Capítulo 16

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                                                                    Lucien

A noite de sono foi boa, finalmente estou me acostumando a dormir sem sentir medo, estou, aos poucos relaxando, aos poucos vou conseguindo paz.

O sonho... que tive... com ela... estou esperando passar o efeito que fez com meu corpo....

Que vergonha... minhas veias estão fervendo, cada célula do meu corpo está dilatando, a tanto tempo não sinto algo como isso... desde Jesminda...

Aislin estava deslumbrante, o seu cheiro inebriante e aquela boca.. e mãos...

Não devo pensar nisso... preciso me levantar, e banhar com uma água gelada para acabar com a resposta extremamente viva de meu corpo em resposta ao sonho.

***

A noite está muito calma hoje, fiz todas as minhas obrigações, aos poucos os humanos estão recuperando o que perderam.

Estou com uma enorme vontade de ir ao bar de Taven...

Não sei se é uma boa ideia.. depois do sonho que tive.

Mas foi só um sonho, não tem nada de mais...

Vou lá para beber e ouvir a música, se conseguir sentar na última mesa e de costas, não vou olhar para ela e poderei ficar em paz.

Como estou afim de beber sozinho, não vou chamar os outros, vou sair escondido...

***

Já estou aqui a horas e Aislin não me serviu em nenhuma das vezes.

Não que eu queira, mas será que ela está me evitando? Não acho que no dia que caímos na lama ela tenha ficado com raiva, ela estava normal.

Me lembro que ela me disse que não gosta da presença do meu povo, então deve ser isso, ela sente muito ódio e nojo, quer manter distância.

Talvez ela fale comigo por causa do dia em que lhe ajudei.

Uma feérica com a pele como a minha e cabelos extremamente longos e claros, sentada na última mesa não para de me encarar e sorrir.

Não sei o que fazer, já fiquei com a cabeça abaixada por tanto tempo que meu pescoço está doendo, estou ignorando ela, mas ela não para.

Por isso gosto de sentar na última mesa, assim sempre olho para a parede e nada desse tipo acontece.

Não tive a sorte de pegar a última mesa, então me restou a penúltima.

Ela se lavanta e rapidamente viro o meu pescoço.

Que ela não fale comigo , que ela não fale comigo..

— Lucien Vanserra, oi. — Diz a feérica mostrando um largo sorriso

— Só lucien, por favor, oi.

— Estava lhe observando, você está solitário e eu também , estão tocando uma bela melodia, quase todos estão dançando, dança comigo?

— Não gosto de dançar, sinto muito.

— Só uma dança, por favor— ela faz beicinho, vira o cabelo longo para um lado e desce a mão pelo decote de seu vestido verde.

— Não estou com vontade, vim até aqui apenas para beber.

— Tudo bem, entendo que você como um grão-feérico não queira andar com feéricos.

— Não, não sou assim, prefiro ficar sozinho mesmo.

Espero que ela vá logo embora, não sei mais que desculpa falar.

— Vou te deixar em paz, tchau Lucien.

— Tchau.

Que alívio, encho o copo com bebida e o levo a minha boca, o líquido desce quente pela minha garganta, gosto dessa sensação.

Dançar... não danço a tanto tempo...

Na verdade, amava dançar, Jesminda também, ela me levava a vários lugares, só pela música, dançavamos todas as melodias que os músicos tocavam, ela realmente amava aquilo, a coisa favorita dela, e se tornou a minha também, mas hoje, dançar me traz lembranças, o riso dela por estar dançando, o jeito que ela me envolvia , ela dizendo só mais uma dança querido e na verdade não estava nem perto do fim.

Não odeio a música, amo, cada canção me traz ela, a parte que sobrou de Jesminda, ela estará viva enquanto a música existir.

Ela era feliz e com ela eu fui feliz.

Mas isso já faz tempo, ela não gostaria de me ver assim, melancólico, gostaria de me ver dançando, fazendo isso por ela, mas ela me arrasou, não consigo.

A feérica loira me interrompe e diz:

— Tome um drink comigo, só um drink e vou embora.— ela está segurando dois drinks, todos vermelhos.

Espero que vá mesmo e me deixe com meus pensamentos melancólicos em paz.

— Tudo bem.— Pego um dos drinks e ela se senta em minha frente.

— Vamos beber de uma vez, juntos!

E fazemos isso, o líquido que pensei ser uma bebida fraca, na verdade é bem forte, não me lembro de já ter bebido algo assim.

— Gostou?

— Sim, é um bom drink.

— Você nem imagina.

Realmente a bebida é forte, estou me sentindo mais embriagado.

— Lucien, o que faz aqui nas terras humanas?

— Eu... estou ajudando.

— Ajudando como?— ela se inclina para a frente e me olha nos olhos, a visão de meu olho está embasada... que bebida foi essa?

— O que você me deu para... beber?

— Um drink normal, pode me chamar de Ilan.— agora está tudo rodando, não estou bem....

— Ilan, você tem...— abaixo a cabeça, não estou conseguindo falar, meu corpo está fraco, nunca senti algo assim, nem quando bebia muito.

Ilan senta-se ao meu lado, bem perto e diz:

— Tudo bem, vou cuidar de você agora.— Passa as mãos em meus cabelos, em meu rosto, tento afastar suas mãos, mas ela é ágil, não estou conseguindo falar.

Quero ir embora, não quero que ela me toque.

— Tudo bem Lucien, só vamos nos divertir, não tem nada de mais, você vai gostar, seus cabelos são macios, sou apaixonada por você há tanto tempo, e você está sozinha há tanto tempo, quero cuidar de você, depois que descobri que você estava sozinho nas terras mortais, eu soube que essa era a oportunidade perfeita.

O bar está girando e ela falando coisas, entendo algumas e outras não.

Ilan está passando a mão pelo meu pescoço e braço.

digo a ela:

— Me... solte

— Calma, estou cuidando de você, vamos brincar um pouco e depois levo você para a estalagem.

Ela beija minha bochecha, não quero, não consigo me afastar.

Ela me lembra Ianthe, as sensações são as mesmas, não quero.

Ilan está com as mãos no cinto de minha calça.

— Ouvi falar muito bem sobre você.

Só queria que ela parasse... mas estou sem forças... espero que acabe logo...

— Tire as mãos dele sua desgraçada.— diz uma voz familiar, a voz de Aislin.

Corte de Imaginação e LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora