𝐆𝐨 𝐲𝐨𝐮𝐫 𝐨𝐰𝐧 𝐰𝐚𝐲!- Luka Couffaine. <3

𝗱𝗲𝘂𝘅!!

Françoise Dupont era sempre um lugar nostálgico, era fácil relembrar todos os bons momentos, as aventuras e memórias inusitadas passadas na secundária, por isso era sempre um alívio para Fleur passar por ali, especialmente quando o motivo de estar ali era Kagami.

Elas apenas namoravam há alguns meses, mas para a francesa estar com a esgrimista era sempre muito especial e a japonesa finalmente sentia que podia ser ela mesma ao lado de alguém tanto que foi graças a esta que ganhou a coragem de enfrentar a sua mãe e finalmente escolher um curso que lhe agradava, o de desenho, que era uma paixão secreta apenas revelada a Kurtzberg e Adrien, um grande amigo das duas que também estaria a sair do treino.

Fleur suspirou de alívio ao ver que não se tinha atrasado quando observou os primeiros colegas de esgrima de Tsurugi a sair, sabendo que esta ainda iria demorar um pouco para conseguir por a conversa em dia com Adrien, já que os horários de ambos na faculdade não coincidiam nem um pouco, este era o único momento que tinham para o fazer, além dos ensaios da banda que este andava a faltar. Foram precisos exatos 10 minutos para que ambos fossem ao encontro da ruiva que foi recebida com um beijo doce e suave nos seus lábios desidratados que se encontravam naquele estado ainda por causa do clima.

-Pensava que ias chegar mais tarde, mas fico feliz por te ver uma vez na vida sem estares atrasada. – Provocou a recém-chegada, o que gerou um riso do loiro, pois era habitual Fleur correr de um lado para outro para cumprir a sua agenda atarefada.

-As pessoas podem surpreender, além disso eu nunca me atrasaria para vir buscar a pessoa mais especial da minha vida, ainda mais quando hoje finalmente vais conhecer a minha mãe! - disse citando algo que deixava a japonesa ansiosa há semanas, visto que a sua própria mãe não aceitava a sua bissexualidade, muito menos viver uma relação com outra mulher, por isso para a Tsurugi mais velha Fleur e Kagami eram apenas amigas, era desculpa para que pudessem passar tempo juntas. Kagami odiava todo o tipo de desculpas, mentiras e meias verdades, mas com uma mãe restrita como a dela essa era única opção para que conseguisse sair com a sua namorada e até mesmo os amigos, pois desde o secundário que inventava treinos falsos para passar tempo com Adrien, o seu único amigo na altura.

Para deixar Kagami mais à vontade, a francesa decidiu mudar de assunto e perguntar algo que a intrigava há algum tempo.

-Agreste é verdade, não sei se te lembras que os Poison Ivy sentem falta do seu tecladista, não sei se o conheces, loiro, olhos verdes, alto, um bocado aluado e um modelo muito famoso. Convinha ele aparecer aos ensaios ou pelo menos dar uma justificativa plausível para não aparecer…- disse a mais velha num tom certamente irônico, ao qual o rapaz já estava a habituado, este já esperava a pergunta surgir mais tarde ou mais cedo.

-A verdade é que o meu pai está cada vez mais exigente, e estudar medicina requer muito tempo e estudo, peço desculpa por faltar aos ensaios e à última apresentação, devia ter falado com vocês mais cedo. - disse sorrindo timidamente- Prometo passar pelo barco dos Couffaine assim que acabar a minha sessão fotográfica amanhã! - ele citou de maneira muito mais animada, Gabriel Agreste nunca tinha sido um bom pai, assim como a mãe de Kagami ele controlava demasiado a vida do filho e queria o proteger de tudo, especialmente depois da morte da esposa Emilie, foi até surpreendente ele deixar o filho fazer parte da banda.

-Tudo bem, não te preocupes com isso, mas o Luka tem sentido a tua falta. – disse piscando o olho enquanto este apenas corou um pouco e entrou dentro do carro, os dois rapazes tinham algo não muito sério á algum tempo, gostavam de trocar carícias, era algo simples, mas deixava ambos felizes, e se eles estavam felizes Fleur estava feliz, por mais que Adrien tivesse deixado claro que havia uma outra pessoa pela qual era extremamente apaixonado, o outro rapaz nunca se havia importado com isso pois apenas queria que Agreste se sentisse confortável e seguro nos braços de alguém mesmo sabendo que um dia ele iria querer lutar pela que amava, tinha a certeza disso apenas pelos os olhos brilhantes deste quando falava da misteriosa e enigmática mulher.

