Do grito ao silêncio

217 33 13
                                    

(Calliope Torres)

Acordo no outro dia sentindo o meu corpo inteiro doer como se um caminhão tivesse me atropelado, tateio a cama com as mãos a procura de Mark e fico surpresa quando percebo que ele já não esta dormindo. Meus olhos reclamam da luz solar que invade o quarto pela janela, saio a procura de Mark prevendo que ele deve estar de ressaca. No corredor dos quartos percebo que fui a última a acordar já que todas as portas estão abertas e os quartos vazios.

-Bom dia! _Encontro Érica debruçada sobre a bancada agarrada em uma xícara de café.

-Fala baixo. _É só o que a loira me responde. Olho ao redor a procura de meu marido, mas ele não parece estar em lugar algum.

-Você viu o Mark?_Sento no banco ao lado da loira.

-Vi... mas acho que ele acordou com o pé esquerdo, não deu uma palavra enquanto fazia o café, encheu um copo e saiu. _Ela bebe um pouco do café que tem em seu copo. -Quer saber? eu acho que gosto mais dele assim. _Ela fala sarcástica.

-Como assim saiu? saiu pra onde?_Questiono preocupada.

-Callie querida, eu não sei onde esta a minha esposa, você acha que vou saber onde esta o seu marido?_Ela fala com um sorriso debochado nos lábios. Eu reviro os olhos.

-E a Sofia? será que a vossa majestade viu a Sofia?_Começo a perder a paciência.

-Voltou pra Seattle, foi comprar as  flores. _Eu levanto do banco ao lado da mulher, para me servir um pouco do café. -E antes que você pergunte sua amiga alegrinha foi junto. _Ela levanta do banco e sai da cozinha levando junto a garrafa de café.

Passei quase que toda a manhã sozinha em frente a casa, esperando que Mark voltasse. Já fazem horas que estou aqui e meu estômago começa a reclamar de fome. 

-Se você esta ai fora para que eles voltem mais rápido, preciso te dizer que não vai adiantar. _Érica aparece na porta. Mas se você esta ai para não ficar sozinha comigo, pode ficar tranquila que eu não vou te morder. _Ela fala bem humorada me fazendo rir. -E eu fiz macarrão!

-Você na cozinha?_Caminho em direção da loira com um sorriso debochado.

-E eu não queimei nada.

Chegamos a cozinha, eu me sento a frente de Érica que esta do outro lado da bancada. Ela serve os dois pratos a minha frente.

-Vamos lá agora é a hora da verdade. _Ela me olha apreensiva.

-Okay, você vai comer primeiro para eu ter certeza de que não esta envenenado. _Nós duas rimos juntas.

-Tá vamos ao mesmo tempo então. _Érica diz erguendo o garfo, eu concordo, nós levamos os garfos a boca e cuspimos a massa simultaneamente.

-AII MEU DEUS!! ISSO ESTA HORRÍVEL!! _Érica e eu entramos em crise de riso, ficamos ali com os olhos lagrimejando de tanto rir.

-Oo..Okay. _Ela fala tentando normalizar a respiração. -Mas eu ainda estou com fome.

-Não olha pra mim, eu literalmente faltei em todas as minhas aulas de culinária doméstica, só sei fazer ovo mexido. _Falo ainda rindo do gosto horrível que tinha o macarrão.

-Ah, eu vou aceitar seu ovo mexido com toda certeza. _A loira me faz levantar do banco, me empurra até o fogão e eu acabo por fazer os ovos.

-Talvez eu esteja com muita fome, mas esses são os melhores ovos mexido que eu já comi. _Comemos os ovos juntas, um prato, dois garfos e eu rio da loira enquanto ela fala de boca cheia.

Dentre todas as coisas estranhas que me aconteceram nos últimos dois dias esse momento leve com a Érica foi com certeza o mais estranho. Eu só paro de olhar para a loira quando percebo Mark em pé na divisória da porta, noto que suas roupas estão molhadas de suor.

Promete que vai ficar? Onde histórias criam vida. Descubra agora