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Depois de comerem e conversarem no café, Luca esperava que eles encontrassem seus pais na praça, mas quando chegaram lá não havia ninguém os esperando. Sua decepção deve ter sido muito aparente porque em instantes Alberto e Giulia surgiram com explicações absurdas.
—Talvez eles tenham tido uma infestação de águas-vivas na fazenda.
—Eu ouvi falar que o número de sardinhas aumentou recentemente. Deve estar difícil cuidar de todas lá.
Luca viu os amigos se entreolharem e riu da cena.
—Eu estou bem. - ele respondeu para acalmá-los.
Diferente de Alberto, Luca tinha mantido um contato mais próximo de seus pais.
Bem... o mais próximo possível.
As conversas variavam sempre sobre os negócios da fazenda, a vida de Luca na cidade, o desejo de se verem logo e as palavras "eu te amo" expressada pelos dois lados da conversa. Luca não tinha falado de seus problemas na faculdade para eles porque afinal o que seus pais poderiam fazer? Não era como se monstros-marinhos entendessem o sentido de tantos trabalhos e provas que o estressavam na maior parte do tempo. E o que eles pensariam se Luca dissesse que estava tendo dúvidas sobre o caminho que tinha escolhido depois de tanto tempo? Tanto dinheiro e dedicação jogados no lixo. Luca não queria decepcioná-los com isso.
— Nossa! - Alberto disse encarando o relógio da cidade. — Eu prometi ao Ciccio que o ajudaria no farol agora. Vocês querem vir?
— Claro! - Luca exclamou animado.
— Não é como se a gente tivesse algo para fazer. - Giulia deu de ombros.
— Ótimo! - Alberto sorriu pegando a mão de Luca e caminhando até o porto.
Luca não soube como reagir diante do ato tão descontraído de Alberto, mas ele sentiu uma leveza pela primeira vez naquela manhã. Olhando para trás, ele viu Giulia os seguindo com um sorriso travesso no rosto o que fez Luca corar. Ele se deixou ser arrastado pelo porto torcendo para que Alberto não se virasse e visse sua expressão de óbvia alegria.
No entanto, aquela sensação de conforto durou por pouco tempo, porque o garoto logo percebeu que Alberto não estava procurando um barco e sim se dirigindo diretamente para o mar. Ele queria que os dois mergulhassem!
— NÃO! - Luca gritou soltando-se abruptamente da mão do amigo. Ele não tinha ainda contado sobre sua situação.
O arrependimento surgiu em instantes quando ele percebeu o que tinha feito. Ele novamente tinha gritado com Alberto. Como da última vez que brigaram.
Aflito, Luca encarou Alberto preocupado com a reação do amigo, mas ao invés de uma expressão vazia e com raiva, o rapaz o encarava com um sorriso sem graça, mas seus olhos claramente demonstravam uma certa decepção.
— Desculpe. - Alberto disse coçando um braço. — Eu acho que me animei demais.
— Não, não foi o que eu quis dizer. Eu não queria... bem... Não foi de propósito e...
— Tá tudo bem, Luca. Eu entendo. - Alberto disse apertando o ombro do amigo para tranquilizá-lo. Ele logo se voltou para Giulia e disse: — Vocês conseguem seguir de barco até a ilha? O Guido trabalha num barco de turismo. Chama Santa Maria. Se não me engano, o turno dele está começando agora.
— Hã... sim... acho que conseguimos... -respondeu a garota sem graça.
— Ótimo. - Alberto abriu um pequeno sorriso e começou a andar novamente para o mar.
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Aquilo Que o Tempo Deixou
FantasyDeterminado a se dedicar aos seus estudos, Luca Paguro passou quatro anos de sua vida longe de Porto Rosso e, consequentemente, longe de Alberto. Diante do estresse em viver em uma boa universidade e manter suas notas altas, uma reação inesperada a...