Capítulo 9

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                                                                              LUCIEN

Que mortal irritante! Que fique sozinha com os seus dramas! Ela simplesmente aceita minha ajuda e depois surta, uma hora eu posso falar com ela e na outra e devo me calar, já conheci mortais burros e orgulhosos, mas essa, especificamente, me tira do sério!

Burra ao ponto de preferir ficar em um floresta que a deixa em constante perigo ao invés de uma casa que a trará conforto.

Mas, já fiz o que estava ao meu alcance, a vida dela não é responsabilidade minha.

Estou quase chegando no local em que amarrei os porcos imundos.

Espero que recebam o merecido.

As palavras de Garen ao meu respeito podem ser verdade, mas em específico, não sabia que muitos sabiam sobre os sentimentos de Elain por mim, imagino como isso chegou ao ouvido de muitos..

Será que Elain comentou com alguns o quanto se sente incomodada por ter um laço de parceria com um macho como eu..

Não claro que não, por mais que não tive a oportunidade de conhece-la melhor, não é o tipo de coisa que ela comentaria.

Só espero que algum dia ela não sinta nojo da minha presença, é o máximo que posso esperar.

E que se mãe desejar, Feyre pare de me olhar como um pobre coitado que perdeu um amor e agora é rejeitado pela parceira, não quero a pena de ninguém, nem mesmo a de Freyre.

Um grito da humana que deixei agora pouco surge invadindo meus ouvidos.

interrompo minha caminhada sobre a floresta escura e fortes correntes geladas de ar.

Volto em direção ao local que a deixei, um grito com sua voz assustada diz:

— Lucien por favor... Lucien ela vai me pegar... socorro... socorro.

Pela mãe!

Quem está querendo pegá- la.

Procuro enquanto corro o mais veloz que posso.

Grito:

— Onde você está? onde você está?

Ela me responde quase que sem ar:

— Aqui! não consigo... não consigo... respirar... me ajuda!

Hoje é o dia das desgraças!.

Consigo enxergá-la no chão abraçada com os joelhos e ao que me parece ela tenta procurar ar mas parece que se esqueceu como se faz...

Aproximo-me e pergunto:

— O que aconteceu? Me diz, preciso ajudá-la.

Mas só o que a mortal consegue é ficar repetindo: a fera.. ela vai me pegar.. a fera... preciso respirar, preciso respirar, tudo isso em sequência.

O que aconteceu? não vejo fera e nenhum perigo evidente...mas se ela está sem ar...

Seria uma das crises que em algumas noites tive?

Também parecidas com as de Feyre...

Talvez eu consiga ajudá-la da forma que me ajudei durantes muitos anos.

— Me escute mortal, está tudo bem, não tem mais nenhuma fera, somos só nós dois, você precisa se esforçar e me ouvir, ok.

a humana diz assustada:

— Eu não vejo nada e não respiro nada, não consigo me concentrar.. não consigo...

— Consegue, não está muito escuro, abra os olhos e olhe as estrelas no céu, pode abrir, não vai lhe acontecer nada.

— Se eu abrir— ela dá uma pausa respirando com dificuldade— vou conseguir ver a fera...

— Não tem fera, eu prometo que só tem nós dois, tente olhar para o céu, lá sempre existe luz.

A humana olha para as estrelas dizendo:

— Eu preciso de mais luz, por favor me ajude a respirar.. eu não consigo...

Não sei o que posso fazer... Pense Lucien! você já enfrentou tantas crises como essa e agora está parecendo um inútil...

Deito-me do lado da humana e digo:

— Respire e inspire comigo, tudo bem? Quero que olhe comigo para o céu e me ajude a contar as 100 estrelas mais brilhantes que os seus olhos conseguem captar.

A humana deita-se de frente para o céu que se parece com um mar de brilhos, uma enchente de estrelas brilhantes, estrelas grandes como pequenas miniaturas do sol, como estrelas solares.

— Aponte as estrelas que gostar e conte comigo e se concentre na minha respiração.

A humana, tremendo e buscando ar, olha fixa para o céu estrelado, aponta para as que mais brilham e juntos, ela com um pouco dificuldade na fala:

— Uma... Duas.... Três ... seis... dezesseis ... vinte e uma..

Me levanto com cuidado enquanto a humana continua contado:

— Vinte e seis.. vinte e sete...

Vou fazer uma pequena fogueira até ela se acalmar.

Coloco alguns galhos e folhas secas que estavam ao redor.

Acendo a fogueira rapidamente, e a humana que já estava em contado a estrela de número 59 se espanta e olha para o fogo dizendo:

— Você fez uma fogueira! eu já não sinto falta de ar... Muito obrigada...

Ela senta -se com os cabelos negros e longos bagunçados olhando o fogo com urgência e de uma forma intensa que acredito que só esse olhar é suficiente para que a chama nunca mais se apague. 

Corte de Imaginação e LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora