Agora.
Estela.
Eu sempre gostei da primeira semana de aulas porque elas passavam rápido e eram as melhores semanas para fortalecer minha imagem perante a escola. Mas esta semana em especial estava diferente. Ela estava demorada e sem muitas novas impressões sobre ninguém. Nenhum aluno novo empolgante, nada especial para alegrar meus pensamentos.
Minha ansiedade estava concentrada na festa que o Asher tinha organizado para acontecer lá em casa depois do primeiro jogo da temporada. Este ano os principais jogos iam ser em nosso estádio e eu estava muito empolgada com isso. De fato, as semanas que em outros anos eram tão especiais este ano se transformou em espera para ver Asher jogando hóquei e para beber no sofá de casa com ele.
Este ano, como os jogos seriam aqui, o treinador Bulck me convidou a redesenhar os uniformes do time e das lideres. Eu estava trabalhando nisso desde as férias e não via a hora de estrear ele por completo. Para este primeiro jogo, para os jogadores, eu preparei um novo calçado, muito mais moderno, com cores mais vivas. O vermelho e branco se destacavam muito mais a cada curvatura da peça. Para os torcedores eu preparei bonés que se completavam ao sapato usado na quadra.
Eu passei as tardes da semana concentrada na finalização disto na fabrica responsável. Asher treinava como nunca para sua reestreia como capitão. Peter jogou formas e formas de comida no lixo em seus experimentos e Laurel se empolgou em começar o portfolio para a faculdade.
Passamos os dias assim, ansiosos para o final da semana agitado que teríamos.
Logo o sábado chegou e mais uma vez estávamos prontos na frente do portão do colégio para receber os visitantes. Peter e Laurel chegaram juntos e logo eu fui cumprimentá-los.
- Estel... que coisa mais linda!!!!
Laurel parecia surtar ao ter o seu boné colocado na cabeça.
- Oque você está fazendo aqui? Mamãe te deu telefone para que?
Peter ignorou minha peça nova e logo me encheu de perguntas.
- Eiiii.... calma Pet. Eu passei o dia aqui, finalizando as coisas para o time, você sabia disso.
Suspirei e então vesti o boné na cabeça dele.
- Eu esperava um parabéns da sua parte.
Ele não me respondeu e logo colocou a mão nos bolsos e se virou em direção aos visitantes que chegavam. Nós três sempre ficávamos ali quando os jogos eram aqui. Nós entregamos os mapas do estádio para os torcedores visitantes e fazíamos uma rápida recepção para eles.
- Se você não sorrir a diretora vai vir aqui te trocar de lugar...
Laurel deu o toque em Peter. Ele estava sério, concentrado. Eu sabia oque estava passando na cabeça dele.
- Está nervoso Pet?
Me escorrei em seu ombro. Ele forçava sorrisos e acenos para os estranhos.
- Não... vai ficar tudo bem.
Mas eu sabia que era mentira dele.
Antes.
- Sophie!!!! Pare!!!! Olhe o estado dele... pelo amor de Deus.
Eu empurrei Sophie de cima dele e o puxei do sofá. Ela estava segurando uma garrafa grande com uma bebida azul esverdeada dentro.
Ele estava com os olhos vermelhos, baixos e um sorriso patético na cara.
- Vamos Peter... vem comigo.
Ele não falava coisa com coisa, respondeu alguns balbucios e foi puxado por mim para o banheiro. Eu não conseguiria o carregar para cima então o coloquei no chuveiro do lavado e abri a agua gelada.
- Você precisa acordar para vida, olhe o que essa garota faz com você.
Por alguns segundos ele ficou ali, reclamando do frio e do molhado. Tempo insuficiente para evitar o que aconteceu. Sophie apareceu ali e me puxou para fora reclamando e falando alto comigo.
- Quem você pensa que é maluca?
Ela não sabia com quem estava mexendo.
- Como que é?
Eu estava muito irritada. Peter estava deplorável naquele estado.
- Olha o jeito que ele está. - Continuei. - Sei Deus de onde você trouxe ele, ele chegou aqui completamente maluco, completamente drogado.
Ela batia o pé no piso, achando estar no direito de estar irritada comigo.
- Ele sabe muito bem o que está fazendo Estela.
- Sabe? Tem certeza Sophie? Vai lá e olha pra ele, olha como ele está... olha como você deixou ele.
- Eu deixei ele? Eu libertei ele da vaca controladora da irmã dele.
Eu não me segurei. Um som, um estalo agudo e marcas vermelhas no rosto. Não pude me conter.
De repente um suspiro geral e um agito aglomerado de sons. Estávamos em um corredor comprido e largo da casa, teria sido fácil alguém ter ouvido nossa conversa e finalmente o tapa que eu disparei contra ela ecoar pelas paredes.
- Você se atente muito bem para quem você está falando isso Sophie.
Não houve resposta, também não houve tempo além do suficiente para entender oque aconteceu.
Muitos rostos olhavam, de longe, para o lado de fora. Um grito foi o bastante para que eu e Sophie corrêssemos para a varanda.
- Está morto! - Um garoto repetiu isso em grito.
E por várias vezes depois.
- Está morto! Está morto! Está morto!
Me escorrei na grade da sacada e vi o corpo do garoto boiando na água da piscina. Sangue escorria da cabeça dele para água e todos ao redor formavam um circulo suficientemente longe da piscina para deixar ele extremamente isolado na agua.
Meu coração pulsava na garganta e eu não conseguia me mover. Tudo parecia percorrer em câmera lenta. Os olhares subiram as pilastras e alcançaram o de meu irmão no meio da sacada, sozinho. Meu Deus, Peter. Eu não conseguia me movimentar, não conseguia fazer nada e ali foi onde o mundo caiu mais uma vez para nós. Ele todo molhado, atordoado, inconsciente e eu, estática.
Peter teria sido preso, mas as influências do papai o colocaram em uma clinica de reabilitação por uns meses. Mamãe reformulou o térreo de nossa casa e deixou a piscina completamente isolada lá em baixo, uma nova na verdade, desfez o corredor, o lavabo e a sacada e toda a cozinha cresceu, trocou o piso ensanguentado e trocou o quarto de Peter de lugar. Tudo para ele ter novas memorias quando voltar.
Agora.
- Vai ficar tudo bem irmão.
Abracei sua cintura e sorri para ele. Seria uma noite muito interessante para nós.
Os últimos visitantes entraram e nós também. Nos sentamos na frente, como de costume e esperamos os jogadores entrarem em quadra.
Os times entraram na quadra com todos os torcedores em pé, agitados, eufóricos por mais uma temporada. Quando Asher entrou o meu coração palpitou, mais uma vez, mais uma vez nervosa ao vê-lo, mais uma vez excitada ao vê-lo no poder. Ele fez o de sempre. Rodou a cabeça pelo campo para me encontrar, mesmo sabendo onde eu estava, olhou para mim, de frente, colocou o capacete na testa, me jogou um beijo e piscou para mim, ergueu a mão e mandou o dedo do meio para Peter, igual a todas as vezes e então vestiu o capacete por completo e cortou a quadra até se reunir com o time.
Todos os jogos eram assim e a cada um eu esperava mais por isso. Eu esperava até pela resposta atrevida de Peter para ele, mas desta vez não aconteceu. Nos sentamos de novo e a partida começou. Finalmente.
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Destroyed Secrets
Teen FictionAlguns segredos podem te levar para a escuridão. Outros podem destruir sua vida. Três adolescentes estão presos em um emaranhado de segredos e uma morte misteriosa. Descubra junto com eles o quão perigoso podem ser suas relações.