Fleur e Kagami tinham apanhado um autocarro até a casa da mais velha, era a primeira vez que a japonesa o fazia e também era a primeira vez que visitava a casa de alguém sem o acompanhamento da sua mãe, tinha sido muito difícil convencer a mais velha, mas os horários eram bastante restritos também, já que antes das vinte e uma horas já deveria se encontrar em sua casa, de preferência no seu quarto a acabar um projeto inacabado, de facto o mesmo de Nathaniel que era da mesma turma da visitante.

O apartamento era antigo, por esse motivo morar no último andar não era muito apelativo, porém tudo compensava com a vista que tinha do seu quarto de toda a Paris, era algo lindo, especialmente à noite com todas as luzes, particularmente as da Torre Eiffel eram as suas favoritas, poderia ver todos os dias aquele monumento que nunca se cansaria dele. O casal subiu as escadas com grande facilidade, a franco-alemã estava habituada e a japonesa era uma grande atleta, por este motivo não apresentavam muita fadiga ao contrário do irmão da mais velha que sempre que subia as escadas ficava extremamente ofegante, o sedentarismo claramente contribuía para isso.

-Tu vais adorar a minha mãe e o Nathaniel, bem já o conheces. Vai tudo correr bem! A minha mãe disse que era uma comida típica da Alemanha, mas se não gostares podemos sempre pedir uma pizza! - disse sussurrando a última parte para que não fosse percetível no interior da casa, onde já se ouvia Emma a cantarolar ao som de um dos inúmeros discos de vinil da filha.
Fleur segurou na mão de Kagami e a acariciou-a com o polegar, o sorriso de Kurtzberg tinha-a acalmado, apercebendo-se disso a mais velha finalmente retirou as suas chaves do bolso e abriu a porta.

-Chegamos! – gritou chamando a atenção daqueles que se faziam presentes na cozinha e sala de estar que formavam apenas um cómodo, foi possível ouvir um pequeno murmuro rabugento por parte de Nathaniel que pela distração gerada enganou-se e deitou o projeto fora em frustração, há semanas que tentava fazer algo decente, mas por algum motivo nada saí-a como esperado. A mãe dos irmãos ficou bastante feliz ao ver a sua convidada e até baixou o volume de “Bennie and the Jets” de Elton John, que colocara para se animar enquanto cozinhava.

Kagami foi recebida com um enorme sorriso e com ele um abraço inesperado, era a primeira vez que sentia aquele tipo de carinho, que lhe era negado pela frieza da sua progenitora, então ficou feliz.

-Eu avisei-te que a Kagami não gostava de contacto físico com quem não conhecia. - disse Fleur à sua mãe logo dirigindo o olhar até à sua namorada. - Desculpa…

-Tudo bem, eu até gostei do abraço- disse de maneira tímida logo cumprimentando Nathaniel com um pequeno murro no seu ombro. – É um prazer conhecê-la senhora Kurtzberg, Nathaniel pensei que já tivesses acabado o teu projeto.

-Este rapaz anda em volta dos papeis e dos lápis durante horas e acaba por deitar sempre tudo fora, nem nos explica sobre o que anda tanto a desenhar. É verdade minha querida cozinhei Eisbein, a Fleur já te deve ter falado, é joelho de porco assado com couves, ist sehr gut!- disse a mulher com um sotaque alemão um tanto carregado e ainda com expressões da sua terra natal.- Podes-te sentar à mesa, quero conhecer melhor a pessoa que a minha tochter, tanto fala!

Ambas as raparigas se sentaram à mesa, enquanto Emma literalmente arrancava o filho mais novo do sofá para que este jantasse com as três, aquelas que já estavam em uma posição confortável riram e trocaram olhares cúmplices enquanto ainda acariciavam a mão uma da outra discretamente. Algo que intrigou Kagami, foi Nathaniel não pedir ajuda à sua irmã com um trabalho que podia ser mais simples com algumas das ideias criativas da sua namorada, que também desenhava, mas mais como hobby, ou apenas fazia aqueles desenhos típicos de designer, para ter uma ideia onde coser cada coisa.

-Este trabalho tem uma temática um pouco complicada, é sobre algo que não sai da nossa cabeça pode ser: um problema, uma relação interpessoal, uma música e até mesmo uma pessoa. Eu estou a desenhar de forma subjetiva a minha relação com a minha mãe, quero que seja algo de interpretação pessoal, pode ser que outra pessoa o veja de outra maneira! - disse a mais nova sorrindo. - Podias tentar ajudar o Nathaniel, saber o que lhe vai na cabeça, ele é o meu melhor amigo, mas sabes como é teimoso em relação a isso.

-Eu vou tentar falar com ele, prometo. Espero que aquilo que lhe vai na cabeça não seja a Ladybug ou até mesmo a Marinette de novo. – Sussurrou relembrando de algumas das paixonetas do seu irmão calando-se quando ele se aproximou.

Os quatro estavam felizes, nada poderia estragar o jantar, Fleur queria fazer de tudo para que Kagami se sentisse em casa.