Contagem regressiva.

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oi, amores!

o capítulo de hoje aborda temas como ansiedade e homofobia; não leia se ficar desconfortável, vou deixar um breve resumo nas notas finais caso alguém opte por não ler certas partes.


boa leitura!

⸝⸝ᵕᴗᵕ⸝⸝

Jungkook estava contando os dias.

A pior sensação que ele podia sentir, sempre envolvia sua mãe de alguma forma. Fosse uma angústia extrema, uma raiva insana ou uma ansiedade tão vívida que seu corpo inteiro chegava a tremer, absorvendo aquele medo enraizado por anos; quando julgava ter melhorado, se enganava não muito depois e a frustração tomava conta de sua mente. Em momentos de reflexão — geralmente eles surgiam quando tentava acalmar o coração disparado — ele percebia a ironia de, mesmo ter se tornado independente tão cedo, ainda sentia essa sensação ruim lhe corroendo por dentro.

Era uma relação de mãe e filho que poderia ser utilizada como exemplo de dicionário para a palavra tóxica ou qualquer variação tão podre quanto. Jungkook estava se obrigando a focar a mente em, porra, qualquer coisa. Passava horas jogando todos os jogos de seu computador, até mesmo os que dizia odiar e se arrepender de ter pago; assistia Criminal Minds tudo de novo, e de novo, e de novo, porque saber o que estava prestes a acontecer no episódio era reconfortante.

Uma zona de conforto que se transformava em uma bolha de vidro, e Jungkook morria de medo de estourá-la.

Distraía-se com a comida de Taehyung. Com a risada dele. Com as piadas sujas. Com beijos e carinhos. Com o sexo quente. Mesmo que ele fosse muito bom em disfarçar, às vezes flagrava o namorado o encarando de um jeito... diferente, como se soubesse que tinha algo fora do lugar, algo sendo sufocado até a garganta do Jeon.

Ele não perguntava e Jungkook não dizia nada. Não é como se conseguisse fazê-lo, no final das contas.

— Você sabe que pode falar comigo, não sabe? — Taehyung disse uma vez, enquanto o namorado se afogava na mente conturbada. Eles trocaram um olhar silencioso, sentados frente a frente no balcão, um prato cheio do melhor tteokbokki do mundo entre os dois. Jungkook agarrou uma quantidade generosa com os palitinhos, fugindo dos que tinham muitas cebolinhas agarradas. — É tempero, Jungkook, você não vai morrer se comer.

— Não quero. — Ele resmungou e encheu a boca com os bolinhos de arroz em formato cilíndrico, os olhos fugindo do contato visual enquanto mastigava. — E conversar sobre o que, exatamente?

— Sobre o que você tá sentindo. — Taehyung levantou seu queixo com uma das mãos para que pudesse olhá-lo direito. Tinha um sorriso doce nos lábios do mais velho e Jungkook sentiu a garganta doer, gostava muito dele. — Não precisa aguentar tudo sozinho, sabe? Eu tô aqui pra te ajudar.

— Não consigo ficar tranquilo, Taehyung.

— Tudo bem. — O loiro dá de ombros e se inclina para beijá-lo na testa. — Só me deixe saber se precisar de qualquer coisa.

— Ok.

Faltando dois dias, JK não conseguia acalmar o coração acelerado. Ele tinha negado a oferta de acompanhar o Kim ao supermercado, mesmo que fosse sua atividade doméstica favorita de fazer ao lado do cara por quem estava apaixonado, simplesmente não tinha forças para levantar da cama naquela manhã. Olhou o calendário do celular muitas vezes, como se quisesse confirmar que não era sua mente tentando lhe pregar uma peça

Jungkook estava debaixo do cobertor, quentinho mesmo com o aquecedor desligado. Seus olhos teimavam em fechar, mesmo que um turbilhão de pensamentos ruins atrapalhasse que o moreno caísse no sono quando seu telefone acendeu na mesa de cabeceira; a luz do aparelho iluminou o quarto escuro.

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