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Quase causo um acidente ao entrar bruscamente na avenida e acelero com tudo.
-Beleza, abre o jogo!! Por que a Sara foi sequestrada? - pergunto pra Stephanie.
-Ela foi capturada! - Stephanie me corrige.
-Dá na mesma! - eu respondo.
-Não, não dá na mesma. - ela me remenda.
-EU SEI!!! - eu grito puxando o freio de mão e virando pra direita, entrando em um beco e parando em seguida. Percebo que ela estava cabisbaixa por minha causa e que devia consertar a situação, mas no momento, eu só queria tê-la de volta.
-Me desculpa por ter gritado… eu sou um idiota!! - peço desculpas a ela.
-Tudo bem… acho que no seu lugar eu faria o mesmo.
-Mas eu não devia ter gritado contigo… - eu digo tentando consertar a situação.
-Acha que eu ia ficar triste porque você gritou comigo? - Stephanie rebate. - Eu não sou assim… não mais.
-Entendi! - respondo. Em seguida, entra uma moto logo atrás, com dois caras.
-Estamos na parte sul? - Stephanie me pergunta.
-Sim, eu acho… perai! - eu saio em uma rua pra ela poder ver as placas.
-Merda, saí logo daqui!! - Stephanie diz após ver uma placa.
-Ok! - eu viro a esquerda e sigo a orientação de uma placa, que levava para o norte. Dois carros pretos vem na minha direção pela frente, mas meio separados.
-Se segura! - digo virando o volante pra esquerda e puxando o freio de mão; o carro para e eu engato a ré.
-Já entendi! - diz Stephanie abrindo sua janela e atirando no motorista, que desvia pra direita e me ajuda a passar no meio deles.
-ISSO! - eu grito virando pra direita, colocando o carro no sentido certo. - Logo mais saímos daqui!!
-Mas ela está pro outro lado! - Stephanie diz.
Eu respiro fundo e digo: "Que se dane!". Eu puxo o freio de mão e faço o retorno, mas não acelero.
-O que você tá fazendo?? - Stephanie pergunta perplexa.
-Você confia em mim? - respondo com outra pegunta.
-É preciso! Você é meu colega de trabalho! - ela me responde.
-Tá, segura aí!! - digo engatando a ré e acelerando. Os dois carros pretos vem atrás de mim.
-Tá legal, hora de testar seu poder!! - paro de acelerar e engato a primeira marcha. Rapidamente, o carro arranca na outra direção passando novamente pelos dois capangas.
-Amadores… - digo engatando a segunda marcha pouco antes de um caminhão atingir a traseira do meu carro me fazendo capotar. Paramos ao bater em alguns carros estacionados.
-Você tá bem? - Pergunto agonizando.
-Eu tô, não sou de papel! - ela responde soltando o cinto e saindo pela porta. Eu olho pra ela dando a volta para me ajudar, soltar meu cinto e me tirar do carro.
Antes de desmaiar, vejo um Dodge Charger '11 branco parando ao nosso lado, Stephanie me coloca pra dentro no banco de trás e se senta no da frente. Quando olho a motorista pelo retrovisor interno, eu desmaio já incapacitado. Era Sara.
Alguns segundos depois, começo a ouvir a conversa das duas, mas continuo com os olhos fechados.
-Ele estava muito preocupado, sabia? - Stephanie diz. - ele estava desesperado, bateu no Henry e…
-Me deixa explicar?? - Sara diz interrompendo ela. - Eu não consegui falar pra ele que tem um tempo que eu sinto que não estava pronta, tinha que ter dito pessoalmente… mas tava com medo da reação dele…
-Quer que eu fale pra ele? - Stephanie pergunta querendo ajudar.
-Sim, por favor. Mas se ele perguntar onde eu estou, diz que fui fazer uma operação internacional. - Sara diz parando o carro. Stephanie saí e me tira do carro, me arrasta até uma casa. Arrisco abrir os olhos e vê-la partir, e aquilo doeu…
Quando ela me coloca no sofá, eu finjo acordar e agir como se estivesse desmaiado toda a viagem. Ela me faz uns curativos e diz que uma amiga dela nos ajudou e tudo mais.

"Essa mulher mente bem!"
- penso comigo. Me dou conta que é a minha casa e me levanto. Cambaleante, sigo até a garagem e a vejo como eu a deixei.

-Você ama mesmo esse carro, né? - Stephanie pergunta e se recosta na porta.
-Sim… é como se ele me entendesse - respondo andando ao seu redor. - é como eu e ele tivéssemos um vínculo especial.

Pego a chave e entro dentro dele, coloco o cinto e ligo. Stephanie faz o favor de abrir o portão pra mim.
-Fica a vontade aí! - Digo cantando pneu pra fora da garagem.
-Mas eu tenho que… - ela começa a falar, mas para. - ah, ele nem vai me ouvir.

