capitulo onze - testemunhas

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JJ'S POV

   Eu odiava a rapidez que o final de semana passava quando eu mais precisava que ele demorasse. Ontem tinha sido o dia de visitação do Pope na casa em que ele e a Cleo estavam comprindo prisão domiciliar até a juíza que pegou o caso tomar uma decisão definitiva sobre a custodia de liberdade deles. O Jonh B tinha ido comigo. Ele estava tão feliz em rever o melhor amigo depois de tudo, que eu me senti mais leve. Às vezes eu esquecia que ele também estava envolvido nisso, que ele também tinha chorado, sofrido. Eu odiava esquecer que o Jonh B também passava por problemas, e eles piorava com esse tipo de situação. Eu estava sendo muito egoísta ultimamente, aproveitando meus momentos com a Kiara, juntando pistas, esquecendo que o meu melhor amigo podia estar apenas precisando um abraço. Ou de ver o seu outro melhor amigo. O Pope e o Jonh B eram próximos, e eu estava começando a agir como o idiota do meu pai esquecendo todas as outras pessoas que estavam envolvidas nessa situação. Por isso, antes de ir pra escola (hoje era a viagem pras competições estaduais de debates, eu não podia me atrasar), eu resolvo olhar e dar atenção a mais uma pessoa que era importante pra mim, e estava sofrendo tanto quanto eu com a prisão do Pope e da Cleo. O pai deles. Eu não podia ficar sem visitar o meu velho por tanto tempo.

  - Ei, Hewyard! Trouxe o café preto do Starbucks, o seu favorito! - anuncio assim que entro no restaurante e vejo o pai de Pope se preparando para abrir o turno da manhã. Ele levanta a cabeça de uma das mesas que estava limpando e me olha com um olhar desconfiado e a mão na cintura.
  - É mesmo, é? E desde quando você lembra que eu existo? - e ai estava. Ele tinha razão em se sentir desse jeito. Eu estava sendo pessímo nesse lance de apoio emocional. - Mas eu vou querer o café sim, traz pra cá. - ele muda a carranca vingativa e me chama com a mão pra ir em direção aos balcões. Me sento no banquinho que gira e ele puxa uma cadeira atrás do balcão pegando o copo de café da minha mão e tomando um longo gole. - Eu tava precisando. Mas e ai, veio me ver porque? Não me diga que foi pra me contar que os meus filhos foram presos? Porque essa eu já fiquei sabendo. - sinto seu olhar em mim mas mantenho a cabeça baixa enquanto brinco com o copo de café no balcão. O que eu ia dizer pra ele? Que eu quase matei os filhos dele? Que a situação não estava melhorando, e a pessoa que coagiu eles a fazerem aquilo ainda estava solta? Não acho que seja isso que ele queira ouvir, e muito menos vindo de mim. Então digo a verdade.
  - Desculpa. Eu ando sendo muito escroto com o senhor e sei que devia ter vindo antes, mas as coisas aconteceram muito rápido e depois... 
  - Depois você tentou ter uma vida normal outra vez, mas sua consciência não te deixava dormir, não foi?

  Levanto a cabeça para encarar o Hewyard e vejo que ele não estava mais me olhando com raiva. Na verdade, sua expressão era suave. Ele parecia mais preocupado comigo do que bravo.  Tinha algo parecido com nostalgia e entendimento rodando seus olhos. Como se ele já tivesse passado por esse tipo de situação antes.
  - Mas? O senhor, não ta bravo? - pergunto com a voz falhando e tomo um gole do meu café com latte pra molhar a garganta e me recompor.
  - Não. Olha aqui, garoto, na idade de vocês, eu também fazia esse tipo de coisa. Já fiz umas coisinhas piores do que ser preso e usar uma tornozeleira eletrônica dentro de casa, mas não vou dar ideia. - ele comenta meio brincalhão e um sorriso me escapa com a lembranaça das histórias que ele contava pra mim e Pope antes de dormir, sobre como sua adolescência tinha sido incrível, perigosa e emocionante. - Eu sei o que vocês fizeram. Pois é JJ, eu sei o que aconteceu de verdade naquela noite nas docas, e pode parecer absurdo, mas eu não to bravo com você. Meus filhos não veem sendo um exemplo de perdão e piedade, e aquela traição não devia ter acontecido. E não teria, se eles tivessem me contado. Mas eu também soube o que aconteceu quando vocês foram visitá-los na cadeia. Obrigado por ter feito aquilo pelo Pope. Isso mostra que você sabe que vocês ainda são familia. Até a morte, mesmo com vocês se matando no processo. - ele finaliza e me lança um sorriso tranquilizador e eu fico sem reação. - Vem, quero te mostrar uma coisa. 

still hate me? - [au jiara!]Onde histórias criam vida. Descubra agora