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Meus olhos se abrem. O despertador toca ao meu lado, deixando minha cabeça gritar por ódio. Pego meu celular em cima da bancada e desligo. Olho em volta ao meu quarto vazio e simples.

Me ergo me levantando da cama, indo em direção a cozinha colocando já água quente na panela, para fazer o café do Juan. Sigo em direção a geladeira e pego dois ovos. Meu café da manhã é mais reforçado, não me alimentava direito o dia todo por conta do trabalho e da faculdade. Juan por si gosta de comer cereais as manhãs, os que eu compro são de uma loja de conveniência aqui do lado, além de ser o que ele gosta é barato.

Os dias estão sendo puxados, com a faculdade, hospital, dois trabalhos em lugares diferentes e buscar o meu irmão na escola, por fim ir ao terceiro trabalho no turno da noite.

Está tudo tão cansativo. Não falo isso de boca para fora, sinto que algum momento o cansaço vai tomar conta de mim e me levar por inteira. A prova disso são minhas olheiras que nem o corretivo consegue mais disfarçar.

Dormir ontem a noite foi difícil, tudo culpa do Mikey. O Juan ficou tão eufórico em ter visto ele que não parou de dizer seu nome. Colocar aquela criança para dormir nunca foi tão trabalhoso.

Mas eu não vou julgar, comigo foi a mesma coisa. Não consegui dormir com as lembranças na minha mente, não caiu a ficha que isso realmente aconteceu.

São tantos afazeres na minha mente, mas a única coisa que eu quero focar é no bendito nome que não escapava.

Dou um sorriso fraco com os meus pensamentos, mas os expulso rapidamente. Pego a laranja e vou espremendo para deixar no lanche da escola do Juan. Paro de espremer e pego um para limpar as mãos, ando até o rádio em cima da mesa e o ligo. Esse rádio eu tenho desde que eu morava no México, o modelo antigo dele me faz lembrar as belas lembranças de quando eu encontrava minha mãe na cozinha escutando Pedro Infante.

Pude reconhecer de longe o ritmo de Echame a Mi la Culpa, de Gabby Villanueva.

"Sabes mejor que nadie que me fallaste."

Meus lábios começam a tremer, eu olho a cozinha em volta e pude enxergar a figura de minha mãe e eu, ao som da batida ela me chacoalhava e me girava ao seus braços.

— "Nube de tu memoria me borre a mi."

Abraço meu próprio corpo e me balanço a melodia.

Cantando a música em meus lábios, eu vou adiantando as coisas que eu tenho que fazer. Pegou a lancheira da escola do Juan no armário acima e ponho os dois lanches que tinha guardado no armário. Guardo o suco em uma garrafa protegida e outra guardo água. Coloco um ladinho que tem um bolso escondido trinta ienes para caso se precisar ele utilize.

Ainda cantarolando a música que tocava, eu utilizava meu corpo nos movimentos, nem tinha percebido que eu dançava na cozinha enquanto fazia as coisas.

— Mi hermana esta muy loca! - Escuto uma voz fina do outro lado e me viro para ver quem é.

— Juan! - Paro de dançar e desligo o rádio. — Que milagre que acordou sozinho.

— Já estou mocinho. - Dá ombros e um sorriso sapeca.

— Mocinho? - Vou me aproximando devagar. — Quero ver o mocinho!

Em alta velocidade, manjiro sanoOnde histórias criam vida. Descubra agora