Eu faço as curvas daquela estrada num traçado magnífico, e entro de uma vez na Shoreline hwy no trecho que passa entre Tamalpais Valley e Almont, no sentido San Francisco. Vejo um Porsche 911 cabriolet entrando na mesma faixa que a minha, me forçando a diminuir.
-Mas que p… começo a dizer, aí ele acelera. - Ué, não entendi.

Ele gesticula para eu "vir" e acelera mais, eu reduzi para a 4ª marcha e o carro diminuiu bruscamente.
-Eita, errei! - digo acelerando pra buscar ele e uma foto se desprende do santantônio do carro, eu a seguro e a olho. - Não é possível… não…
Eu reduzi ainda mais, jogo a 3ª e acelero; um  amarelo apareceu na minha frente, mas ainda estava longe.

Para a minha felicidade, ele vira a direita, continuando na Shoreline. O semáforo fecha e eu corto caminho pelo posto de gasolina, ficando quase que colado na Porsche.
-Ora ora, olha só o que temos aqui… - eu digo acelerando pra ficar perto dele. De repente, um Charger '11 branco passa do meu lado com velocidade pouco superior a minha, a motorista olhava para mim.

Eu devolvo o olhar e ela acelera.
-Sara… - falo para mim e saio de trás da Porsche para ir atrás do Charger.
-Felipe? - Sara pergunta através do nosso walkie talkie.
-Sim… - respondo.
-Como sabia que eu ia passar aqui?
-Eu não sabia, tava correndo com aquele Porsche amarelo… tinha até desistido de ir atrás de você depois que ouvi a sua conversa com a Stephanie no carro…
-VOCÊ OUVIU? - ela pergunta sem acreditar.
-Claro que eu ouvi. Alí eu soube que eu não poderia fazer nada, só deixá-la ir…
-Entendi… e-eu não consegui falar! - ela afirma chorando e acelerando mais.
-Sara? SARA? - grito acelerando pra não perder ela de vista.

E de repente aquilo virou uma espécie de "corrida por resposta", onde eu estava correndo atrás, de fato. Ela entrou de traseira no acesso *que ia para o centro de San Francisco.*
-Errou de novo! - Falo para ela ao passar por Sara, que reduziu bastante para não acertar a traseira na mureta.
-Engraçadinho! - Ela me responde me acompanhando em uma acelerada.
-Uou… onde conseguiu esse carro? - pergunto curioso.
-É um acordo interessante, eu diria… - ela responde com um tom que eu já conhecia.

Um pouco mais a frente, ela acelera e toma minha frente.
-Espero que eu te veja de novo… - eu digo em um tom meio triste.
-É… eu também… - ela me responde acelerando mais ainda.

Com a mente congestionada, nem me dei conta que já havíamos passado de Marin city e chegando em Rodeo Trailhead, onde entrou uma ferrari F50 GT bem atrás de mim. Sara diminuiu consideravelmente e eu me aproximei dela, com a Ferrari na minha cola.

Andamos em fila até que a Ferrari me passou e jogou em cima de mim, eu reduzi e ela acertou a traseira de Sara (que estranhamente diminuiu para que provavelmente isso acontecesse) e ela saiu rodando em direção a saída da rodovia para a Spencer ave e a Morning Sun Trailhead.

Ela recupera o controle e segue seu caminho, a Ferrari também acelera. Eu reduzo para a 4ª marcha e colo nela.
-VOCÊ NÃO VAI SE LIVRAR DE MIM FÁCIL, BABACA!! - eu exclamo e ameaço a ultrapassagem pela direita, mas ela me fecha.

Nessa brincadeira, já tinhamos passado do túnel Robin Williams. Estava emocionante, mas eu não estava dando tudo de mim(consequentemente, nem meu carro)
-Eu cansei dessa brincadeira!! - eu coloco do lado da F50 GT e acelero até o limite, e depois jogo a 6ª marcha passando de vez a mesma.

-Parabéns, garota! - eu digo entusiasmado com o carro!
-É, devo tirar o chapéu pra você… você sabe o que faz atrás do volante. - uma voz feminina atravessa meu walkie talkie.
-Quem é você?? - pergunto olhando pelo retrovisor.
-Seguinte, eu não quero gastar meu tanque de nitro pra te passar, então pega a próxima saída, por favor?? - ela me pede séria. - vamos para Lime Point.

Pegamos a saída para Alexander ave no sentido da Conzelman Rd. Ela me passa e me conduz pelo caminho.
-Tem sorte que eu não sei onde é… - digo logo atrás dela.
-Não seja por isso!! Eu quero ver do que você é capaz! - ela responde em um tom provocante. Chega uma mensagem em meu celular com o endereço.

Mas eu sabia onde era… e ameaço uma ultrapassagem em uma curva meio fechada.
-Você sabe onde é, né? - ela me pergunta desacelerando, como se ela quisesse que eu chegasse primeiro. Claro que eu não perco tempo e a passo logo.
-Vejo você lá, seja lá quem você for…

Race To The Danger 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora