0.8 O mesmo momento. 🦋

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Uma grande dor de cabeça me fez revirar durante estes últimos dois minutos que restava para o meu despertador tocar, me enraivecendo de vez.

Odiava acordar cedo, mas eu odiava ainda mais ser acordada cedo por um despertador.

Me arrumei toda e corri para o ponto, apenas tomando o meu café gelado encostado nas barras do ponto. Não tinha absolutamente nada para fazer e o sono me devorava. O frio que fazia ficar ainda mais sonolenta do que eu já estou, ou seja, preciso de muito café.

Encarei o ônibus chegando e enxerguei uma pessoa que me chamou atenção. Apertei os olhos e foquei no homem de blusa branca com uma jaqueta. Entrei no ônibus e o vi, imediatamente me arrependi desta ação e quis virar de costas, mas não ouvi. Eu ainda precisava ir para aula.

Park Jimin sempre teve um estilo que me chamava atenção, me atraindo de uma forma esquisita. Ele por inteiro me atraia.

Seu sorriso alcançou-me trazendo arrepios intensos em mim. Sorri pequeno e me sentei um pouco perto dele porque quase todos os assentos estavam ocupados.

Passei o trajeto inteiro o encarando discretamente, sempre que podia. Quando nós olhávamos juntos ele sorria e eu retribuía sentindo a vergonha se instalar.
Ainda podia sentir as suas mãos quentes em minha cintura e seu corpo ao meu enquanto dançávamos no terraço do local de festa.

Desci no ponto e andei até a faculdade, sem sequer o vê-lo atrás de mim. Preferi assim.

Andei até a minha sala onde encontrei os modelos de meus colegas, a diretora, e eles. Apressei a me posicionar em minha parte ao lado de Taehyung. Tentei ler sua expressão mas ele estava confuso, assim como eu.

— Preciso que vocês consigam o trabalho, felizmente teremos um festival na nossa faculdade e deixaremos suas obras expostas lá. Adianto que vocês não serão obrigados a participar da festa, apenas precisamos de suas obras, avaliarmos la no dia e daremos a nota no próximo dia de aula que será na segunda feira, já que o evento ocorrerá na sexta.

— Qual sexta? — um rapaz perguntou, com a mão levantada para que ela o visse.

— Essa sexta, então se apressem. A faculdade ficará aberta até o dia seguinte durante todos esses dias para que possam conseguir terminar. Se concentrem, boa sorte e até sexta feira! — a diretora disse e se retirou da sala, começando assim a correria preguiçosa de todos.

Confesso que hoje, ou pelo menos neste exato minuto eu estou menos produtiva. E o que me resta é forçar meu cérebro até sair algo bom.

Encarei Taehyung que me encarava por mais de dez minutos. Associando suas características a algo, e então eu tive uma ideia. Na qual saltei em animação e o peguei pela mão o deixando sentado na minha cadeira. Imóvel.

— Pensou em algo? — perguntou enquanto eu procurava uma caneta para produzir o meu esboço.

— Pensei! E espero que dê certo no papel e fique melhor ainda na escultura — sorri para ele e logo voltei a me posicionar.

Me sentei no chão, na frente de Taehyung e fiquei intercalando meu olhar entre ele e o papel, onde eu desenhava as minhas ideias.

Dei asas para o meu toque final, e pude ver voar daquela folha de papel para a minha imaginação. Imaginei a escultura de ponta em cima da mesa e animei-me.

— Quer café? Seu olhar está me dando medo então eu quero recorrer a cafeína — ri com aquilo, mas assenti. Queria algo que me deixasse alerta, eu irei madrugar se for preciso, mas pelo menos a base eu termino hoje!


Vesti meu macacão para não sujar minha roupa, e foquei no início da base. Comecei com a base para a base do Taehyung de estátua.

Melequei aquele pedestal de ferro com gesso e continuei até ver o círculo redondo e grande, de forma que nivelasse e aguentasse o tamanho e peso do que eu iria fazer.

