CAPÍTULO 22

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Linda Goulart

Estou sem acreditar que o Antony estava tendo uma crise depressiva. Quem via o seu jeito de todo-poderoso nunca imaginaria que por dentro ele fosse uma pessoa emocionalmente abalada. Me sinto culpada por ele estar nessa situação, nunca pensei que ele já tinha sido noivo, e que a noiva morreu um dia antes do casamento.

Isso é uma merda!

Entramos em seu quarto para que ele pudesse tomar um banho. Vi o ambiente totalmente bagunçado, o abajur quebrado, algumas roupas jogadas e sua cama desfeita. Sem perceber, meu olhar se arrastou por todo o quarto e parou no closet. O que ele nunca abria. O Santuário dela como o Arthur disse. Eu nunca perguntei o porquê, mas agora sei o motivo dele o manter fechado. Ele não havia se libertado do passado.

Imagino o quanto deve ter sido difícil abrir seu coração para outra pessoa entrar, e mesmo assim ele o abriu pra mim. Por não acreditar no que ele disse acabei massacrando ainda mais seu coração, mas pensando bem, como eu ia acreditar nele depois de tudo o que ele já me fez no passado?! Eu o amo, mas as dúvidas foram grandes quando ouvi sobre a vingança. Eu sabia o quanto Antony podia ser babaca e não queria que acontecesse novamente. Tentei evitar me machucar e me proteger, mas com isso só o fiz sofrer.

Observo ele ir ao banheiro, ele está sem camisa e mais magro. Provavelmente não estava se alimentando direito. Meu Deus, como ele deve ter sofrido durante todos esses dias.

— Amor?

— Sim, princesa. — Ele me olha de uma forma tão terna que sinto meu coração errar uma batida.

— Enquanto você toma banho vou preparar algo pra você comer. Tudo bem?

— Você vai me deixar novamente, né? — Ele diz e se aproxima de mim.

— Não vou te deixar Antony. Já falei que ficarei com você. — Eu o abraço. — Não precisa ter medo porque eu não vou te abandonar.

— Por favor, fica aqui enquanto tomo banho. Não quero te perder novamente. — Ele me olha no fundo dos meus olhos. Meu coração dói de pensar tudo o que ele passou esse mês.

— Amor... vamos sentar um pouco aqui na cama. — Puxo sua mão em direção à cama.

Me sento na cama e o abraço. Ele se encolhe em meus braços como uma criança pequena. Faço um cafuné em seus cabelos na tentativa de acalmá-lo. Me lembro que quando era criança a minha mãe me acalmava quando eu ficava com medo. Ela sempre cantava uma canção. Então começo a cantar suavemente em seus ouvidos:

Pra falar do amor de verdade, vou começar pela melhor metade e te mostrar tudo de bom que tenho, e se for preciso eu desenho; que eu amo você, que eu quero você... — Sussurro a canção e percebo que sua respiração está mais calma.

Fico acariciando seus cabelos até ele adormecer. Me levanto devagarinho para não o acordar. Ele se move um pouco para ajustar seu corpo, mas não acorda. Caminho em direção à porta para deixá-lo descansar um pouco e vou para a cozinha. Encontro Thaís e o Arthur aos amassos. Pigarreio para que eles percebem a minha presença.

— Não acredito que vocês iriam transar em cima da ilha da cozinha? — Digo me aproximando.

— Claro que não, amiga! Só não consegui resistir aos encantos deste idiota aqui. — Thaís aponta para o Arthur e ele apenas sorri.

— Linda, como o Antony está? Ele ficou mais calmo? — Diz Arthur.

— Ele está com medo de ficar sozinho, então esperei ele dormir e decidi vir aqui arrumar algo para ele comer. — Digo, apenas.

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⏰ Última atualização: Mar 03 ⏰

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De repente é amor (Reescrita)Onde histórias criam vida. Descubra agora