walk that mile - Versão em português

Dia 7

DIA SETE

Boise

Por volta de uma da manhã é quando Harry finalmente desiste do fantasma para deixar Louis assumir. Os dois colocam moletons para o próximo turno enquanto a escuridão esfria o ar no carro e então Harry se aninha no banco do passageiro enquanto Louis estica o pescoço e se prepara para ir.

A noite está mais escura do que o normal enquanto eles dirigem - a estrada sinuosa e o vazio desolado nas bordas envolto por um céu sem estrelas. Há nuvens finas acima que estão mantendo as estrelas escondidas e tudo parece estranho enquanto Louis cantarola o disco de Sam Smith que ele colocou.

Harry ronca suavemente de vez em quando, mas na maioria das vezes permanece quieto e imóvel. Louis se pega olhando para notar a suavidade de suas bochechas e a linha áspera de sua mandíbula, a forma como seus lábios se curvam em uma perfeita reverência de Cupido. São todas as coisas que ele não deve notar e tem que chamar sua atenção de volta para a estrada algumas vezes antes de esquecer onde está.

Harry o confunde. Não de um jeito ruim, necessariamente, mas em como Louis não tem certeza de como se sentir por ele. Às vezes ele pensa que desenvolveu uma queda e às vezes está tão irritado que pode empurrá-lo com cuidado para fora de um carro em movimento lento. Ele tem tantas perguntas e coisas que quer saber sobre ele - suas histórias de infância e o momento mais embaraçoso, a única coisa que ele sempre quis fazer, seu sorvete favorito. Louis quer fazê-lo rir, quer fazê-lo feliz. Ele quer isso para todos os seus amigos, mas toda vez que sua mente se lembra da noite anterior, no bar, quando eles estavam tão próximos era quase elétrico - ele não acha que esta é a mesma coisa que ele sente sobre o resto de seus amigos.

Essa é outra coisa que confunde Louis - a conversa no bar; o jeito que eles estavam falando, o quão aberto Harry era. Se Louis está conectando bem, Matt é a razão pela qual Harry começou a se tornar tão controlador em seu dia a dia. Ele é a razão pela qual Harry teve que tentar colocar sua vida em ordem. Ele é a razão pela qual Harry é meticuloso com relação aos horários e não é jogado fora do curso. Ele é a razão pela qual ser espontâneo agora é uma língua estrangeira aos ouvidos de Harry.

Louis na verdade consegue suspirar alto no intervalo entre duas músicas e ele morde o lábio na esperança de que Harry não acorde disso.

É que ele quer conhecer Harry melhor e talvez esse seja o duplo sublinhado de tudo. Ele quer conhecê-lo melhor; ele quer que Harry seja tão aberto com ele de novo quanto na noite anterior. Ele gosta dele. Talvez seja o sublinhado triplo. Louis gosta dele, ele quer conhecê-lo. Ele meio que quer queimar o itinerário e fazer Harry fazer algo que ele não planejou, mas ele ainda não fez isso.

Ele acha que é o último pensamento que o faz fazer isso. Talvez seja a tempestade perfeita da segurança na cobertura da escuridão, os roncos suaves de Harry e aquele maldito itinerário que atrai a atenção de Louis para longe da estrada para uma placa que o direciona para o Vogel Canyon, Colorado em apenas duas saídas.

— Colorado? — Louis sussurra, franzindo os lábios. Até onde ele sabe, Colorado não está em nenhum lugar em seus planos - nos planos de Harry. Ele tenta puxar seu mapa mental do canto sudoeste da América, mas os estados mais próximos do Texas apenas se confundem como sempre fazem para uma criança do norte que passa seu tempo na costa oeste.

— Foda-se — diz ele quando a próxima saída se aproxima. Ele acelera e dirige para a diagonal, puxando o jipe ​​da Rota 66 em direção ao oeste e indo, em vez disso, para o norte. Harry pode simplesmente matá-lo quando ele perceber.

*

Há algumas lojas fechadas enquanto o Texas desaparece atrás deles. Louis coloca o novo destino em seu telefone e o liga no modo silencioso, contando apenas com as direções piscantes e não com a voz automática. Diz que levará apenas três horas e meia para chegar ao Vogel Canyon, enquanto Louis estica os dedos para não segurar o volante com tanta força.