PÂMELA DUARTEAssim que terminei de arrumar os móveis dentro da casa alugada, me joguei diretamente em cima da cama e relaxei.
Comprei apenas o básico com o valor do acerto da empresa, o que me manteria pelo menos nesse primeiro mês, precisava encontrar um emprego nos próximos dias.
Filipe me ajudou a encontrar pessoas que estavam vendendo móveis usados, além disso, me ajudou com o deslocamento dos móveis. Nos últimos dias ele tem ficado muito ocupado com as coisas relacionadas a boca e se eu o conhecesse mais, diria que estava até preocupado.
— Morena! — Ele chamou da entrada da casa.
— Entra aí. — Falei alto sem me mover.
— Qual foi, maluca, morreu?
— Ainda não mas, quase. — Eu sorri e me levantei.
— Vim te chamar pra gente dá um rolê por aí.
Encarei Filipe, ele não usava nenhuma blusa, o que evidenciava e muito as tatuagens. Salivei com a visão de seu peitoral e voltei a olhar para o seu rosto.
— Onde? — Perguntei curiosa.
— Surpresa. — Ele sorriu. — Te arruma que vou pedir um dos foguetes pa descer pa te levar, beleza?
— Beleza. — Concordei.
— Até mais tarde, Morena. — Ele falou e saiu logo em seguida, me deixando sorrindo que nem boba.
***
Ok. Definitivamente eu não sabia o que usar em um primeiro encontro com ele e eu nem sabia se isso era propriamente um primeiro encontro.
Como a noite estava quente, escolhi uma saia curta preta e um cropped preto que valorizava muito meus seios. Deixei meu cabelo solto e fiz alguns cachos na ponta, além disso, fiz uma maquiagem leve.
Assim que o foguete chegou de moto, meu coração começou um ritmo intenso em meu peito.
Ele pilotou até uma parte alta do morro e assim que desci eu soube que tudo aquilo seria marcante.
Ret preparou a laje de uma forma tão intima que dava pra ver as estrelas assim como morro lá embaixo. Não era a parte mais alta do morro mas era com certeza a mais alta que eu já tinha ido.
Ele estava deitado em algumas travesseiros enquanto mexia no celular e se levantou prontamente assim que entrei no cômodo.
— Filipe. — Chamei encarando a mesa de jantar, o vinho em cima da mesa, no canto uma mesa com outras infinidades de bebidas e petiscos aguardava.
— Carai, tu tá uma perdição, hein Morena, fico fraco demais. — Ele sorriu e se aproximou, o perfume forte me inebriou e eu ergui o rosto incrivelmente atraída por cada detalhe dele.
— Tá tentando ser romântico? — Segurei o riso e ele sorriu dando de ombros parecendo quase envergonhado.
— Testando umas coisas novas, sabe. — Ele sorriu e eu também, desviando o olhar para meus pés. — Vinho ou cerveja?
— Cerveja. — Sorri e ele buscou duas latinhas.
— Porra, o céu daqui é lindo demais. Tudo daqui é lindo demais. — Observei a paisagem.
— É um dos meus lugares favoritos. — Ele me entregou a latinha aberta e eu bebi sentindo álcool entrar.
— Qual é seu lugar favorito?
— Um dia eu te conto. — Ele sorriu. — Vem, deita aqui. — Ele se deitou entre os travesseiros e lençóis e eu fiz o mesmo.
Meus músculos estavam tensos e eu comecei a analisar a situação em um todo. O Filipe não era esse cara, eu sabia o que exatamente ele queria mas pensando bem, talvez eu devesse querer a mesma coisa que ele.
Que futuro exatamente eu teria com ele?
Por que só não aproveitar o momento e quem sabe os momentos que viriam?
O silencio que se seguiu me incomodou e eu senti que precisava falar um pouco sobre isso.
— Sabe, não me agrada muito me envolver com um traficante. — Falei simplesmente, seus olhos castanhos me encararam mas ele não reagiu da forma que eu esperava, Ret concordou e bebeu da cerveja silenciosamente.
— Porque? — Ele perguntou. — Tô ligado que tem a parada do perigo as perseguições mas a galera aqui da comunidade é feliz assim. Mesmo que as vezes não mas na maior parte do tempo sim.
— Acho que não só o perigo. — Encarei minha latinha e coloquei ela em pé ao meu lado, ao mesmo tempo que deitava em cima dos lençóis encarando o céu estrelado.
— Então o quê? Como dono disso tudo eu tenho tanto poder quanto qualquer um do asfalto.
— O seu dinheiro não me impressiona. — Ele me encarou por alguns segundos. — Deita aqui. — Dei batidinhas no lençol ao meu lado e ele prontamente atendeu ao meu pedido. — Eu acho que não conseguiria ficar o resto da vida olhando por cima do ombro. — Falei simplesmente. — Presa na favela porque sair pode resultar em uma vida inteira dentro de um presídio e acho que já visitei o suficiente pra saber que é o próprio inferno na terra.
— Essas coisas a gente acostuma. — Ele encarou o céu e eu encarei ele, seu maxilar proeminente e seus lábios entreabertos.
— Nunca me acostumaria em não ter paz. — Encarei o céu novamente. — O mundo é tão grandioso lá fora e viver aqui, preso... — Respirei fundo. — Você gosta do que faz?
Ele não respondeu de imediato, acho que nem ele esperava essa pergunta.
— Não sei mas, é tudo que eu conheço, tá ligado, já é tarde demais pa mim.
— Acho que nunca é tarde demais pra quem tá disposto a tentar. — Ele me encarou.
— Caralho, tu fala bem pa carai. — Ele sorriu.
— Sou meio dramática. — Sorri.
Aquele assunto não renderia mais nada entre nós mas, pra mim, foi um divisor de águas.
Definitivamente um relacionamento duradouro com Filipe era impossível, totalmente inconcebível. Mas a atração ainda estava aqui, a curiosidade, o desejo.
Talvez eu devesse parar de pensar nas circunstâncias e dar uma oportunidade para a sensações que ele me despertava.
***
NOTAS DA AUTORAVamos dar uma esquentada...?!
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๑Sensations๑
Fanfiction"Ele está disposto a fazer dela, a rainha da favela..." Conteúdo adulto⭐️ . . Com apenas 20 anos, Pâmela Duarte se vê obrigada a sustentar responsabilidades que qualquer jovem na sua idade não deveria ter. Com uma língua afiada e personalidade forte...