Capítulo 11 - "Você não precisa me aturar"

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Helena

Ouvir ele soluçar me quebrou o coração,me lembrou do Joaquim,meu irmão caçula,quando ele era criancinha e nossa mãe brigava com ele,ele vinha correndo para mim chorando,eu o acalmava,a mesma coisa acontecia ali.Eu passo a mão nas suas costas e ele vai parando um pouco de chorar.

—Eu preciso ficar um pouco sozinho Helena —Ele me olha com os olhos vermelhos e o rosto todo inchado.

—Eu vou tá lá no quarto se precisar —Digo e ele não expressa nada,nem gratidão,nem tristeza,raiva,nada.

Vou para o quarto e me sento na cama,me rosto ainda estava úmido das lágrimas,acho que foi mais por empatia do que sentimento.Depois de tomar banho,me jogo na cama e pego meu computador,ali anoto tudo o que eu vou precisar para construir meu restaurante,todas as despesas,tudo.Ouço a porta abrir e fechar,bufo impaciente com tudo e fico olhando para o teto até que eu capotei.Acordo com o celular tocando,"Maya" estava escrito na tela.

Oi Maya —Atendo e sinto sua vibração pelo outro lado da tela.

Nossa o que rolou ontem a noite! Foi tipo,muito louco! —Ouvi ela gritar do outro lado da linha.

Você sabe aonde o Denny está? —Digo praticamente ignorando o que ela falou,mas só percebi isso depois.E nem foi por mal.

Na verdade não,não converso com ele desde antes da festa. —Diz e depois bocejou,já eram dez da noite.

Se o encontrar diz que eu preciso falar com ele —Digo e ela assente.

Conversamos mais um pouco e depois desligamos.Fiquei olhando para o teto até que decido levantar e fazer o jantar,lasanha bem simples e prático.Sei que nós combinamos de não se meter na vida do outro e etc.,mas senti que precisava dar aquele apoio para ele.Quando eu estava comendo a maçaneta da porta começa a forçar,tentando abrir,meu coração começou a bater forte e a porta abriu fazendo Daniel cair para dentro.

—Ai minha nossa —Falo deixando o celular na mesa e saio correndo,me abaixo ao seu lado e coloco os dois dedos no seu pescoço tentando verificar seu pulso.

Eu vivo,pra sua infelicidade e do meu pai—Ele fala em inglês e gargalha,a sua roupa fede a álcool e o cabelo estava bagunçado.O levanto e sento ele no chão.

Eu sei que você não me suporta mais —Diz e da um sorrisinho e depois o sorriso se desfaz,fazendo seus olhos se encherem de lágrimas. —Você não precisa me aturar.

Diz com a voz embargada e depois se deita de novo no chão,fecho a porto e deito do seu lado,ficamos um bom tempo olhando para o teto da sala,as luzes da cidade refletiam no teto e ficamos lá,ele foi aproximando a mão da minha e tentou segurar a minha,comecei a pensar em tudo o que aconteceu nos meus relacionamentos anteriores e me levanto rápido.

—Ahm..você precisa tomar banho —Digo e minha voz sai baixa. —Daniel,banho.

Agrh que mal humor,meu Deus —Diz com a voz falando e me virando de lado. —Me deixe dormir,tive um dia péssimo...

Atravessei o "hall de entrada" indo na direção da cozinha,coloquei a chaleira para ferver,meu coração estava a mil igual quanto vemos nosso filme de romance preferido pela primeira vez e vê que o casal no fim ficou junto,aquela explosão de sentimentos bons,queria que esse momento fosse um daqueles momentos.Eu praticamente o arrasto para o chuveiro,tiro sua blusa e sua calça,deixo ele só de calção e enrolo uma toalha na sua cintura,depois o coloquei debaixo do chuveiro.

Não gosto de chá,faça café —Diz com a voz baixa e arrastada.Ainda estava na luta para levá-lo ao quarto. —Precisamos voltar para o banheiro.

Eu o guio o mais rápido possível de volta e ele se ajoelha perto do vazo e põe tudo para fora,agacho ao seu lado e faço carinho nas suas costas.Depois o levei até a cama e o deixei lá para pegar a chaleira junto com saches de chá de camomila,um pouco de canela e limão,receita de família,cura tudo e mais um pouco.

—Bebe —Digo o estendendo a caneca do homem de ferro e ele se faz de desentendido.

Eu não falo português,desculpa —Mente com os olhos fechados.

Você é brasileiro —Falo e ele abre o olho —Deixa de palhaçada e toma logo isso.

Falo firme e ele da de ombro pegando a caneca,da um gole enorme e senti pena da sua cara e me sinto culpada de não o avisar que estaria quente,ele faz careta mas não sei se é por causa da fervura ou o gosto,que não é um dos melhores.Gargalho e ele me olha feio.

Você é péssima! —Resmunga e depois se deitou de novo.Em poucos segundos já estava roncando.

Coloco tudo na pia e termino meu jantar,ligo para Maya para falar que eu já o encontrei,tomo banho ficando enjoada com o jeito do banheiro,para finalizar lavo a louça e passo um cheiro no banheiro(produto de limpeza).Me deito no sofá e fico lendo um livro de romance,até que pego no sono.

Entre Jogos e Aventais (Pausada)Onde histórias criam vida. Descubra agora