parte III

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Futuro.

Laurel

A porta batendo alto tirou a paz que estava no meu estúdio agora. Suspirei e larguei o pincel sob o aparador e limpei os dedos de tinta no avental. Percorri o corredor até encontrar Estela se ajoelhando no piso. Corri em sua direção e a coloquei nos meus braços, sem entender nada me sentei escorada na parede e a coloquei repousada no meu colo. 

Afastei seu cabelo do rosto e então perguntei.

- Oque houve Estel? - Segurei suas mãos. - Se acalme, me conta...

Seus soluços se misturaram a lagrimas e suspiros. Minha nossa que aflição. 

- Shhh, shhhh - Tentei acalma-la, aos poucos.

- Eu  fui ver o Asher... na casa dele... eu pedi pra ele para vermos um filme juntos... para passarmos um tempo juntos mas ele não queria só isso.... - Ela se inundou em um mar mais agudo de lagrimas, de dor. - Ele me puxou pela escada, pro quarto dele.... amiga.... eu não queria ir.... 

Observei suas pernas, diversas marcas vermelhas, marcas do carpete dos degraus.

- ele... ele....

Meu estomago se revirou dentro da barriga só de imaginar, algo que eu jamais senti.

- Eu me soltei das mãos dele e me sentei na escada chorando, ele sentou do meu lado, ele estava bêbado, claramente... ele pediu desculpas... mas eu não sabia oque responder, não sabia oque fazer... eu me levantei e vim para cá...

Soltei o ar pesado que eu guardei nos pulmões.

- Eu não podia ter deixado ele lá Laurel, não naquele estado.

Ela se sentou ao meu lado e eu não podia acreditar nas coisas que ela tinha acabado de me falar. Seu corpo estava ferido, ela estava visivelmente destruída e ela ainda pensava nele? Em como ele ficou?

- Você só pode estar brincando Estela! - Me levantei do piso. - Eu prometi para seu irmão que ficaria fora disso, mas você não me deixa... Você não se enxerga garota? Você vem aqui, neste estado, depois de tudo que esse garoto te fez e vem me dizer que não podia tê-lo deixado naquele estado? Ele é quem devia sentir isso...

Suspirei irritada com Estela, não é possível. Caminhei de um lado ao outro na sua frente.

- Estela, pelo amor de Deus... você precisa de terapia... você precisa se afastar desse garoto... - Me aproximei dela e supliquei em seu rosto. - Você me entendeu? Esse garoto é doente Estela...

- Não... não!!! Você não sabe pelo que ele já passou... você não conhece ele.

- Estela, para!!

Ela se afastou de mim e limpou as lagrimas.

- Eu preciso ir ver como ele está, preciso me desculpar por ter largado ele lá, eu não devia ter vindo pra cá.

- Não, pelo amor de Deus, não... você vai ficar aqui e vai pensar sobre isso... - Peguei a bolsa dela e o celular e coloquei no bolso do meu avental. - Vem... vai tomar um banho lá em cima...

Assim que ela está no pé da escada a campainha toca.

- Não é possível... - Revirei os olhos. - Vai, sobe... eu te encontro lá em cima. 

Empurrei Estela e fui abrir a porta. Justamente quem eu não podia olhar na cara.

- É muita coragem sua...

- Estela está aqui?

O loiro do time de Hockey bateu na minha porta. Sem um cheiro de álcool, consciente. Definitivamente Estela estava cega por ele.

- Não Asher, vá embora. 

Ele sorriu malicioso e se apoiou sobre o madeiro.

- Melhor assim... a gente pode ter um momento para nós...

Eu ri. 


Agora.

Depois do almoço eu e Estela tínhamos aula de história, então eu a esperei no seu armário para irmos juntas para a sala. Assim que o sinal tocou ela apareceu sozinha, abraçado aos livros e cabisbaixa. 

- Oque houve Estel?

Ela negou com a cabeça, então eu levantei o cabelo que estava em sua frente e perguntei mais uma vez. 

- Oque houve Estel?

Seus olhos estavam vermelhos, cheios de lágrimas e o cabelo todo embaraçado.

- Foi o Asher?

Ela me olhou e saiu correndo dali para o banheiro. Entrei na cabine assim que ela o fez e então chorou em meus braços. 

- Ele fez alguma coisa com você?

Ela me olhou, suspirou e então começou.

- Você sabe que eu e ele não transamos ainda né?

Concordei com a cabeça e ela prosseguiu.

- Faz uns meses que nós temos um acordo. - Ela passou a encarar os dedos. - Sempre que ele tiver necessidades eu o ajudo, mas sem sexo. 

Eu estava incrédula, irritada.

- A gente não fez isso faz dias... e ele queria muito hoje... mas eu falei que não podíamos fazer isso na escola... ele me levou para debaixo da arquibancada, eu disse que não, mas seu desejo estava muito elevado e ele me fez fazer... Ele nunca empurrou tão forte... minha cabeça... minha cabeça.... parecia que ia quebrar....

Eu não sabia mais oque fazer por Estela, me levantei, olhei para ela e pedi desculpas. Sai do banheiro apressada em direção a Asher, mas ela veio rapidamente atrás de mim. O corredor vazio se preencheu com sua voz esganiçada e embargada.

- Não Laurel, não faça nada, por favor... eu te imploro..

Eu parei e me virei para ela. Ela se aproximou lentamente, quase suplicando.

- Não faça nada amiga... por mim... você não entende as necessidades de um homem...

- Eu não entendo Estela? Ou é você que está cega? Pelo amor de Deus garota, olha oque ele fez em você.... olha o seu estado... olha sua cara... - Apontei com o braço para ela, de cima abaixo. - Ele está acabando contigo. Ele está te destruindo. 

- Fique quieta Laurel... eu te peço, por favor... as coisas entre nós dois são diferentes... mas eu o amo...

- Você oque Estela? - Balancei a cabeça e apertei os cabelos. - Você oque? Você não é capaz de saber oque é amor... por favor... olhe o jeito como ele mexe com sua cabeça... oque acabou de acontecer não é normal.. Não é não Estela. Você nunca aprendeu isso?

- Mas ele é meu namorado, eu devo isso para ele.

- Você não deve coisa nenhuma para aquele babaca, pelo amor de Deus, se valoriza... você acha isso normal? Acha?

Eu encarava o rosto dela, perto do meu, o corredor se transformou em uma completa escuridão e eu só enxergava ela na minha frente. 

- Me responde Estela!

Eu queria poder dar um tapa na cara dela e resolver isso como se ela estivesse dormindo, mas fui interrompida com a voz seca do Asher atrás de mim.

- Está acontecendo alguma coisa gatinha?

Ela me olhou no fundo dos olhos e limpou as lagrimas.

- Não meu bem, já passou...

Ela se afastou e foi em direção a ele, nas minhas costas. Fechei os olhos e respirei profundamente. Isso não é mais um problema meu, não. Me virei para ir para a sala de aula, mas eu precisaria passar por eles no meio do caminho. Suspirei e segui.

- Tomara que você morra! - Disse ao passar pertinho de Asher.

Destroyed SecretsOnde histórias criam vida. Descubra agora