Gun Atthaphan vivia atormentado pelas expectativas dos seus pais, que controlaram a sua vida inteira. Sua casa era preenchida por gritos e ofensas entre seus progenitores, que faziam com o que ele tivesse recorrentes dores fortes de cabeça. Um dia e...
Essa estória pode abranger um conteúdo incômodo pra algumas pessoas, pois o personagem principal narra uma convivência tóxica com seus pais. Por favor, cuidado ao ler.
Shelter significa abrigo, um lugar seguro.
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SHELTER
You Can Be My Drug
Um quarto escuro, olhos fixos na parede, à meia luz que entrava pela janela e ao som de gritos ferozes... Era como me encontrava nesse momento. Meus pais tinham uma forma interessante de discutir, como se precisassem liberar completamente suas frustrações em algo e decidissem que seu conjugue era perfeito para tal. Palavras afiadas que eles sabiam muito bem que deixariam marcas no outro, escolhidas especialmente para que saíssem machucados, mas levassem alguém pro inferno junto.
Quem diria que essas sentenças dolorosas funcionariam melhor do que o esperado, não só os dois iam ao inferno todos os dias, mas conseguiam arrastar quem estivesse ao redor. Essa casa costumava ter mais vida antes, mas assim como vampiros, aquelas pessoas sugaram o conforto de quem estivesse por perto, como uma praga que apodrece tudo o que toca.
Primeiro foi meu irmão mais velho. Uma briga digna de filmes, socos, chutes e claro... Muitas palavras hostis. Nem mesmo um ataque de asma foi capaz de fazer com que meu pai parasse com os murros nas costas dele. Enquanto ele descontava sua raiva naquele adolescente asmático ao ponto de quebrar a pia branca do banheiro, eu estava a alguns passos de distância. Meus braços e pernas tremiam, enquanto as lágrimas banhavam o meu rosto, mas não conseguia parar de olhar.
Ele foi embora.
Mas eu era novo demais pra registrar tão bem o que tinha acontecido. A vida continuou como se nada disso importasse, mas tinha um lugar sobrando na casa. Um quarto vazio, que logo foi preenchido com qualquer coisa, mas sempre pareceria estranho.
Não demorou muito pra ser minha irmã mais velha. Constantemente humilhada e forçada aos padrões turvos de castidade que meus pais sonhavam, eles estavam como sempre impondo suas expectativas sobre ela. Palavras ferozes, xingamentos e reclamações. Controle sobre o corpo, as decisões e a vida... Lágrimas, gritos e mágoas que nunca voltariam no tempo.
