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Sara com a ajuda de Stephanie me colocaram no carro e correram pro hospital mais próximo. Ele ficava a 8 milhas de Sausalito.
Stephanie comigo em seu peito me mantinha animado.
-Vai ficar tudo bem, Felipe. - ela dizia segurando muito o choro.
-Vai… vai sim… - eu respondo agonizando.

Sara não dizia uma palavra; estava concentrada, ou refletindo sobre o que aconteceu. De repente, o celular de Stephanie toca.
-Alô?
-Filha, me desculpe por isso! Eu não sei o que me deu… na hora eu fiquei com raiva e…
-Pai, tá tudo bem! - ela interrompe de uma forma ignorante. - Eu não quero conversar agora!
-Eu quero! - digo pegando o telefone. - Houston?
-Oi rapaz, me desculpe por isso.
-Tudo bem, senhor… - tento acalma-lo.
-É culpa minha você estar aí. Eu vi a minha filha chegando naquele carro e não pensei duas vezes. Eu… eu só queria protegê-la.
-Senhor, está tudo bem!! O tiro não foi letal. E eu quero que saiba de uma coisa…
-Diga, meu jovem! - ele fala em um tom mais tranquilo.
-Olha, eu jamais faria nada com sua filha sem o consentimento dela. Ela é uma mulher forte, inteligente e de atitude. - olho pra Stephanie, que abaixou sua  cabeça pra me olhar nos olhos.
- Não sabia que você achava isso de mim… eu…

Sara puxa o freio de mão e o solta depois de dois segundos, entrando de lado na Van Ness Ave em sentindo ao CPMC Van Ness Campus. Em pouco tempo, ela para em frente a entrada do pronto-socorro. Stephanie sai do carro me carregando no estilo muleta humana e de prontidão vem uma equipe com maca e tudo. Me levam pra cirurgia.

-Fala pra ela que eu agradeço! -digo a Stephanie antes de entrar pra cirurgia.
Ela acena com a cabeça e observa a porta se fechar depois do último cirurgião entrar.

Os cirurgiões preparavam tudo para a cirurgia e ao mesmo tempo me tranquilizam por causa da dor.
-Nós vamos fazer a cirurgia de remoção, pode ser que demore por conta da delicadeza. - disse a anestesista aplicando a anestesia em mim.

Começo a sentir sono e logo adormeço, após alguns segundos as imagens começam a aparecer na minha cabeça... eu estava ajoelhado, acorrentado vendo tudo ao meu redor desmoronar; se destruir. Meus amigos sumindo; meu emprego se desfazendo; Henry estava mais ao canto, debochando muito de mim. De repente, Sara aparece na minha frente também ajoelhada.
Seus olhos estavam com uma expressão triste, depressiva... como se ali na nossa breve troca de olhares, houvesse uma espécie de "aceitação".

-S-Sara... eu tentei... - eu disse a ela, também chorando.
-Tá tudo bem... tá tudo bem... - ela responde acariciando meu rosto com as duas mãos.- eu já aceitei...
-Aceitou o quê? - pergunto antes de o Mafioso aparecer com um fuzil de assalto atrás dela. - NÃO, NÃO NÃO.
-Fê... por favor... não adianta mais! - ela dizia ainda acariciando meu rosto, em uma tentativa inútil de me traquilizar. - só... fecha os olhos, ok?
-NÃO, EU NÃO ACREDITO NISSO, NÃO PODE SER REAL, NÃO PODE, EU NÃO QUERO QUE SEJ... - eu dizia antes de ela tampar minha boca com uma das mãos, e com a outra ela fechou os meus olhos. Eu recuei a postura, de certa forma, também aceitando...

Ouço o som do rifle sendo engatilhado e logo em seguida, O Mafioso atira. Com os olhos ainda fechados, ouço ela cair no chão; as correntes que me amarravam somem e eu me lanço ao seu corpo, que mesmo com um tiro na parte de trás da cabeça, estava vivo... vivo? Àquela altura, nada fazia sentido.
-Não... eu falhei... Sara... Sara  me perdoa? - digo chorando de novo e segurando ela em meu peito.
-Não esquenta... - ela vira meu rosto em direção as suas pernas, que estavam sumindo. - Eu sinto que você tem uma longa jornada sem mim agora...
-Não... - eu digo abraçando-a forte.
-Você não pode evitar, eu não posso evitar. Mas tá vendo aquela garota? - ela aponta para Stephanie, que de alguma forma eu via fora do meu sonho, sentada na cadeira ao meu lado.
-Tô? É, eu tô, mas o que tem ela? - pergunto confuso.
-Vocês vão me achar, por isso eu tô sumindo agora... - ela explica o motivo de ela estar sumindo. - você vai acordar; ficar zonzo por conta dos anestesicos, mas depois você vai entender, e vai me achar... até mais tarde!
-SARA, NÃO! - grito pouco antes de ela me olhar pela ultima vez.