Usei meu esboço para auxiliar minha mente mantendo assim um ritmo para que eu não extrapole e acabe criando algo novo, ou erre e acabe surtando. Mais um surto estava fora da lista de meus desejos.

Observou por um momento a janela e vi Jimin dançar ali, ele sempre ficava ali, desde quando eu o vi pela primeira vez. E foi fazendo uma obra nova, com este macacão, com cabelo amarrado e este mesmo olhar, que eu o vi e troquei olhares com ele. Chega a ser estranho, mas e se eu disse que eu consigo ter deja vú cada vez que eu miro em algo daquela paisagem, seria muita loucura agora?

— Nabi, aqui está o seu café — Taehyung me surpreendeu com sua voz, virei para trás e peguei o café, agradecendo-lhe. — Posso ver o esboço? — neguei com a cabeça e corri para tapar o papel em cima da mesa.

Taehyung fez um bico fofo nos lábios e cruzou os braços esperando que eu mudasse de ideia com sua reação.

— Eu te comprei café, por favor, me mostre!

— Hey! você não pode me ameaçar! — eu ri ainda cobrindo o papel.

— Por favor, por favor, por favor, por fa—

— Tae! por favor, pare de pedir por favor! — implorei o fazendo rir. — Queria te mostrar já pronto, e não um esboço maluco!

Ele se aproximou e passou os braços ao redor de meu pescoço trazendo-me mais para perto.

— Por obséquio, a senhora poderia me mostrar pelo menos metade do rascunho? Um pequeno spoiler? — ri com seu sussurro ao meu ouvido.

— Posso, mas só metade! — ele assentiu animado e eu descobri a parte debaixo, a parte mais confusa e que só eu entenderia o ponto certo. Os outros só criaram teorias ou buscaram semelhanças em algo para associar.

— Não entendo, mas parece estar lindo. Sei que em sua cabeça está bom e que suas mãos fará isso ser divino! — eu ri e o encarei.

Taehyung era tão bonito.

— Agora pode continuar, irei assistir sendo seu auxiliar quando precisar! — sorri e voltei a me posicionar e me concentrar no que antes eu fazia.

Longo dia!

(....)

Eram três da madrugada e eu encarava taehyung dormindo na mesa, sentado na cadeira, enquanto eu permanecia em pé após analisar a minha base pronta e lisa.

Meus olhos pesavam, e os cinco copos de café que taehyung saiu para comprar não estavam mais fazendo efeito. Também sei que agora vou precisar passar uma semana sem tomar café, acabei exagerando hoje.

Arrumei minhas coisas e aproveitei para organizar as duas também. ele fez o favor e a gentileza de continuar a me acompanhar até agora, podendo ele ter escolhido ficar em sua cama antes das onze, mas ele negou e continuou comigo.

Cobri minha estátua, busquei as chaves, peguei a minha e a sua bolsa a pondo em meu ombro, e me aproximei dele, cutucando de leve seu braço.
Seus olhos abriram e sua bochecha amassada com os seus fios de cabelo rebeldes, me fizeram sorrir.

— Que horas são? — perguntou claramente perdido. Se eu dissesse que estávamos no ano de dois mil e cinquenta, ele iria acreditar.

— Três da manhã, vamos — disse e lhe entreguei sua bolsa. Ele sorriu e bagunçou seus cabelos, os ajeitando.

Saímos até a porta da faculdade, onde Taehyung insistia em me levar até minha casa, apesar de eu ter negado já que era muito tarde e estava perigoso. Mas ele soube rebater bem. Eu sou uma boa atacante, mas ele é um impecável rebatedor!

— Entregue! — disse assim que parou na porta do meu apartamento. Respirei fundo relaxando meus ombros. — Durma bem e rápido para estar menos pior amanhã! — disse.

— E você também, meu caro! E me desculpa por isso — sorri e ele negou com a cabeça.

Dei tchau usando as duas mãos e entrei pegando o elevador e indo direto para o chuveiro.

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Pequenas coisas bonitas| PJM 🦋 +18Onde histórias criam vida. Descubra agora