Capitulo 12

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PÂMELA DUARTE

Assim que terminei de arrumar os móveis dentro da casa alugada, me joguei diretamente em cima da cama e relaxei.

Comprei apenas o básico com o valor do acerto da empresa, o que me manteria pelo menos nesse primeiro mês, precisava encontrar um emprego nos próximos dias.

Filipe me ajudou a encontrar pessoas que estavam vendendo móveis usados, além disso, me ajudou com o deslocamento dos móveis. Nos últimos dias ele tem ficado muito ocupado com as coisas relacionadas a boca e se eu o conhecesse mais, diria que estava até preocupado.

— Morena! — Ele chamou da entrada da casa.

— Entra aí. — Falei alto sem me mover.

— Qual foi, maluca, morreu?

— Ainda não mas, quase. — Eu sorri e me levantei.

— Vim te chamar pra gente dá um rolê por aí.

Encarei Filipe, ele não usava nenhuma blusa, o que evidenciava e muito as tatuagens. Salivei com a visão de seu peitoral e voltei a olhar para o seu rosto.

— Onde? — Perguntei curiosa.

— Surpresa. — Ele sorriu. — Te arruma que vou pedir um dos foguetes pa descer pa te levar, beleza?

— Beleza. — Concordei.

— Até mais tarde, Morena. — Ele falou e saiu logo em seguida, me deixando sorrindo que nem boba.

***

Ok. Definitivamente eu não sabia o que usar em um primeiro encontro com ele e eu nem sabia se isso era propriamente um primeiro encontro.

Como a noite estava quente, escolhi uma saia curta preta e um cropped preto que valorizava muito meus seios. Deixei meu cabelo solto e fiz alguns cachos na ponta, além disso, fiz uma maquiagem leve.

Assim que o foguete chegou de moto, meu coração começou um ritmo intenso em meu peito.

Ele pilotou até uma parte alta do morro e assim que desci eu soube que tudo aquilo seria marcante.

Ret preparou a laje de uma forma tão intima que dava pra ver as estrelas assim como morro lá embaixo. Não era a parte mais alta do morro mas era com certeza a mais alta que eu já tinha ido.

Ele estava deitado em algumas travesseiros enquanto mexia no celular e se levantou prontamente assim que entrei no cômodo.

— Filipe. — Chamei encarando a mesa de jantar, o vinho em cima da mesa, no canto uma mesa com outras infinidades de bebidas e petiscos aguardava.

— Carai, tu tá uma perdição, hein Morena, fico fraco demais. — Ele sorriu e se aproximou, o perfume forte me inebriou e eu ergui o rosto incrivelmente atraída por cada detalhe dele.

— Tá tentando ser romântico? — Segurei o riso e ele sorriu dando de ombros parecendo quase envergonhado.

— Testando umas coisas novas, sabe. — Ele sorriu e eu também, desviando o olhar para meus pés. — Vinho ou cerveja?

— Cerveja. — Sorri e ele buscou duas latinhas.

— Porra, o céu daqui é lindo demais. Tudo daqui é lindo demais. — Observei a paisagem.

— É um dos meus lugares favoritos. — Ele me entregou a latinha aberta e eu bebi sentindo álcool entrar.

— Qual é seu lugar favorito?

— Um dia eu te conto. — Ele sorriu. — Vem, deita aqui. — Ele se deitou entre os travesseiros e lençóis e eu fiz o mesmo.

Meus músculos estavam tensos e eu comecei a analisar a situação em um todo. O Filipe não era esse cara, eu sabia o que exatamente ele queria mas pensando bem, talvez eu devesse querer a mesma coisa que ele.

Que futuro exatamente eu teria com ele?

Por que só não aproveitar o momento e quem sabe os momentos que viriam?

O silencio que se seguiu me incomodou e eu senti que precisava falar um pouco sobre isso.

— Sabe, não me agrada muito me envolver com um traficante. — Falei simplesmente, seus olhos castanhos me encararam mas ele não reagiu da forma que eu esperava, Ret concordou e bebeu da cerveja silenciosamente.

— Porque? — Ele perguntou. — Tô ligado que tem a parada do perigo as perseguições mas a galera aqui da comunidade é feliz assim. Mesmo que as vezes não mas na maior parte do tempo sim.

— Acho que não só o perigo. — Encarei minha latinha e coloquei ela em pé ao meu lado, ao mesmo tempo que deitava em cima dos lençóis encarando o céu estrelado.

— Então o quê? Como dono disso tudo eu tenho tanto poder quanto qualquer um do asfalto.

— O seu dinheiro não me impressiona. — Ele me encarou por alguns segundos. — Deita aqui. — Dei batidinhas no lençol ao meu lado e ele prontamente atendeu ao meu pedido. — Eu acho que não conseguiria ficar o resto da vida olhando por cima do ombro. — Falei simplesmente. — Presa na favela porque sair pode resultar em uma vida inteira dentro de um presídio e acho que já visitei o suficiente pra saber que é o próprio inferno na terra.

— Essas coisas a gente acostuma. — Ele encarou o céu e eu encarei ele, seu maxilar proeminente e seus lábios entreabertos.

— Nunca me acostumaria em não ter paz. — Encarei o céu novamente. — O mundo é tão grandioso lá fora e viver aqui, preso... — Respirei fundo. — Você gosta do que faz?

Ele não respondeu de imediato, acho que nem ele esperava essa pergunta.

— Não sei mas, é tudo que eu conheço, tá ligado, já é tarde demais pa mim.

— Acho que nunca é tarde demais pra quem tá disposto a tentar. — Ele me encarou.

— Caralho, tu fala bem pa carai. — Ele sorriu.

— Sou meio dramática. — Sorri.

Aquele assunto não renderia mais nada entre nós mas, pra mim, foi um divisor de águas.

Definitivamente um relacionamento duradouro com Filipe era impossível, totalmente inconcebível. Mas a atração ainda estava aqui, a curiosidade, o desejo.

Talvez eu devesse parar de pensar nas circunstâncias e dar uma oportunidade para a sensações que ele me despertava.

***
NOTAS DA AUTORA

Vamos dar uma esquentada...?!

๑Sensations๑Onde histórias criam vida. Descubra agora