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capítulo 23 • areia movediça

Saí o mais rápido que eu pude daquele cemitério. Já sozinha, comecei a apressar o meu passo pois, aquele cenário me transmitia uma energia pesada. Não tenho a certeza de que horas são pois deixei meu celular no bolso das calças de Damon. Pelo céu, estava recém começando a escurecer. Cogitei a ideia de eu pegar um táxi de volta ao funeral, na esperança deles ainda estarem lá. Provavelmente, vão ficar confusos me olhando de cara torta por sumir no meio de um funeral e depois voltar como se nada estivesse acontecido.

Enquanto eu esperava o motorista do táxi me levar até o local pedido, ficava pensando sobre o que aconteceu. Aquela história, me impactou bastante pois eu não fazia nem ideia de que minha árvore genealógica é bem problemática com uma maldição. Era impressionante, e eu queria contar para os outros o quanto antes. Sou a única banshee Martin, de uma linhagem que através das gerações sempre teve uma banshee presente. Se não existisse essa maldição, minha família seria imensa e eu não me sentiria tão sozinha.

O motorista estava já na frente do local, estacionando o carro. Paguei a tarifa e me retirei do carro. Tensa e ainda bem em choque, desejei que a cerimônia inda não tivesse acabado e lá dentro ainda estaria com milhares de pessoas. Ficaria totalmente constrangida se já tivesse acabado pois sabia que alguém interpretaria mal como, fui embora porque estava no tédio. Perdi total noção da hora.

Apressei meus passos para passar pela porta da igreja. Por sorte, a cerimônia ainda estava de pé, mas, a família estava perto do caixão enquanto alguns amigos estavam conversando entre si. Ao entrar, já pude sentir o ambiente pesado e triste. Ecoava soluços e conversas chorosas pelo salão. Algo tão triste de ver e de ouvir. Queria tanto que nada disso tivesse acontecido, se eu soubesse dessa maldição antes, poderia ter evitado a morte de Matt e ter deixado Bonnie ter seu casamento dos sonhos.

Avistei de longe, Damon, Caroline, Stefan, Bonnie e Elena em um círculo, conversando algo baixo, desviando os olhares pela multidão para ver se tinha alguém ouvido. Estava indo em direção deles. Eles olharam para mim com olhares impressionados, como se quisessem dizer: "Aí está você!"

Damon, olhou em meus olhos num olhar desdenhoso, mas parecia aliviado. Automaticamente, já senti minha alma mais leve, um conforto interno ao ver seus doces olhos azuis pairado sob mim. Eu acelerei o passo para ir em encontro deles, mas Damon saiu imediatamente, vindo em minha direção.

— Lydia onde você estava com a cabeça? Aquela bruxa quer te ver morta! — Ele esbravejou, contendo-se para não gritar. A censura no seu olhar era como se quisesse me chamar de insana, ou burra.

— Não é o que parece! — Protestei rapidamente, analisando sua face incrédula.

— Vamos lá para fora, vou te contar melhor... — Desviei o olhar para a multidão, no qual os barulhos eram tão altos que mal dava para escutar a conversa.

Peguei sua mão e puxei para fora do local. Ele revirou os olhos e assentiu, franzindo os lábios. Passamos pela porta dos fundos e fomos caminhar pelo pátio, sabia que ele ficaria puto, mas, eu entendo sua reação.

— Por que você não me contou nada? — Ele se indignou.

— Por que você tentaria me impedir! — Exclamei.

— ÓBVIO! — Ele esbravejou. — Você claramente foi lá na intenção de se entregar, e se ela te matasse? Eu nunca iria saber!

— Mas não foi o que aconteceu. Eu estou aqui! — Balancei os ombros. — Agora, faz o favor de ficar quieto e me escutar? — Olhei apreensiva para o mesmo.

— Só porquê você está mandando. — Ele arqueou as sobrancelhas com indiferença, deixando de lado um pouquinho a sua fúria para soltar algo minimamente irônico.