still hate me? - [au jiara!]

capítulo sete - a chuva

JJ'S POV

  Eu tinha feito merda. Eu sabia disso. Não foi uma merda pequena, foi uma merda cabulosa. Ela agora me odiava, e ela tinha razão. Mas agora porque eu fiz isso? Eu não consigo nem me lembrar.
  Já fazem duas semanas exatas que Kiara não olha mais pra mim. Não fala comigo. Não interage comigo. Acabamos sendo escolhidos como capitão e capitã dos times de debate e ela nem sequer esboçou reação. Faltou todos os nossos dias de orientação e eu nem tive coragem de falar com a diretora. Kiara não ia nunca mais falar comigo. Eu ainda não consigo acreditar que disse aquilo.

  Eu tentei me explicar. Mas o qual explicação eu poderia dar? Ela tinha escutado aquela besteira, ela tinha visto eu dizendo. O que eu podia fazer? Inventar uma desculpa? Não, Kiara não era o tipo de garota pra qual você mente na cara dura e acha que vai ficar tudo bem. Mas eu precisava resolver isso. Já era sabádo, e eu não aguentava mais ficar vendo aquelas provocações no twitter entre ela e o Topper. Eram propositais? Eu não faço ideia, mas me irritavam muito. Eles tinham voltado até a sair juntos! Honestamente eu preferia que ela me desse um soco a me obrigar ver esse tipo de coisa todo dia.

  Depois de meia hora rolando a timeline e o feed vendo todo tipo de besteira possível, resolvo tomar coragem e levantar do sofá para resolver meus problemas cara a cara. Era um baita problema, com um arsenal de armas em casa, então eu tinha que tomar cuidado no jeito que eu ia resolver esse problema. Estava chovendo, então minha tranquilidade era que Kiara estaria em casa hoje. Pelo menos Jonh B tinha me confirmado que ela não tinha saído com a Sarah hoje. Então eu fui o caminho todo de carro até a casa dela rezando para que aquele mala do Topper não estivesse lá. Ou pior, que ele não tivesse saído com ela!

  Já tinham se passado quinze minutos desde que eu tinha chegado na casa dela. Pelo menos na porta da casa, já que eu estava encarando a madeira a dez minutos, sem saber o que fazer. Será que eu batia? Mandava mensagem? Sinal de fumaça? Gritava? Eu nunca tinha tido que ir na casa de uma pessoa que eu jurava odiar pedir desculpa. E eu odiava muitas pessoas, mas Kiara? Definitivamente a última da minha lista pra quem eu pediria desculpa. Mas eu tinha que pedir, eu tinha feito a merda dessa vez. A chuva estava ficando mais forte e a qualquer momento ela ia começar a me molhar debaixo desse telhadinho da varanda. Eu tinha que tomar uma decisão. Mas era tão mais difícil na hora H, meu Deus.

  - Se você não vai bater na porta nem falar nada, acho melhor você ir embora. - Kiara abre a porta com tanta força que eu quase caio pra trás dos degraus. Como ela tinha me visto? E porque o rosto dela estava inchado? Eram lágrimas? Eu não tenho tempo de perguntar ou raciocinar porque ela quase fecha a porta na minha cara tão rápido quanto abriu. Coloco o pé na soleira antes que ela feche e tenho certeza que ela apertou mais um pouquinho de proposito.
  - Não, calma. Eu... eu quero sim, falar com você. E não vou embora até você me escutar. - tento ser o mais sério e sincero que consigo enquanto Kiara abre a porta devagar e me encara com raiva. Ela nunca ia me perdoar.
  - Dez minutos. E eu não tenho a tarde toda. Vamos. - ela fala rápido e eu demoro vinte segundos pra perceber que ela iria me ouvir. Ela marca o tempo no relógio e continua me encarando da porta com os braços cruzados. Ok, ela não ia me deixar entrar e eu tinha dez minutos pra fazer ela me perdoar. Tudo bem, eu consigo. Eu preciso conseguir.

  - Olha, eu soube que você ficou mal quando me ouviu dizer aquilo, e eu fiquei mal por ter dito aquilo. Isso não justifica, mas so pra você saber, eu estava bebâdo quando disse aquilo. Tava acontecendo umas coisas na minha cabeça, eu fiquei perdido. Eu juro pra você que nunca, jamais, diria nada daquilo consciente. Eu... Arg, eu gosto tanto de você, Kiara, tanto, que as vezes parece ridículo pensar que eu fiquei correndo pra longe desse sentimento antes. Você não gosta de mim, não desse jeito, e eu te entendo. Mas eu não quero que você fique pensando que o que eu disse era verdade. Não era. Eu gosto de você, muito mesmo. Desculpa. Você não precisa me perdoar, e nem vai, mas eu precisava que você ficasse sabendo disso. Que eu gosto de você. De verdade. - as palavras saem de mim como se fossem água de uma cachoeira. Eu não consigo parar, e sem nem perceber eu tinha começado a andar pra trás, e só agora que a minha visão tá embaçada eu percebo que Kiara estava na ponta da escada. Eu não sei se ela tinha ouvido ou acreditado no que eu disse, mas cada palavra era verdade. Cada uma.