Capítulo 61

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Zayn P.O.V

Eu berro para a imagem à minha frente parar, berro para me largarem e abano-me para me tentar soltar. As lágrimas borram a minha visão mas consigo ver o que se passa à minha volta. Eu estou a ver a minha vida voltar para trás, a voltar a ser como era.

Estou a ver a minha vida a voltar a ser baseada nas corridas, no consumo compulsivo de tabaco e droga, nas festas, nas gajas com micro vestidos, saltos gigantescos e quilos de maquilhagem em cima. Numa vida sem cor, sem alegria, sem nada de bom.

Numa vida sem ela...

Sem ela a minha vida vai perder a cor que começou a ganhar quando o olhar verde claro dela me enviou o primeiro arrepio para o corpo, quando o toque dela criou a primeira chama em mim, quando a voz dela criou as primeiras borboletas a voarem no meu estômago, quando o corpo dela criou a primeira sensação de ter o meu coração a bater na garganta cada vez que se aproximava, quando ela criou o primeiro frio na minha barriga, o meu primeiro sorriso.

Quando ela mudou a minha vida num simples abrir e fechar de olhos.

Eu sinto-me ficar sem chão, sem respiração, sem vida, sem nada, sem ela. O som do disparo é ouvido por mim e a minha visão turva não me deixa perceber o que aconteceu. Porém, o grito feminino faz o meu coração apertar de tal forma que eu inspiro profundamente para que possa respirar melhor. Eu sinto algo bater fortemente na minha cabeça e uma dor aguda atingir o meu ser.

O meu corpo é largado e não me consigo manter  pé. Eu quero levantar-me e abrir os olhos para salvar a Evelyn mas a dor que domina a minha cabeça é demasiado forte para que me possa levantar. Oiço vozes à minha volta mas não as consigo distinguir, tudo parece turvo e confuso, sinto-me cada vez mais longe da realidade, da consciência.

Oiço o meu nome ser gritado por uma voz de homem um pouco estranha e declaro-a como sendo a de Louis mas nada mais oiço. Sou incapaz de lhe responder, é como se os meus lábios se tivessem colado e me impedissem de proferir palavra que fosse, como se tivessem posto tampões nos meus ouvidos e eu não conseguisse ouvir o que fosse, como se a dor que sinto na minha cabeça fosse do peso de uma estátua em pedra que se pusesse em cima de mim e me impedisse de levantar ou de mexer.

Será que morri?

***

Eu forço os meus olhos a abrirem mas fecho-os logo devido à claridade do espaço onde ne encontro. Pisco-os e os meus olhos habituam-se à luz. Eu analiso o espaço e reparo que tudo é branco, exceto a minha roupa, é branca às bolinhas. Estou num quarto de hospital e o 'pi' da máquina está a irritar-me ligeiramente. Detesto hospitais, cheiram mal e são secantes. A pergunta invade a minha mente.

Onde está ela?

Os meus olhos encontram dois olhos azuis preocupados.

"Zayn?" Louis chama e eu gemo. "Bem, finalmente acordaste!" Celebra e eu rolo os olhos, olhando para o lado contrário e chocando com dois olhos verdes claros. Por momentos, eu penso que são os de Evelyn mas os dela são mais vivos de certa forma.

"Filho." O meu pai chama e eu apenas quero saber onde está ela.

"Onde... Onde é que ela está?" Pergunto e mexo-me um pouco, olhando alternadamente para o Louis e para o meu pai.

"Ela quem?" Louis pergunta e eu bufo.

"A Evelyn. Onde está a Evelyn?" Pergunto e eles olham um para o outro, fazendo o meu coração apertar com medo do que possa ter acontecido.

"A Evelyn, ela..." Louis começa mas a sua voz parece dissipar-se.

"Louis, onde é que ela está?" Pergunto novamente, sentindo o medo roer-me por dentro e o meu coração bater mais rapidamente, o que faz a repetição do 'pi' ser mais rápida.

"Zayn, tem calma." Louis pede e eu sinto-me cada vez mais ansioso.

"Não tenho calma!" Grito. "Onde merda está ela?!" Grito a pergunta.

"Ela está no bloco operatório!" O meu pai responde pelo Louis e o meu coração pára de bater. Quer dizer, o 'pi' continua a soar mas vocês perceberam.

