PARTE 9

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Ao terminar o almoço, ajudo minha mãe a tirar os pratos da mesa e Karen também acompanha. Colocamos na pia e fomos aos estábulos pra eu trabalhar com os cavalos.

- Me lembre de não almoçar mais com sua mãe, gente, ela é assustadora.

- Ela só é protetora...

- Agora entendi de quem você puxou essa super proteção.

Sorri torto, e, quando peguei dois cavalos ela me olha estranhamente.

- Por que dois cavalos?

- Não vai querer montar?

- Não! Prefiro admirar de longe por enquanto...

Coloquei minha égua marrom de volta no estábulo e peguei meu cavalo de prova de laço para treinar com ele no redondel (círculo onde se treina e doma cavalos).

Quando começo a correr para estimular meu cavalo também a correr, logo, fico suada, e, aí acabei tirando a blusa, ficando somente de top, consegui até correr melhor sem a blusa. Minha atenção era toda ao cavalo, não podia me distrair, aí depois de correr, monto no pêlo dele e o deixo galopar em volta do circulo, e abro os braços como se fosse uma águia... E dou meu grito da liberdade. Era um grito indígena dos meus ancestrais, sim, eu tenho sangue indígena, por parte de mãe.

- Estou filmando tudo, Juh!! É maravilhoso demais ver isso!! Diria até que emocionante!! - Esbravejou de longe.

- Vem... Eu irei te segurar.

Achei que ela não iria querer, mas, me surpreendeu, acabou vindo toda animada. Dei minha mão e a puxei pra cima, acabo ficando por trás dela, e pergunto gentilmente.

- Posso segurar em você?

- Claro! Senão eu caio né!

Mesmo ela estando na minha frente às rédeas estavam em minhas mãos, e deixei o cavalo correr um pouco, podia sentir a felicidade dela subir até os olhos.

- Caracaaa, issooo é gostoso demais, Ju!! Você não faz ideia do misto de emoções que causou em mim...

- Faça também seu grito da liberdade... Crie o seu!

Ela gritou também, da forma dela, e, percebia o quanto éramos parecidas. Ao parar o cavalo, Karen vira o rosto pra me olhar, e eu encaro seus olhos e depois a boca.

- Meu coração está acelerado demais...

- É a adrenalina... De ter corrido a cavalo.

- Não acredito que seja só isso, você tem um poder sobre mim que não sei explicar, não sei nem como vim parar aqui... Em seus braços, tão refém de você.

- É porque se sente segura, eu te promovi isso, e sem querer nada em troca, gosto de ajudar. - Beijei a testa dela. E ela encara meu físico, estando um pouco trêmula.

- Sim, me sinto segura. E eu gostaria muito de viver num lugar assim...  Tendo uma pessoa como você ao lado.

- Irá encontrar alguém que combine com você. Eu estou apenas exercendo meu dever como policial.

- É mesmo? E seu dever de policial instruiu você a tocar assim tão forte no meu abdômen?

- Perdão! Vamos descer... Deixe que eu desça primeiro e depois te pego no colo.

Quando ela foi pro meu colo, acabou caindo em cima de mim, e ficamos um tempo se olhando.

- Você está tremendo Ju... Está com frio?

- Agora que fiquei parada sim...

De forma inesperada... A Karen tira toda sua roupa de cima, estando em cima de mim, e me abraça forte.

- Posso te aquecer.... - Fiquei sem reação, mas, acabei cedendo, abracei suas costas com certa firmeza.

- Você é uma mulher muito atrevida... Se aproveitando de mim assim toda vulnerável e com frio.

- Vai me dizer que detestou me ver assim? Parcialmente nua pra você...

- Não quero me deitar com você Karen, não entende isso? Estamos num momento delicado seu, você pode acabar confundindo gratidão com obsessão. Conheço casos assim...

- Você não acha que está exagerando demais? Você é mais paranóica do que eu. - Acabou se levantando de cima de mim, e foi se vestindo meio aborrecida.

Eu tinha também meus problemas de se relacionar com as pessoas. Ainda mais sabendo que conheço pouco essa Karen, não sei o que ela quer de mim, ainda. 

Sob a luz do SolOnde histórias criam vida. Descubra agora