parte XII

11 0 0
                                    

Agora.

Peter

Olhar o rosto nojento de Asher a minha frente me fazia engolir a refeição com dor, aquilo rasgava em minha garganta. Sua prepotência e arrogância era palpável a cada centímetro em nossa volta. Quando Estela voltou senti o desejo de questionar quem era. Sua expressão ficou escura e vazia, seu corpo permeava a tensão. De certa forma, ignorei mas eu estava curioso para entender o porque ela tinha ficado tão tensa do nada.

- Quem era?

Ela me olhou, quase que com o peito apertado e respondeu que eram apenas religiosos querendo entregar livros. Não questionei mais, mas acho que era mentira. 

- Bom, eu estou cansado e preciso dormir um pouco.

Me levantei da mesa e devolvi a cadeira para o lugar.

- Asher, já que está tão disposto, pode ajudar Estela com a louça também?

Não perdi a ultima oportunidade de irritá-lo antes de sair. Subi para meu quarto e me deitei, esperando que a ressaca sumisse quando eu acordasse.

Antes.

Eu não entendia bem oque estava acontecendo. Acordei com o coração pulsando rápido, um som agudo indo e voltando, muita luz. Eu estou no hospital? Meus olhos demoram para reconhecer o ambiente, mas sim. Vejo mamãe em uma poltrona do meu lado.

- Mãe, oque eu estou fazendo aqui?

Ela levanta o rosto assustada, larga a revista que estava na mão e se fica em pé do meu lado.

- Relaxe querido, agora vai ficar tudo bem.

Do que ela está falando? Oque vai ficar tudo bem?

- Mamãe, oque eu estou fazendo aqui? Eu quero ir para casa. - Tentei levantar as mãos para sair mas ao forçar o movimento senti minha mão algemada a maca. - Mãe, oque é isso? Me ajuda.

Fiquei assustado, eu quero respostas.

- Você não se lembra de nada né? - Ela se senta ao meu lado. - Oque você fez ontem Peter? - Eu não consigo entender, não consigo lembrar. Minha cabeça dói. - Filho, você se lembra da festa?

Pequenos flashs vem na minha visão. Escuto a música, consigo sentir o copo gelado na mão, um barulho alto de conversa. Nada se conecta. Sinalizo que não com a cabeça. 

- O Calebe morreu.

Engulo seco. Sinto meus olhos se abrirem mais, coloco minha cabeça para trás. Não consigo lembrar dele na festa. 

- Acham que foi você. 

Acham que fui eu? Me lembro muito menos. Mamãe pega na minha mão.

- Você foi drogado Peter, você estava inconsciente quando a policia chegou lá em casa, mas todo mundo viu você na varanda acima da piscina. Calebe foi jogado de cima para baixo, bateu a cabeça na beirada da piscina e teve um traumatismo. Ele morreu na hora.

Minha cabeça entra em curto circuito. Deito no travesseiro e fecho os olhos para tentar lembrar.

- Ninguém mais estava na varanda neste momento, pelo menos é oque dizem. Você estava lá em cima, encharcado de água. Sua irmã disse que tentou te dar um banho de chuveiro mas a Sophie interrompeu e ela não te viu sair do chuveiro e subir as escadas. 

Destroyed SecretsOnde histórias criam vida. Descubra agora