"Como assim, ela está no bloco operatório?" Pergunto mais baixo.

"Um pouco antes de desmaiares, a polícia disparou sobre o Josh só que ele desviou-se e a Evelyn foi atingida." Louis explica e as peças juntam-se na minha cabeça. O som do tiro e o grito feminino. O grito dela.

"Onde é que acertou?" Pergunto.

"No ombro." Ele responde e eu aperto os lençóis.

"Eu vou matar aquele Josh." Rosno.

"Não precisas." A voz do meu melhor amigo soa e eu ergo a sobrancelha para ele. Como não posso?

"Porque não?" Pergunto.

"Ele foi preso, assim como o Niall, o Brad e o anormal do Luke." Diz e eu sinto o alívio invadir o meu corpo. Aqueles filhos de uma cabra estão presos.

"Foste tu que levaste a polícia até lá?" Pergunto e ele nega. "Então, quem foi?"

"Eu." O meu pai diz e eu olho-o. "O Louis ligou-me e disse o que se passava. Eu liguei para a polícia e contei o que se passava. O Louis foi com a polícia até ao barracão e pronto." Ele explica e eu quase que empurro o meu queixo para cima.

"Não estás pior que fulo comigo?" Pergunto e ele suspira.

"Estou chateado, sim mas tu saíste daquilo. Isso melhora as coisas." Diz e eu sorrio.

"Obrigado, pai." Eu agradeço e ele sorri.

E aí eu lembro-me dela.

"Eu preciso de ver a Evelyn." Digo e tento levantar-me. Porém, eles impedem-me.

"Zayn, eu compreendo que a queiras ver mas ela agora está a ser operada e não vai valer de nada tentares levantar-te. Quando ela sair, nós levamos-te lá." Louis diz e eu bufo, cruzando os braços.

Apenas fiquei à espera de que uma enfermeira entrasse por aquela porta e eu pudesse perguntar-lhe sobre o estado de Evelyn. Só quero que chegue à altura em que eu estou ao pé dela a dizer-lhe o quanto a amo e a sentir os seus lábios nos meus. Podemos já saltar para essa parte. Eu preciso dela aqui para mim, preciso de sentir o seu corpo junto ao meu, o seu calor corporal, eu preciso dela para respirar.

A porta abre e revela uma mulher com mais ou menos cinquenta anos, o seu cabelo castanho apresenta alguns grisalhos e a sua farda branca reveste o seu corpo. Ela dá-me um sorriso e analisa-me.

"Onde está a Evelyn?" Pergunto e ela franze a sobrancelha para mim.

"Evelyn quê, querido?" Pergunta.

"Sandler." Respondo desesperado pela resposta.

"Oh, sim. Ela acabou agora mesmo de sair do bloco." Diz.

Música para os meus ouvidos.

"Posso vê-la?" Pergunto e ela assente.

"Apenas se me prometer que vai fazer o que eu disser." Ela condiciona e eu assinto. "Eu vou buscar uma cadeira de rodas e o menino Malik vai ter com a menina Sandler sempre lá sentado, ouviu? Você levou uma grande pancada na cabeça e não convém estar já a pôr-se em pé e a fazer esforços." Explica e eu assinto.

"Ok, eu fico quieto." Declaro e ela afasta-se de mim.

"Volto já." Ela diz e sai do quarto. Olho para Louis e este encontra-se a olhar para mim fixamente.

"O que é?" Pergunto.

"É bom que faças o que a mulher explicou, Malik." Ameaça e eu rio-me, assentindo. A enfermeira volta com uma cadeira de rodas e ajuda-me a sentar nela. Vá lá, eu não estou inválido. Ela levou-me pelos corredores e parou à frente de uma porta com o número 300. Abriu a mesma e os meus olhos atingiram o seu corpo. A mulher guiou-me para ao pé da Evelyn e afastou-se.

"Vou deixar-vos." Diz e apenas oiço a porta fechar.

Evelyn... Minha Evelyn...

Olá! Demorei pouquíssimo tempo a escrever este capítulo! *palmas* :b espero que gostem! Amanhã é o último teste e tenho de treinar para uma apresentação mas acho que consigo publicar. ACHO.

Beijinhos!

I Don't Believe That... I Love You |Z.M|Onde histórias criam vida. Descubra agora