Em alta velocidade, manjiro sano

25

Nada em minha volta fazia sentido, me sentia traída. Por meus pais, pelo Mikey...

— Pai? - As palavras saem em sussurro.

— Rosa... - Mikey tenta se aproximar de novo.

— Não chegue perto, moleke. Não vou deixar você estragar o que eu comecei.

Não fazia sentido. Por que? Não mereço ser castigada dessa forma.

Não aceito.

Não aceito.

Não aceito.

Não aceito.

Não aceito.

Eu mereço ser feliz.

Eu grito e quando eu percebo, o homem que me segurava se encontrava no chão com os olhos arregalados. A arma que tinha em suas mãos agora estava nas minhas. Sentia raiva, raiva de todos à minha volta.

Inimigos? Mikey é o meu inimigo?

— Eu não tenho nada haver com sua vingança estúpida. Você já matou os meus pais, isso já não basta?

O homem ao chão ria, descontroladamente.

Sua risada ecoava em minha cabeça e eu sentia nojo. Me sentia nojenta. Precisava dar um fim nisso.

Atira.

Atira.

Atira.

Atira.

Era isso que minha mente pedia, mas eu não podia deixar ela me controlar novamente.

— Cala boca! - Atiro no chão ao seu lado.

Olhava aquela sala inteira. Os olhares de pena, eu não conseguia olhar para o Mikey. Precisava sair dali.

Corro apressada pelo lugar que o Mikey saiu e vi que estava sendo seguida.

— Rosa! - Mikey gritou.

Não parei.

— [Nome] - Mikey me chama pelo nome e segura meu braço.

— Me larga! - Não olho nos seus olhos.

— Olha para mim.

Recuso.

— Por favor Rosa, olha para mim.

Recuso novamente, com as lágrimas que desciam descontroladamente em meus olhos.

— Me desculpa, por ele.

— Seu pai matou os meus pais. - Finalmente olho em seus olhos. — Você me seduziu até aqui, era tudo parte de um plano?

— O que? Claro que não! - Coloca suas mãos em volta do meu rosto. — Não diga isso e não pense nunca mais.

— Mikey...

Não sentia mais nada. As lágrimas que saiam em meus olhos pararam de descer e tudo o que eu sentia era ódio.

Então tudo aquilo que evito tomou conta de mim novamente.

— A gente precisa conversar. - Mikey diz.

Impostor.

Me solto de seus braços bruscamente e Mikey me olha assustado.

Todos eles são iguais. Não bastam de um fingimento.

— Está na hora do meu troco.

Saio de volta daquela sala onde o homem que matou meus pais era segurado pelos amigos de Mikey e a arma que continuava em minhas mãos, miro nele e atirou em sua perna, fazendo todos em sua volta saírem e apontarem seus armamentos em mim.

— Não atirem nela! - Escuto uma voz familiar.

Flora?

Não me viro para conferir, meus olhos vibravam nele, naquele homem que nem sequer sabia o homem. O causador de todo meu sofrimento.

— Que el diablo te acompañe - Atirou, sem piedade, e não só uma vez, várias, para suprir todas as dores que sofri.

Não me importava se ele era o pai do homem que gostava, ele era o assassino de meus pais e o propósito de minha vida era a minha vingança, por mais que eu fugisse, não podia deixar que meus pais fossem mortos sem uma revanche.

Eu não escutava nada em minha volta, só olhava o corpo caído e o sangue em sua volta.

Tudo que eu mais queria era uma abraço de Juan. De minha avó. De meus pais.

Só queria me sentir em paz.

E porque isso não aconteceu quando eu atirei nele?

Um abraço me rodeia e pelo calor do seu abraço eu vi que era a Flora.

— Estou aqui contigo. - Sussurrou. — Vamos embora desse lugar.

Atrás dela eu via o corpo de Mikey, ele não me olhava e sim olhava o corpo de seu pai caído atrás de mim. Não via reação em seu olhar, mas suas mãos se apertavam.

Então sim, uma lágrima do meu olho caí.

São as coisas que mais amamos, que nos destroem.

Eu o amo e demorei para perceber isso. E tudo o que eu fiz foi matar seu pai em sua frente sem piedade.

Não me arrependo, mas porque me sinto tão destruída por dentro?

— Juan.

— Está bem, só vamos sair daqui. - Afasta do abraço e começa a me puxar para fora daquele lugar.

Mikey não olhava para mim e eu implorava por seu olhar, eu implorava para que ele impedisse a Flora de me arrastar para longe. Eu implorava que ele falasse que me amava tão quanto eu amo ele. 

Olha para mim!