecimento.
Anna acreditou que o sentimento forte e horrível que ela estava sentindo em seu peito deveria ser por conta disso, além do balcão quebrado e Smartphones furtados.

"Não chore. Vamos encontrar quem fez isso com você." Disse ela, abraçando Cora enquanto tentava confortá-la no instante em que notou a presença de mais lágrimas escorrer por seu rosto flácido.

Essa era a parte ruim de seu trabalho.
Precisava enfrentar diversas situações em que várias pessoas ficavam chateadas com o furto de suas lojas, e a energia negativa acabava atingindo-à em cheio também.
Tinha o coração sensível, as paredes dele eram moles, era uma mulher com uma extrema empatia.

Anna respirou fundo ao sentir o aroma de produtos de limpeza cítricos invadirem suas narinas.
Os porcelanatos cheiravam perfume misturado com limão.

Como adorava aquele aroma. Como adorava estar em sua casa!

Quando fechou a porta corrediça de vidro com suas chaves, não pensou duas vezes para seguir até o banheiro e despir-se completamente, abrindo o chuveiro e deixando toda água quente escorrer por seu corpo nu.

Como aquilo era bom.
Sentir o vapor quente invadir seu rosto depois de um longo dia, após um inteso horário de trabalho.
Quando apanhou seu sabonete de amêndoas, passou o pequeno tablete aromático por toda sua pele, sentindo o delicioso perfume das espumas em seu corpo enquanto limpava-se.

Derrepentemente, desceu seus olhos para suas pernas brancas e medianas, notando cada gotícula de água escorrer pela extensão delas.
Depilara-se à alguns dias atrás, não fazia tanto tempo assim. Mas tinha uma certa loucura com seus pelos. Estavam curtos e quase imperceptíveis, porém à incomodavam como se fossem etiquetas que simulavam espinhos em sua pele.

Anna olhou em volta de todo banheiro. Perseguiu cada ladrilho com seus olhos de águia, mas não encontrara uma lâmina, nem sequer um creme depilatório.

Droga, com toda certeza esquecera-se do creme em sua bolsa.

Ainda não sabia por qual motivo sempre colocava seu creme depilatório dentro da bolsa que levava para o trabalho.
Não recordava-se da última vez que saíra com alguém, e os homens de seu trabalho eram comprometidos, e davam em cima de todas as mulheres que haviam em seu departamento.

De qualquer jeito, não gostava de seus pelos. Tinha que tirá-los imediatamente, saindo com alguém ou não.

Ela enrolou-se em uma toalha branca e felpuda que deixara em cima da pia de mármore, saindo na ponta de seus pés e atravessando todo corredor até chegar na sala de estar, segurando o tecido rente ao seu corpo.

Finalmente encontrara sua bolsa de couro depois de alguns minutos percorrendo seus olhos por todo sofá aveludado.
E, levando suas mãos úmidas até o centro do objeto, sentiu alguns papéis que costumava levar consigo percorrerem seus dedos, até encontrar de fato seu creme.

UM CRIME COMPENSADOOnde histórias criam vida. Descubra agora