parte VI

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Futuro.

Laurel.

- É muito atrevimento mesmo Asher.

Empurrei a porta contra ele e o pedi que fosse embora.

- Sai daqui garoto.

- Não vou a lugar nenhum sem ter um beijo seu... não precisa ser só um beijo se não quiser...

Ele empurrou a porta com a palma da mão.

- Me faz um favor Asher, se enxerga.

Forcei um pouco mais a porta contra ele e bufei. Ele riu e colocou o pé entre a porta.

- Você pode fugir de mim agora, mas não vai fugir final de semana. 

Ele se afastou e eu bati a porta contra ele. Me tranquei lá dentro e respirei fundo algumas vezes. A raiva que esse garoto me fazia sentir era algo impressionante, descomunal. Me recompus e fui até o banheiro ver como Estela estava. Ela já havia entrado na banheira e estava abraçada nos joelhos pensando.

- Você acha que ele me perdoa?

Fiquei parada na porta, sem resposta. Observei a agua se agitando conforme ela batia as mãos.

- Podemos não falar deste assunto Estela?

Ela desviou os olhos de mim para a agua mais uma vez e então se prendeu ali. Aflita, apegada em alguém que só a fazia mal. 

- Você vai para a festa comigo né?

Eu também não tinha uma resposta para isso. Todos os anos Asher dava uma festa na casa dele, era quase uma tradição. O pai dele fazia isso na escola, depois seu irmão e agora ele. Todo mundo ia para lá e este ano não seria diferente.

- Eu não sei Estela...

Eu havia prometido para ela que iria, mas depois de hoje, depois de meu nojo por ele ter dobrado de tamanho eu não sei se tinha condições de vê-lo no final de semana.

- Por favor amiga... você prometeu para mim... é nossa ultima festa do colégio...

Fechei os olhos devagar e escorrei a cabeça no marco da porta. 

- Você não pode deixar que o fracasso da festa que dei lá em casa se repita... por favor...

Abri os olhos, desamarei o avental e o tirei de mim, eu não queria responder. Na verdade eu não queria mesmo ir, mas isso acabaria com ela, ainda mais.

- Amiga, deixa eu pensar por favor... ver o Asher depois do que ele fez em você... não sei....

Ela voltou a olhar para a banheira, reclusa. 

- Você pode me deixar sozinha agora?

Agora eu era razão para tristeza dela? Não quis responder, não quis me irritar. Sai.

Caminhei de volta para o estúdio e guardei o avental. Enquanto arrumava as coisas para as tintas não secarem refleti o quanto Asher já tinha machucado ela, o quanto ele já tinha sido nojento comigo. Lembrei das vezes em que ele humilha as pessoas, lembrei do coitado do Kyle e do quanto ele sofreu nas mãos do loiro maldito. Meu corpo respondia a aquilo jogando tinta nos quadros ainda brancos, minha pele respondia com suor, meu cabelo arrepiado, minha mão descontrolada, meu pulmão com a respiração acelerada. Cada quadro, cada espaço das paredes do estúdio agora estavam manchados com tintas, manchados com um desabafo de raiva, um desabafo de nojo. Joguei o ultimo pote em direção a mais um tripé e acalmei a respiração com as mãos na cintura enquanto eu via o resultado daquilo. Apaguei as luzes e tranquei a porta.

Destroyed SecretsOnde histórias criam vida. Descubra agora