Capítulo 6

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A casa era um verdadeiro luxo, percebi isso enquanto subia as escadas para sair da garagem. Ret tirou umas chaves e destrancou a porta da sala. Aquilo parecia mais uma mansão do que... Uma casa na favela.

Havia uma televisão enorme na parede e uma sofá bem no centro, tudo era preto e branco, cortinas blackouts, mesinhas de centro, tapete, tudo organizado e limpo.

- Cidinha vem limpar aqui duas vezes na semana então não precisa preocupar com isso. - Eu ainda olhava ao redor totalmente hipnotizada e envergonhada.

Ele começou a subir uma escada que dava para o andar de cima e eu o segui. Havia várias portas pelo corredor e um tapete enorme se estendia por cada quina do chão.

- Meu quarto é o do final do corredor. - Ele começou a caminhar e entrou em uma das portas. - Pode dormir nesse daqui por enquanto. - Ele colocou as sacolas de lixo no chão e eu fiz o mesmo encarando a cama de casal e os móveis. - Perae.

Ele saiu, e eu fiquei sozinha com meus pensamentos. Dei um passo atrás do outro passando o indicador sobre a cômoda que ficava de frente para a cama, havia uma televisão grudada na parede acima dela. Continuei olhando, então me virei e sentei na cama resistindo ao impulso de chorar, novamente.

Ret voltou minutos depois com lençóis limpos nas mãos, toalhas e tudo mais.

- Eu guardo isso porque as vezes minha mãe cola ae sem avisar, então tem sempre um lençol guardado. - Ele avisou mas minha expressão estava congelada. - Tudo bem, eu...

- Você sabe de algum barraco pra alugar por aí? - Perguntei.

- Não mas se tu quiser posso pedir pra um dos foguete olhar. - Ele deixou os lençóis em cima da cama e parou me avaliando. - Olha mina, eu sei que é uma situação de merda essa.

- Você sabe? - Questionei.

- Infelizmente. - Eu suspirei. - Oh, faz assim. Toma um banho bem quente, que vou pedir pra um dos foguete subir com uns dogão do Luís, pode ser? - Sorri comigo mesma enquanto me levantava.

- Você não tem que... Sei lá, trabalhar não? - Comecei a vasculhar as sacolas atrás de roupas.

- Não. - Respondeu.

- Tá mas, e sua... Fiel? - Continuei remexendo pelas sacolas de costas pra ele. - Ela não vai achar ruim eu... Ficar aqui por um tempo?

- Não tenho nenhuma fiel. - Ele respondeu. - Tem as que acha que é, mas não nóia com isso não. - Ret ficou em silêncio, eu finalmente tinha achado um pijama e uma calcinha. - O banheiro é na porta ao lado.

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O banheiro era espaçoso e incrivelmente branco. Nem pensei em perguntar com que dinheiro pagou aquele luxo todo, no fundo eu sabia. O banho me revigorou, dos pés a cabeça embora lá fora já estivesse tarde e pelo barulho, chovendo. Vesti o pijama e sequei meu cabelo na toalha mesmo, respirei fundo encarando meu reflexo no espelho. A Pâmela que eu vi estava... Cansada, extremamente cansada.

Após quase uma hora tomando coragem, finalmente saí do banheiro e caminhei pelo corredor em silêncio, ouvi o barulho da televisão lá embaixo e segui por esse caminho. Ret estava numa extremidade do sofá enrolado em uma coberta, seus cabelos também estavam úmidos e ele não usava mais calça jeans e jaqueta, apenas uma blusa preta grande junto de uma calça de moletom folgada.

- O lanche tá em cima do balcão. - Ele avisou e eu passei depressa na frente dele indo até o lugar. Sentei em um banquinho e paralisei por alguns segundos encarando o lanche impecavelmente embalado. Enquanto lá fora uma chuva torrencial caía, aqui dentro eu tremia enquanto abria o cachorro-quente e começava a tirar cada uma das uvas-passas. - Tu não come? - Sua voz soou extremamente perto me assustando e fazendo algumas cair no chão.

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