Antes.
Laurel
Por mais que eu quisesse me esforçar para levantar um peso absurdo me puxava de volta para a cama. Minha cabeça estava pesada e eu sabia que o dia não seria fácil, mesmo que eu quisesse que fosse bom, o dia seria horrível. Cobri a cabeça com a coberta e tentei fingir a inexistência da luz. Não consegui.
- Filha, você já está atrasada. Te espero lá em baixo.
Eu não conseguia acreditar que isso estava acontecendo. Eu não tenho condições de ir para a escola, se é que a escola vai abrir. Resmunguei e virei de lado.
Quando achei que o silêncio já estava ganhando e que eu tinha vencido, meu pai invadiu meu quarto e me tirou as cobertas. Sua postura era de irritação, como de quem não tinha tempo para as coisas.
- Eu não vou repetir Laurel.
Ele me olhou nos olhos e saiu, me deixando de pijama em cima da cama, assustada.
A roupa ainda estava no piso do chuveiro quando eu entrei na água, não tinha forças para encarar aquilo tudo, muito menos de lembrar o dia de ontem. Fui rápida e em pouco tempo eu estava na carona do carro do meu pai. Quando ele estacionou na frente da escola meu coração sobrou algumas batidas e eu pude sentir um tanto de compaixão vindo dele. Sua mão apertou minha coxa e um sorriso de canto saiu de seus lábios.
- Seus amigos vão superar isso, eles precisam de você.
Voltei meu rosto para ele e suspirei, abri a porta e sai, sem dizer nada. Eu não conseguia andar, não conseguia respirar, não conseguia viver hoje. A frase que ele me disse ecoava na minha cabeça e me fazia lembrar de Estela, ela precisa de mim.
Meus pés me arrastaram até a sala de aula e os minutos passaram voando, minha cabeça percorria as palavras dos professores, as músicas da festa e a todo eu lembrava de ontem. Estela e eu não compartilhamos muitas palavras durante as aulas, acho que nenhuma de nós tinha coragem de tocar no assunto Peter, até chegarmos na cantina.
- Como está o Pet, amiga? - quebrei o gelo e senti que de mim saiu todo o ar que podia.
- Para falar a verdade eu não sei. Mamãe saiu do hospital com ele logo cedo e me disse que estava levando ele para Southern Cross. - Senti meus pelos se arrepiarem. Ela se escorou no meu ombro e se aninhou. - Ele deve estar tão confuso. Queria noticias, mas mamãe nem recebe as mensagens, deve estar sem sinal.
Meu peito ardia em dor, como eu queria estar com ele agora.
- E você, como está?
- Não sei Lau, não tive tempo. Eu vi tanta coisa ontem, aquela Sophie, o Asher foi grosso comigo. - Paralisei, senti tudo que aconteceu com ele de novo. Engoli seco. - Papai parece que não está vivendo no mesmo planeta que a gente, só pensa em politica, politica, politica, não tive tempo. Eu estou precisando sumir.
Neste momento eu também, Asher invadiu a cantina logo na nossa frente. Meu cérebro só me pedia para correr, minhas pernas não obedeciam, meu coração mandava eu gritar, minha boca não abria, em movimentos doloridos e apertados eu consegui levantar e sair antes de precisar encarar os olhos dele mais uma vez. Meu estomago não me deixou chegar ao banheiro e eu vomitei tudo que sobrou de ontem ali mesmo no corredor. Me senti imunda, suja, destruída, como se tudo estivesse acontecendo de novo e de novo. Garanti que ninguém tenha me visto vomitar e sai correndo dali.

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Destroyed Secrets
Teen FictionAlguns segredos podem te levar para a escuridão. Outros podem destruir sua vida. Três adolescentes estão presos em um emaranhado de segredos e uma morte misteriosa. Descubra junto com eles o quão perigoso podem ser suas relações.