Subir num ônibus, com uma mochila nas costas e meu violão na mão, me dava uma sensação surreal de nostalgia. Mas dessa vez tinha outra pessoa atrás de mim, com sua mochila bem maior que a minha. Sentamos no fundo do ônibus, do lado que faria sombra de acordo com o meu vizinho. Estávamos muito animados, assim que confirmamos tudo com a organização do parque, simplesmente pegamos nossas coisas e viemos esperar o ônibus. Off teve que pagar a minha passagem, porquê estava sem dinheiro trocado.
Não demorou pra que começasse a bocejar, pelo sono de ter dormido pouco. Acordar cedo não era um problema, fazia isso todos os dias pra ir pro trabalho, mas como fui dormir tarde por estar ansioso, não deu pra descansar o suficiente. Off compartilhou seu fone de ouvido comigo e me fez escutar o Álbum do Cazuza, chamado Exagerado.
Pra ser sincero nunca tinha encontrado alguém que particularmente gostasse tanto de MPB. Geralmente conhecia pessoas que conheciam aleatoriamente algumas músicas especificas e não algo como todos os álbuns em detalhes. Todavia, tenho que confessar... Era muito bom ouvir Off comentando sobre as músicas, ele era muito apaixonado pelas letras que Cazuza tinha composto o chamando repetidamente de poeta. Fui influenciado a admirar o cantor por causa da paixão com que meu vizinho falava dele. Cada melodia e palavra usada na lírica, parecia mágica aos meus ouvidos. Já conseguia até cantarolar alguns trechos e refrões de tanto ouvir, mas Cazuza que me perdoe, medieval II era muito melhor na voz de Off Jumpol.
Talvez essa seja a maior diferença de alguém que aprendeu sozinho e alguém que teve professores e amigos compartilhando o instrumento. Não tinham muitas referências na música brasileira pra mim, só ia escutando e aprendia uma aqui e uma acolá. Pensando nisso agora, sinto que preciso dessa base de pessoas pra admirar. Talvez por isso, sempre fiquei limitado a melhorar a maneira que toco cada música, procurando cada vez mais difíceis, mas nunca desenvolvi minha identidade musical ou ousei compor. Não tinha parâmetros, só sabia copiar.
A viagem demorou duas horas, mas por sorte os bancos eram confortáveis. Foi um caminho repleto de músicas conversas bobas e animadas. O lugar era muito maior do que imaginávamos, o cheiro de verde inundava tudo ao redor. Bancos e mesas de madeira maciça enfeitavam o lugar e várias barracas iguais, estavam armadas em sequência.
-Bem vindos! Vou levá-los a barraca que combinamos e mostrar o lugar! - Finalmente um dos guias nos disse. Nos levando pra dentro do espaço e nos levando pelas tendas ao nosso redor. Poucas estavam ocupadas, parecia que realmente não era a época pra acampar. Pensei rapidamente como seria divertido voltar aqui quando estivesse na temporada certa e com Arm e Tay.
Rapidamente ele nos levou até uma barraquinha azul escura com preto, relativamente menor que as outras. Do lado de fora estava instalado um fogão industrial de uma boca e na lateral tinham alguns utensílios sobre uma pequena mesa de madeira. Também tinham duas cadeiras de madeira, que pareciam perfeitas pra sentar e conversar mais tarde. Sorri achando tudo fofo. O guia chegou perto da barraca, seus passos ruidosos por pisar em folhas secas. Ele abriu o zíper e mostrou o interior. Franzi o cenho confuso. Dentro da barraca, tinha apenas um saco de dormir mais largo que o comum.
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SHELTER
RomanceGun Atthaphan vivia atormentado pelas expectativas dos seus pais, que controlaram a sua vida inteira. Sua casa era preenchida por gritos e ofensas entre seus progenitores, que faziam com o que ele tivesse recorrentes dores fortes de cabeça. Um dia e...