A liberdade em estender as roupas na varanda.

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Boa leitura 💜

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SHELTER

You Can Be My Drug

O ônibus 77 realmente foi pra longe, tão longe que não conseguia reconhecer nada ao meu redor. Foi a primeira vez que desci na linha final na vida e isso pareceu cômico de alguma forma, me arrancando um sorriso meio melancólico. A cidade já estava entregue à noite, apesar de não ser assim tão tarde. Haviam muitas luzes ao redor, o barulho de veículos e conversas que de tão misturadas chegavam sem sentido algum aos meus ouvidos. Suspirei, ainda com a adrenalina de ter estourado a bolha que me mantinha vivo e me matava lentamente.

Meio perdido, andei por algum tempo, observando tudo até minhas costas doerem com o peso do violão e das bagagens. Estava temeroso de que acabasse ficando realmente tarde sem ter uma ideia boa do que fazer, dessa forma poderia acabar sendo assaltado e não tinha tanta coisa assim pra começar, então um assalto seria suficiente pra acabar com tudo.

Sem muita experiencia de vida, entrei em um supermercado qualquer, onde sentisse que estava seguro pra usar o celular e procurei rapidamente algum tipo de hotel por perto. Ao mesmo tempo que procurava lugares baratos pra alugar pelas redondezas e me xingava mentalmente por não ter alugado algo antes de sair. Gastar dinheiro com um hotel não era uma saída inteligente por muitos dias, provavelmente mal conseguiria alugar algo por mais que dois meses com o dinheiro que tinha, imagina se começasse a gastar aleatoriamente assim.

Por sorte encontrei um lugar que pareceu barato em comparação aos outros, mas ele era um pouco longe. Sempre tendo morado na região metropolitana, desacostumado a toda aura desesperada da cidade, andei bastante, parando sempre que podia pra me localizar no GPS do celular, que já dava sinais de que a bateria ia acabar. Estava cada vez mais cansado, mas finalmente consegui chegar ao local. Minha cabeça latejava enquanto conversava com a recepcionista e não gravei nada além do número do meu quarto. Subi até lá e me joguei na cama.

Encarei o teto em silêncio, mesmo podendo me libertar do peso físico das bagagens e ter um teto sobre a minha cabeça por algumas boas horas, ainda tinham muitas coisas na minha mente. Uma pesquisa rápida foi suficiente pra que notasse que só conseguiria alugar algo por um mês. Primeiramente porquê não tinha apenas que pagar um aluguel ao entrar em algum lugar, mas um calção também. Coisa que nunca pensei direito sobre e nem lembrava que existia. Dessa forma a entrada em algum lugar, mesmo um barato, seria um golpe pesado nas poucas economias que trouxe comigo. Fora isso, como não tinha nenhum móvel, teria que procurar algum lugar ao menos um pouco mobiliado o que poderia aumentar muito o valor do imóvel. Pelo menos água e energia eu provavelmente só teria que lidar no final do mês o que me daria tempo nem que fosse pra vender minhas coisas.

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