capítulo oito - a visita

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KIARA'S POV

  Domingo de tarde. Eu não tinha dormido nada a noite. Como poderia? Eu tinha beijado JJ Maybank, na chuva, e ele tinha dito que gostava de mim. Eu não conseguia fazer outra coisas a não ser pensar nisso e no fato de que finalmente admiti que gostava dele. Porque meu Deus, era tão óbvio que eu gostava dele. Não era ódio, era isso. As vezes eu esqueço dos livros que eu leio e de todo o ensinamento aprendido com frases como "O amor e o ódio andam lado a lado" ou "É fácil confundir ódio com amor porque ambos são sentidos na mesma intensidade". Era assim que eu me sentia com JJ. Intensa. Viva?

  Ele chega uma hora antes do horário que tínhamos marcado e eu não consigo segurar uma risada. Antes de dormir, ele me mandou uma mensagem perguntando se beijava bem e eu disse pra ele vim uma hora mais cedo pra eu poder descobrir. E não é que ele veio mesmo?
  - Sério, JJ? Só assim pra você não se atrasar. - comento ainda rindo um pouco e convido ele pra entrar.
  - Ei! Eu não me atraso quando se trata de você. Eu sei que compromissos deixam você louca.
  - Me diz algo sobre mim que você não saiba, vai.
  - Mas se eu disser significa que no fim eu sei. Não tem sentido. - ele bate meu último argumento e eu paro a dois passos da cozinha tentando entender o que ele disse. Fazia sentido.

  - Enfim, antes de irmos eu quero saber o que vamos fazer lá. Não quero correr o risco de me deixar ser levada pela emoção e  nem você. - assumo logo a dianteira dessa situação e torço pra que ela se resolva, de verdade.
  - As celas são na mesma penitenciária, mas são separadas. Eu olhei que a gente pode escolher também se fala com eles ao mesmo tempo ou separado. O que você prefere? - JJ responde com o tom de voz mais sério abrindo a porta do carro e fingindo ser educado. A cena seria até engraçada se não estivéssemos indo visitar na prisão os nossos "amigos" que tentaram nos matar.

  - É melhor separado. Eu não sei como a Cleo reagiria com sua visita junto com a minha, e eu preciso perguntar umas coisas pra ela que eu sei que ela não vai responder na sua frete. Depois a gente se encontra na recepção, certo? - falo convicta pois conheço minha amiga bem o suficiente pra saber o que fazer. Merda, eu ainda me referia a ela como uma amiga de verdade.
  - Tudo bem. É melhor também eles não desconfiarem que a gente se aproximou ou coisa do tipo. - JJ fala e eu fico confusa. - O objetivo inicial daquele plano não era que a gente acabasse matando um ao outro? Se qualquer pessoa ligada a isso descobre que a gente tá, você sabe, do jeito que tá, o plano desse tal de R.C pode apenas ganhar mais força e tamanho.  - ele explica e eu fico com vergonha por não ter pensado nisso antes.

  Paramos num semáforo e a mão de JJ cai na minha coxa, e ele nem sequer percebe. Vejo que ele estava ansioso, mordendo as unhas e martelando o volante, então eu junto sua mão a minha e apoio em cima do descanso de braço. Ele me olha surpreso mas não desgruda nossas mãos. O sinal abre e seguimos o caminho inteiro até a delegacia de mãos dadas. Ele estava tão nervoso quanto eu. O pai do Pope praticamente criou ele quando o pai do JJ largou de mão. Eles eram muito próximos. Tão próximos que me faz questionar como o JJ nunca soube ou sequer desconfiou que a Cleo podia ser irmã do Pope.

  - JJ, você praticamente foi criado pelo pai do Pope na casa deles certo?
  - Fui sim, porque?
  - Você nunca viu nada referente a Cleo na casa que podia dar indício que o Pope tinha uma irmã? - faço a pergunta enquanto ele tem que soltar nossas mãos para fazer a manobra da vaga, e vejo suas sobrancelhas se juntando como se ele estivesse puxando uma memória antiga.
  - Na verdade, não. Não tinham fotos de ninguém na casa além de Pope, seu pai e a mãe. E com o tempo algumas minhas e do Jonh B, mas nada referente a uma possível irmã. O choque da descoberta foi tão grande pra mim quanto pra você. - ele admite e da de ombros enquanto desliga o carro.

  - É tão estranho essa informação so ter sido meio que revelada agora né? Tipo, qual a função dela? - questiono ainda sem sair do carro enquanto minha mente tenta fazer alguma relação com isso. Eu estava começando a ficar obcecada com essa situação.
  - Você acha que ela pode ser falsa? Plantada só pra confundir a gente? - JJ sugere uma das possibilidades que eu tinha formulado, e eu assinto, olhando na sua direção. Ele coloca a mão no meu rosto e faz um carinho tão tranquilo que eu chega me assusto com a sensação boa que aquele ato me traz. - Kie, eu sei que seu cérebro incrivelmente bem treinado pra resolver essas coisas tá martelando horrores aí dentro pra tentar descobrir isso e qualquer outra coisa sobre o caso, mas você precisa saber que não vamos conseguir isso agora. E precisamos ter paciência, tudo bem? Uma hora essas coisas se resolvem e a gente pode começar a tentar ser um casal normal sem ameaças de morte constante. - ele finaliza juntando nossas testas e eu não consigo conter uma risada leve. Porque era assim que eu ficava perto de JJ e seus comentários ridículos. Eu me sentia bem, com o riso frouxo e uma sensação de paz no peito. Era por causa ele. Tudo, era por ele.

still hate me? - [au jiara!]Onde histórias criam vida. Descubra agora