˗ˏˋ 𝒪𝓉𝓉𝑜 ˎˊ˗

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Com a chegada de um novo dia, Alberto apareceu bem cedo na casa de Massimo com um snorkel e um par de pés de patos.

— Encontrei um jeito de você ver seus pais, Luca.

Luca mal terminou seu brioche e já levantou  da mesa indo até o amigo. Ele pegou os itens e um sorriso brotou em seus lábios. Ele já estava animado com a ideia implicada. Giulia também se divertiu, mas terminou de beber seu suco antes de correr para seu quarto.

— Vou pegar meu biquini! - ela avisou alegre.

— Espere meia-hora antes de entrar na água! - Massimo advertiu, mas não escondeu também o sorriso no rosto.

Luca viu um brilho nos olhos de Alberto com toda cena. Depois de ter dormido pelo que pareceu quase dez horas, seu amigo finalmente parecia ser quem Luca conhecia: o garoto com ideias brilhantes e sorriso confiante. Luca tinha que admitir que até ele mesmo se sentia mais como seu antigo eu. O fato de não ter tido pesadelos na noite passada era um dos sinais.

Mas um pensamento veio em sua mente que o inquietou.

— Eu não vou conseguir falar com eles, não é? 

— Não. - Alberto suspirou. — Para ser sincero, eu não sei nem se você vai conseguir ouví-los. Nunca tentamos conversar com humanos na água.

Eles nunca tinham precisado antes. 

Para falar a verdade, Luca se preocupava que sua mãe poderia tentar subir para a superfície e virar humana para cuidar dele. E se ela fizesse isso, seu pai seguiria junto. 

Ontem a noite, Alberto tinha lhe contado como as coisas estavam tão caóticas no fundo do oceano quanto em Porto Rosso. Famílias estavam sendo separadas e o medo de chegar a metros da superfície tinha feito com que pais e mães mantivessem um constante olho em suas crianças dentro das cavernas. Seus pais tinham sido um dos poucos fazendeiros com ainda um certo controle sobre produção de alimentos e, se eles desaparecessem, os monstros-marinhos iriam precisar recorrer a caça de peixes, aumentando as chances de passarem fome ou serem pegos despreparados por uma corrente marítima.

 — Eu conversei com sua mãe agora a pouco. - Alberto falou quase como se conseguisse ler a mente de Luca pela expressão em seu rosto. — Ela sabe dos riscos e falou que vai ter cuidado. Ela só quer ver se você está bem.

Luca assentiu com um pequeno sorriso. Ele sabia que era um bom plano. Era o melhor plano possível dado a situação que eles estavam lidando. E por isso Luca disse para si mesmo que aquilo deveria ser o suficiente. Ele não tinha o direito de reclamar por ter não poder falar com seus pais quando tinha tido milhares de chances no passado e não usado nenhuma.

Aquilo era bom. Aquilo era o suficiente.

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Eles pegaram emprestado o barco de Ciccio para a tarefa. O rapaz tinha voltado para casa e não precisaria dele até seu pé melhorar.

Além dos itens mostrados na sala de jantar, Alberto também tinha conseguido uma corda de vinte metros, uma lanterna, uma máscara, óculos de mergulho e um tanque de ar pesado que serviria para uma ou duas horas de mergulho. O ideal seria ter trazido um outro kit para Giulia, mas haveria tanta tralha que seria impossível colocá-la num barco com os três juntos. Mesmo que Alberto pudesse mergulhar, eles ainda precisavam sair e chegar juntos para não levantar suspeitas nos humanos alheios à existência de monstros aquáticos.

A ideia de ficar sozinha no barco não pareceu agradar Giulia porque, no lugar de seu biquini, ela surgiu com um vestido simples azul que Luca sabia que ela o tinha reservado para um evento especial. 

Aquilo Que o Tempo DeixouOnde histórias criam vida. Descubra agora