— Ele disse para nós esperarmos aqui — Naoto diz enquanto desce do veículo.
Nós realmente estamos em frente à uma loja de conveniência e eu procuro por qualquer homem que eu imagine ser o Richard. Um homem extremamente forte vem em nossa direção. Ele é tão grande que eu estremeço de medo ao lado do Mit enquanto o homem chega cada vez mais perto.
Mas, para a nossa surpresa, ele é apenas uma pessoa normal, que passa por nós e segue o seu rumo para um carro azul estacionado ao lado do nosso.
Depois vem um homem não tão forte, usando óculos escuro e um boné branco — mesmo que já esteja escurecendo —, mas posso perceber os seus cabelos loiros de longe, sua estatura normal e seus músculos definidos através da camiseta branca que ele está usando.
— Olá, vocês são as pessoas que queriam falar com o Richard? — ele pergunta quando para na nossa frente. Ele está sério, e eu estou com medo.
— Somos nós sim. E você é...? — o cara tira os óculos e dá um grande sorriso para nós.
— Nossa, que felicidade conhecer vocês! Sou o Richard — ele está empolgado agora e, quando me olha, ele me abraça como se nos conhecêssemos há séculos. — Estou tão feliz de conhecer você, Flora! Você está tão linda.
— Obrigada! — eu agradeço e ele se afasta.
Ouvimos o Mit e o Mikey tossirem em uníssono enquanto o Naoto encara a cena constrangedora sem falar absolutamente nada.
— Fiquem tranquilos, meninos! Sei que sou um gato irresistível, mas da fruta que ela gosta eu chupo até o caroço — o meu melhor amigo e o Mikey arregalam os olhos enquanto o Naoto segura um sorriso. — E você é um gatinho — ele diz apontando para o Mit e eu solto uma pequena risada.
— Fico grato pelo elogio, mas eu não curto essas coisas, sabe?! Não sou do vale.
— Que pena! Bom, eu realmente não penso em pegar novinhos como você. Não quero ser preso por abrir uma creche.
Eu apenas consigo rir da situação e Naoto tenta manter a pose, mas, quando nos encaramos, rimos um para o outro e eu tento controlar a minha respiração novamente. Mit está vermelho de vergonha e o Richard coloca as mãos no meu ombro. De certa forma, o loiro conseguiu me distrair de toda a tensão que eu estava sentindo minutos atrás.
— Você está bem com a ideia de ver o seu pai de novo? — eu engulo em seco, começando a perceber que a ideia do meu pai estar vivo não é tão impossível assim.
— Bom, eu ainda não acredito que ele está vivo depois desses anos, então eu não sei se estou preparada pra isso e eu estou tentando não falar muito porque senão eu vou chorar, e não quero chorar antes de realmente vê-lo — Richard me dá um sorriso reconfortante e aperta os meus ombros levemente.
— O Nicolas vai ficar tão feliz em te ver! Ele sempre me fala muito de você.
Eu sorrio com a afirmação. Saber que o meu pai ainda fala de mim é, de certa forma, uma confirmação de que, apesar de tudo, ele não se esqueceu de mim, e tudo que eu mais quero agora é abraçá-lo e tentar entender pelo que ele passou por todos esses anos para não voltar mais pra casa.
— Fico feliz em saber disso — digo com um sorriso no rosto.
— Acho bom nós nos apressarmos agora. Vou guiar vocês até o caminho todo e espero que não tenha policial — Naoto abre a boca rapidamente, mas é calado pelo Richard antes de conseguir pronunciar algo. — Eu sei que você é policial, cara. Mas você não vai falar nada porque você simplesmente não parece ser um idiota. Vamos?
Nós entramos no carro e vamos atrás do carro do Richard. Quanto mais perto chegamos, mais nervosa eu fico. Começo a balançar a minha perna freneticamente, parando apenas quando sinto o Mit, que está ao meu lado no banco de trás do carro, fazer um breve carinho na minha mão, o que me acalma um pouco.
Mikey, que está no banco do passageiro, se vira e me entrega um pirulito que ele retirou do seu bolso. Eu agradeço e pego o doce, o abrindo na tentativa de me acalmar mais.
Após entrarmos em algumas quadras, Richard estaciona o carro em um bar e Naoto estaciona logo atrás. Richard nos guia até a entrada, onde há dois seguranças armados no lado de dento, mas nos deixam passar normalmente, provavelmente por estarmos com o Richard.
