No começo da semana me senti um pouco aéreo, como se descobrir que gostava do meu vizinho, tivesse destravado os sentimentos dentro de mim. Agora, tudo que antes era normal e natural, parecia um sinal. Acordava ansioso pra vê-lo no corredor, antes de ir pro trabalho e ansiava pelo intervalo do almoço pra comer com ele e Arm. Todos os momentos juntos se tornaram ainda mais preciosos.
Mas o fato é que Off, continuava sendo Off. Mesmo que ele fosse carinhoso e se importasse, era algo que ele sempre fez e não só comigo. Todos os seus atos carinhosos e nossos momentos juntos, mesmo que eu tentasse muito diferenciar se ele sentia ou não o mesmo que eu, não conseguia. Pra alguém sem experiência como eu, isso bastou pra que a felicidade do começo fosse se transformando em dúvidas e inseguranças. Não gostava desses sentimentos e odiava que eles estivessem atrelados a Off, ele tinha sido meu porto seguro desde que recomecei a vida e não queria perder a nossa naturalidade.
À medida que a semana seguia, não tinha mais a gana de propositalmente causar encontros entre nós ou tocá-lo como antes. Porquê agora sabia, o motivo de ansiar por essas coisas. Me sentia até meio bobo.
Como se não bastante a confusão no meu coração, a segunda quinzena do meu trabalho começou muito estressante. Minha chefe costumava ficar no caixa pra mim no começo, mas como ela percebeu que eu poderia ficar e que era confiável. Ela simplesmente não ficava mais, apenas entrava na sua sala nos fundos e fazia coisas no computador e celular. O problema é que nem sempre vinha apenas um cliente por vez, pra que eu atendesse a pessoa e passasse suas compras no caixa. As vezes fazer várias funções não era fácil, pelo fluxo de pessoas.
Andei pesquisando na internet, querendo entender mais sobre vendas e realmente. A tendência é que a loja vá ficando cada vez mais cheia à medida que o fim do ano se aproxima. Esse era meu emprego precioso, que me permitia viver sozinho e ter certa liberdade. Liberdade não é de graça. Então me preocupava e pensava estratégias pra dar conta de tudo sozinho. Mesmo quando não tinham clientes, estava respondendo pessoas na internet ou mandando promoções aos clientes fiéis. Tinha que ser útil e continuar agradando minha chefe.
Nessa Quinta-Feira em especial andava devagar de volta pra casa, olhando as luzes da cidade ao redor, as conversas indiscerníveis ao redor e os cheiros das comidas de rua. Calçadas sem vidas de dia, ganhariam novos tons durante a noite. Repletas de barracas, com os cardápios mais simples e saborosos. Parecia algo tão natural, que acabei me aproximando. Com as mãos nos bolsos da calça Jeans olhei as comidas por cima da fumaça densa pela temperatura. Batata frita, pratinho, pastel, churrasquinho... As opções fizeram meu estomago roncar. Lambi os lábios pensando um pouco pra me decidir.
A fome me forçou a parar de enrolar e finalmente tomar uma decisão. De frente pra barraquinha de que vendia pasteis, olhei o cardápio pendurado ao lado. Então ao me decidir, sorri para o atendente que virava um pastel na grande panela de óleo fervente.
-Boa noite! Gostaria de um pastel de frango! - Pedi e ele sorriu pra mim.
-Na hora, chefe! É novo por aqui? Não acho que veio aqui antes! - Ele puxou conversa, encostei o quadril na barraca, olhando distraído enquanto ele pegava a massa e tirava a proteção plástica de um dos lados, abrindo-a sobre o balcão a sua frente.
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SHELTER
RomanceGun Atthaphan vivia atormentado pelas expectativas dos seus pais, que controlaram a sua vida inteira. Sua casa era preenchida por gritos e ofensas entre seus progenitores, que faziam com o que ele tivesse recorrentes dores fortes de cabeça. Um dia e...