CAPÍTULO 07

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BÔNUS

Thaís Campbell

Ver a Linda cheia de aparelhos ligados ao seu corpo, com a cabeça raspada da cirurgia doeu meu coração, logo ela que é tão vaidosa. O médico deixou vê-la somente por cinco minutos e essa cena quebrou meu coração em mil pedaços, porque Linda sempre esteve cheia de vida.

Toco sua mão suavemente e percebo que a mesma está gelada, mas também com uma sala mais parecendo um congelador era impossível sua mão não estar assim. Faço uma pequena prece para que Deus possa ajudar que ela sobreviva sem nenhuma sequela.

— Amiga, por que você tem que sofrer tanto?! — Sussurro enquanto uma lágrima escorre pelo meu rosto.

Em minha cabeça está tudo nublado. Flashbacks de tudo o que já passamos surgem inesperadamente me deixando ainda mais desesperada diante daquela situação.

Estávamos em meu quarto planejando o que iríamos fazer para o aniversário dela, porém ela estava com o olhar distante e triste naquele dia, nem o brigadeiro que tanto ama ela quis.

— Amiga, você está tão abatida hoje? Olho para ela preocupada. Ela suspira fundo e me encara.

— Nunca consigo esconder nada de você?! Fala com os olhos cheios de lágrimas.

— Não, você não consegue! Até porque depois de tantos anos juntas, consigo decifrar você tão facilmente. — Sorrio.Você é muito transparente com seus sentimentos! Nesse momento ela leva as mãos ao rosto e começa a chorar copiosamente.

— Aí amiga, já não sei mais o que fazer... Estou passando por isso a vida toda e nunca tive coragem de contar a ninguém. Não aguento mais sofrer e nem sei como falar sobre isso, então vou te mostrar o que aconteceu. Nesse momento ela tira sua blusa, ficando nua na minha frente e quando fica de costas... Não consigo acreditar no que meus olhos veem.

— Não, não pode ser... Linda, quem fez isso com você? Temos que ir à delegacia denunciar quem foi o louco que fez isso!

Continuo olhando sem acreditar, suas costas estão cheias de cortes. Parecia que ela tinha apanhado de chicote. Chegando mais perto vi algumas cicatrizes antigas, e o pior que não eram só isso. Próximo aos seus seios haviam pequenos sinais de queimado. Ver minha amiga naquela situação era de cortar o coração.

— Não posso denunciar Thaís... Eu o provoquei, então ele me castigou. Disse que se um dia eu contasse a alguém ele matava minha mãe e que a culpa seria minha. Então... não posso denunciá-lo! Por favor, amiga, não conte a ninguém! Ela dizia entre soluços.

— Linda, não me diga que foi seu pai que fez isso?! — Pergunto com medo de ouvir sua resposta. Ela afirma com um balançar de cabeça. Arregalo os olhos diante desta constatação.

— Amiga, isso não pode ficar assim! Temos que fazer algo, olha o quanto você está machucada! Isso não é atitude de um pai! Ela continua chorando, então eu a abraço com cuidado para tentar acalmá-la. Sinto nesse momento que devo proteger minha amiga, ela não pode continuar sofrendo nas garras desse demônio!

— Thaís... dessa vez pensei que morreria apanhando dele. — Respira fundo como se precisasse de coragem para dizer o resto. — Ele me bateu tanto que desmaiei. Estou te contando porque tenho que sumir de perto dele e levar minha mãe comigo, porque uma hora ele nos matará.

Me levanto e vou na direção da minha escrivaninha e pego uma pomada que tenho em minha gaveta. Começo a passar em seus machucados com cuidado, enquanto ela suspira a cada toque meu. Penso no que ela acabou de falar. Pego alguns remédios para dor que tenho na minha necessaire com um copo de água e entrego para Linda que sem questionar toma o mesmo.

— Pensaremos em uma solução para o seu problema e juntas sairemos das vistas de seu pai! Agora deita um pouco e descansa, mais tarde vamos sair para espairecer.

Respiro fundo me sentindo nostálgica. Não é possível que depois de tudo o que passamos sua vida termine assim. Não aceito que isso aconteça com minha amiga. Observo cada detalhe dela naquela cama de hospital, é tão difícil ver quem amamos assim, e não poder fazer nada.

— Por favor, fique bem! Não quero te perder... Sussurro para me convencer que tudo irá dar certo.

— Senhorita Thaís, o seu tempo já acabou! — O doutor diz ao se aproximar. — Amanhã você pode vê-la com mais tempo no horário de visitas.

Olho para o Doutor com os olhos cheios de lágrimas, com uma pequena esperança dele falar que posso ficar mais um pouco, porém percebo que ele está irredutível com sua decisão. São regras do hospital e eu entendo que ele não possa quebrá-las. Coloco minha mão sob a mão da Linda e com o coração doendo me despeço e saio rumo ao corredor daquele enorme hospital. Chegando na recepção avisto Antony e seu amigo Arthur. Eu estava com as lágrimas correndo soltas em minha face, minhas mãos tremiam. Antony simplesmente me olha e apenas me abraça apertado como se aquele gesto fosse tirar toda a dor que estou sentindo.

— Ela está muito mal? — Pergunta com a voz trêmula.

— Ela não está como eu esperava... — Sussurro. — O que mais me assombra é o medo de perdê-la.

— Vamos acreditar que ela melhorará, temos que ter fé que tudo irá dar certo! — Ele disse enquanto afaga meus cabelos. — Sinto muito que isso tenha acontecido com ela.

— Você não tem culpa...

— Me sinto responsável porque vi tudo e não pude fazer nada.

— Mesmo assim, você não tem culpa. — Me afasto de seu abraço. — É melhor irmos para casa descansar um pouco, amanhã a gente volta. — Digo o encarando.

— Tudo bem, Thaís! Amanhã voltamos. Quero ver de perto como ela está. Arthur, eu preciso de uma carona! Vim na ambulância e estou a pé. Thaís, você precisa de carona para ir para casa? — Assume o modo executivo e dita as regras.

— Se não for incomodar? — Digo sem graça.

— Não é incomodo algum, não é Arthur? — Diz olhando para seu amigo.

— Claro que não! Posso levar vocês.

Eu olhava pela janela do carro e via as luzes da cidade. Passamos em frente a um cinema e então percebi que nesse tempo todo que Linda e eu moramos aqui nunca fomos ao cinema. Sabe aquele programa inocente de garotas? Então... Não tivemos isso. Eu só a levava para bares ou boates. Sinto-me culpada por não proporcionar o que ela realmente gostaria de fazer. 


Olá, meus amadinhos!!!

Cliquem na estrelinha bem ali e me deixem feliz... :) 

De repente é amor (Reescrita)Onde histórias criam vida. Descubra agora