Quando entramos, percebo algumas pessoas bebendo enquanto uma música baixa toca nas caixas de som. O ar está pesado, então eu me apriximo mais ainda do Mitsuya, que parece estar achando isso tudo normal.
Richard abre uma porta vermelha e nós nos deparamos com uma escada. Mit aperta a minha mão de leve e eu crio coragem para descer as escadas. Richard nos explica que esse bar é apenas um dos lugares pertencentes ao meu pai, mas a verdadeira base é na casa dele. Lá eles fazem a maioria dos seus trabalhos, que eu não me atrevo a perguntar quais são.
Ao final das escadas já fica visível um ambiente muito mais detalhado, com 2 sinucas, um balcão preto com bebidas à mostra, 2 sofás e 1 poltrona no canto, várias pessoas e um barulho de música mais alto do que no andar de cima. Este lugar é extenso!
Sou tirada dos meus pensamentos quando Richard bate duas vezes em uma porta preta de madeira e, sem esperar nenhuma permissão, ele abre a porta, nos dando a visão de uma mesa marrom e uma estante cheia de livros, onde está um homem alto e cabelos castanhos virado para ela. Apenas Richard entra e eu me mantenho paralisada no mesmo lugar.
— Ei, Nicolas! Eles chegaram.
Assim que o homem se vira, eu sinto um nó se formar na minha garganta e separo a minha mão da do Mit.
Esse homem realmente é o meu pai. Mesmo ele estando com uma aparência diferente, mais cansado, eu ainda posso reconhecê-lo. Os seus cabelos, antes curtos, agora estão um pouco maior. Suas olheiras são perceptíveis, provavelmente providas pelo estresse ou horas de sono mal dormidas.
Quando ele se virou para nós, os seus olhos pareciam simplesmente sem vida, mas, quando nossos olhares se encontraram, ele piscou algumas vezes e pareceu recuperar toda a vida que não existia em seu olhar. Ele me encara como se não acreditasse que eu realmente estou aqui. Eu não o julgo, estou totalmente diferente da última vez em que ele me viu e, inevitavelmente, eu não sou mais aquela menina que ele deixou. Eu estou mais crescida, mais madura.
— Vocês têm muitas coisas para explicarem um para o outro e para colocarem em dia. Nós vamos deixá-los a sós por um tempo — o meu olhar não se desvia em nenhum momento do olhar do meu pai, então Richard pega no meu ombro para que eu o encare. — Flora, fique à vontade!
Ele se vira e sai com os meninos. Mikey me encara por um tempo antes de me dar um sorriso enorme, que me faz relaxar um pouco, então ele sai e eu fico sozinha com o homem à minha frente.
Eu respiro fundo e volto a encarar o meu pai. Tento me controlar para não dar nenhum passo errado, mas, vendo-o tão perto de mim novamente, eu não consigo manter o raciocínio e apenas o abraço. O abraço como se ele fosse sumir novamente, como se algo de ruim pudesse nos separar mais uma vez. Ele retribui o abraço caloroso, me puxando para mais perto. Seu perfume invade as minhas narinas e eu sorrio com o cheiro que sinto, o cheiro que eu senti tanta falta.
Lágrimas descem pelo meu rosto de uma forma incontrolável. Senti tanta falta desse cheiro, desse abraço, dele. Eu quero ficar muito mais tempo aqui, quero que o tempo pare para que eu possa aproveitar esse momento, mas eu me separo do abraço mesmo assim, apenas para poder encará-lo. Vejo uma pequena lágrima na sua bochecha e eu a seco com o meu polegar.
Nós rimos um para o outro e voltamos a nos abraçar, dessa vez com mais emoção e carinho do que antes. Eu estou tão feliz e isso é perceptível até mesmo para um desconhecido.
— Oi, pai! — cumprimento, deixando a minha cabeça descansar no seu peito.
— Oi, minha pequena! — ele passa a mão pelos meus fios soltos, fazendo um carinho no meu cabelo enquanto eu começo a chorar mais uma vez.
Se cuidem <3
1.427 palavras
11/08/2021
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Seu sorriso {Mikey}
FanfictionFlora Takahashi é uma boa moça de 18 anos que trabalha em uma aconchegante lanchonete no centro de Tóquio. Sem muitos amigos e após perder os pais em um acidente de carro quando adolescente, Flora se tornou uma menina extremamente sonhadora e bondos...