Capítulo 10

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Estava sentada na calçada da casa de Ret esperando ele chegar, meu apetite havia simplesmente desaparecido. Avistei algumas horas depois ele, mas não da forma que eu queria.

Jenifer segurava firmemente sua mão e tinha os olhos vermelhos das lágrimas. Ret tinha o maxilar travado e quando me viu, trincou mais ainda.

- SUA PIRANHA! - Jenifer gritou fazendo todos ao meu redor olhar. Respirei fundo e me levantei encarando a cena. - Ret ela me bateu tanto e...

- Eu te bati? - Arqueei uma sobrancelha. - Olha só, quero buscar minhas coisas e ir embora. - Me virei para Ret que analisava a situação em silêncio. - Essa desequilibrada sentou na mesa que eu estava lá no restaurante e simplesmente começou a falar de raspar meu cabelo e que sabia todos os meus passos. - Ret encarou Jenifer que tentava negar com a cabeça, mas logo o ar de "inocente" desapareceu do seu rosto, dando lugar a raiva.

- VOCÊ ME PAGA VAGABUNDA! - Ela gritou e eu dei um passo em sua direção, Ret estendeu um braço entre nós pronto pra separar uma briga.

- Eu acho bom tu abaixar o tom de voz comigo. - Minha voz era baixa, mas meus olhos intimidadores. - Antes que o bagulho fique feio pro teu lado. - Ela se calou.

Um dos meninos que trabalhava com Ret se aproximou e começou a falar com Jenifer, levando-a para longe dali. Me virei para Ret que já destrancava o portão. Caminhei atrás dele enquanto abria a porta.

Quando entrei na sala, suspirei caminhando até o quarto na parte de cima. Meu estômago roncava, mas eu precisava sair dali agora.

Ouvi passos no corredor enquanto dobrava minhas roupas e guardava na mala.

- Ei... - Ret chamou se aproximando. - Tu não precisa ir.

- Faço questão. - Suspirei irritada.

- Para de ser orgulhosa, morena.  - Ele me cutucou e eu virei bruscamente chocando meu corpo contra o seu, tão perto.

- E-eu... - Naquele momento esqueci completamente as palavras, ele estava tão próximo e... - Ret...

- Que... - Ele sussurrou colocando as mãos no meu pescoço e aproximou os lábios dos meus. - Gostei de ver tua postura na favela hoje. - Ele passava o polegar pelo canto da minha bochecha acariciando.

- P-para... - Coloquei as mãos por cima das suas.

- P-para tu de fugir disso, morena. - Ele colou mais ainda nossos corpos. - Tu também tá sentindo isso, mas fica fugindo. Deixa os bagulho acontecer...

- V-você n-não é confiável. - Respondi simplesmente.

- Sou mais do que imagina. Tô te pedindo espaço pra provar meu valor...

- E a mulher louca que tá lá na rua querendo me matar? - Questionei.

- Ela é carta fora do baralho. E eu nunca vou deixar ela e nem ninguém tocar em tu. - Ele afirmou. - Ninguém.

Não sei se as coisas entre nós aconteceram rapidamente, ou se demorou muito tempo. Mas definitivamente, naquele momento estava acontecendo. Suas palavras me cercavam e guardavam, me davam conforto e me fazia querer ficar.

Na maior parte do tempo, eu estava irritada com ele, mas quando não estava, ficava excitada. É por isso que deixei que aquele beijo acontecesse. Não só aquele. Quando empurrei meus lábios contra os seus, foi uma confirmação até para mim de que de agora para frente eu deixaria meus preconceitos de lado e viveria intensamente o agora. Se no futuro isso desse errado, queria muito ter lembranças boas e marcantes.

E deixei, deixei que sua língua me encontrasse, deixei meu coração se abrir pra ele, porque na verdade eu estava cansada de resistir. Cansada de fingir não sentir nada. Minhas cicatrizes do passado ainda doíam, mas agora... Aqui no seus braços, elas pareciam tão insignificantes. Uma de suas mãos desceu por minha cintura enquanto as minhas espalmavam seu peito, fiquei na ponta dos pés para alcançá-lo e continue investindo contra sua boca.

๑Sensations๑Onde histórias criam vida. Descubra agora