E como era de se esperar, ela sumiu e tudo ficou escuro novamente... até que eu vi uma luz, e senti um toque em minha mão esquerda.
Acordei lentamente e vi Stephanie segurando minha mão, de pé, me esperando.

-Ele acordou! - ela diz à enfermeira.
-Boa tarde, senhorita Houston! - um dos médicos responsáveis pela cirurgia disse a ela. - somos a equipe responsável pela cirurgia dele. Não foi fácil, mas conseguimos.
-Quando ele vai voltar ao normal? - Ela pergunta se sentando ao meu lado na cama.
-Em um dia, mais ou menos. - ele responde. - mas devo avisá-la que ele não vai poder fazer esforço por alguns dias. Uns 15 dias, no mínimo!

Eu olhava tudo ao meu redor lentamente, mas os olhos se esforçavam pra se manterem abertos. Stephanie começa a acariciar meu cabelo, me fazendo sentir sono de novo.
-Alô? Pai? - Stephanie atende o telefone. - Não, eu vou levá-lo pra casa pra ele se recuperar um pouco e depois eu vou pra delegacia. Ok? Tchau, pai.
Ela desliga o telefone e eu aponto para a chave no bolso dela.
-Ah, isso? - ela pergunta colocando a chave totalmente no bolso. - é a chave do carro que eu peguei! Amanhã eu volto, ok?

Ela volta a fazer carinho no meu cabelo até que eu durma novamente; não demorou muito e eu já estava sonhando. Mas esse sonho foi diferente: eu andava pela Golden Gate; tudo estava normal. Era um fim de tarde muito bonito e estava quase anoitecendo; vejo alguém longe, encostada em um carro de cores familiares. Corro em sua direção e era quem eu imaginava ser.
-Oi, Sara... - digo a ela ofegante da caminhada. - quem diria que eu ia mesmo te encontrar.
-É, você me encontrou! - ela me responde mantendo sua postura, evitando me olhar para admirar os minutos restantes de por do sol.
-Desculpa a demora, eu fiz o melhor que eu pude pra ser rápido... mas aqui estamos. - encosto no carro ficando ao lado dela.
-Eu agradeço por tudo. Sério, eu sabia que poderia contar com você desde que eu te achei em Los Angeles! - ela diz finalmente me olhando. - você sempre se mostrou companheiro!

-Ora... eu fiz o que qualquer amigo faria! - digo olhando e evitando olhá-la por muito tempo.
-Sério, vender a coleção de carros pessoais pra custear minha estadia no hospital? - ela diz olhando para o carro que estavamos encostados.
-Sim. Ter 23 carros não iria fazer diferença se eu tivesse te perdido... - continuo. - eu nem pensei no quanto eu amava cada carro daquela coleção... eu só pensei: "tenho que mantê-la aqui. Tudo isso eu recupero depois!"
-Mas poxa, você amava aqueles carros. - ela diz ainda olhando o por do sol.
-Eu amei mais você... - digo olhando-a, a mesma me olha surpesa. - Desculpa... não devia ter dito isso.
-Tudo bem... - ela diz me entendendo.
-Não, eu não devia! Mesmo... é que eu não quero que...
- Ei! - ela diz ficando na minha frente e me empurrando contra o meu carro. - tudo bem...

Eu perco as palavras quando ela fez aquilo. Mas eu precisava terminar:
-É que eu acho que eu me precipitei em ter pedido você em namoro tão cedo, sabe? - ela abre a boca pra falar, mas se contém e eu continuo - eu acho que fui rápido demais... mas eu também não tava pronto e...
-Fê... eu também não devia, mas aconteceu. A gente não pode mudar o passado! - ela me interrompe.
-Não, não podemos... mas, sei lá... foi tão... - eu falo entre pausas.
-Real? - ela diz me olhando nos olhos, coisa que eu tava evitando.
-É. Real! Era essa a palavra que eu... por quê que você tá me olhando assim? - pergunto nervoso.
-Nada... - ela me responde, ainda me encarando.

Ela disse que não era nada, mas aqueles olhos me olhando daquele jeito... eu não pude evitar de olhar para eles; até que ela chegou perto e fechamos os olhos... e quando eu abri os meus pra ter a visão vislumbre dela com a cabeça em meu peito admirando o por do sol, acabo por acordar na triste realidade em que eu estava: deitado na cama de hospital.
-É Sara... era real demais! - digo a mim mesmo indignado por ter acordado na melhor parte do sonho.




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