still hate me? - [au jiara!]

capítulo três - sábado?

JJ'S POV

Acordar num sábado de manhã com as fotos da sua bebedeira de uma sexta a noite vazadas no twitter não é o melhor jeito de começar o dia. Muito menos se esse dia ia ser seguido de trabalho voluntário na praia com a garota que está pronta pra me crucificar. Ou talvez não tanto. Mas na verdade eu não sei, a noite de ontem acabou ficando confusa e borrada depois que eu conversei com a Kiara na cozinha porque após aquilo eu fui beber e não parei.

Eu tinha flertado com ela. Mas ela não devolveu o flerte porque eu praticamente sai correndo. Na verdade eu entrei em pânico depois daquele diálogo. Nunca, em um milhão de anos, eu tinha imaginado que podia sentir algo por Kiara que não beirasse a indiferença inclinada para um ódio genuíno. Era estranho ver ela de outro jeito sem ser a militante das plantas que me odeia e fala demais. Mas ontem ela parecia tão, normal? Tipo, como um ser humano normal deve parecer para outros seres humanos. Pra ser sincero eu não faço ideia de como imaginei que ela fosse antes de conversar com ela sem brigar. Por mais que aquela conversa tenha sido a mais estranha e curta que eu já tive com ela.

Agora era sábado de manhã e eu estava me arrumando para ir cumprir trabalho voluntário na praia como punição pela briga da segunda. Eu ia passar um dia inteiro com Kiara. Apenas com a Kiara, na verdade, já que o dia de trabalho voluntário do Rafe foi ontem e as amigas da Kiara não viriam para o trabalho hoje. E nenhum professor supervisionava porque não precisava. Quase ninguém vinha pra cá sem ser por vontade própria ou obrigação, e a única pessoa que vinha pra praia 7h da manhã de um sábado salvar as tartarugas por vontade própria era Kiara Carrera. Então pois é, eu teria que manter um dia inteiro de diálogos com ela que não envolvessem a noite passada nem nenhum tópico que gerasse uma briga. Seria difícil para um caralho porque quase todos os tópicos de conversa que eu teria com alguém podem acabar em briga quando se trata dela.

Chego meia hora antes do horário marcado e rezo a todas as forças do universo que ela me dê um bolo. Eu super entenderia. Nossa, ontem foi uma baita festa, tinha mais bebida do que eu achei que fosse possível, ela também devia estar cansada, descansando. Mas é claro que as forças do universo me odiavam, já que Kiara chega 15 minutos depois, com um óculos escuros, chapéu, short, biquíni e uma bolsa de praia. Pra minha surpresa, ela estava linda, o que era estranho já que ela estava de ressaca. E no outro braço ela segurava uma prancha de surfe. Calma ai, ela planejava surfar ou ajudar os animais marinhos encalhados na beira da praia? E eu tinha acabado de achar ela linda as 7h da manhã de um sábado? Mas que porra?

- Bom dia, é aula de surfe ou trabalho voluntário? - comento atrás dela e Kiara se assusta e quase me acerta um soco. Se eu não tivesse segurado seu pulso a tempo teria um belo nariz quebrado agora. Ela era rápida. Antes que eu consiga fazer outro comentário infortuno sobre seu soco de direita, sinto seu pulso acelerado na palma da minha mão. Faço um pouco mais de pressão e vejo ela morder o lábio inferior, tensa, mas ainda sem se mexer ou fazer sinal de que iria tentar se soltar. Ela tinha ficado assim pelo meu toque? Permaneço o olhar fixo no dela e vejo um desafio ali. Ela queria saber se eu teria coragem de falar qualquer coisa sobre aquilo e testar se ela tinha um gancho de esquerda bom também. Solto seu pulso devagar e o que deveriam ser os segundos que eu faço isso mais pareceram minutos.

- Trabalho voluntário pra você porque eu não dou aula de surfe. - ela responde a minha primeira pergunta e esfrega o pulso. Me afasto um pouco e percebo que o ar a nossa volta estava quente. Ou talvez fossem os 35°C que estavam fazendo hoje. Kiara percebe que eu ainda estava preso no momento e dá uma risada baixa, que é algo novo vindo dela. É bem melhor quando vem sem a ironia carregada. - Eu tô brincando, não tem trabalho voluntário hoje. As tartarugas so vão por os ovos semana que vem. Hoje eu vim surfar.